quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

TUDO A SEU TEMPO[1]

 


Miramez

 

Por que não ensinaram os Espíritos, em todos os tempos, o que ensinam hoje?

Não ensinais às crianças o que ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não possa digerir. Cada coisa tem seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas que os homens não compreenderam ou adulteraram, mas que podem compreender agora. Com seus ensinos, embora incompletos, prepararam o terreno para receber a semente que vai frutificar.

Questão 801 / O Livro dos Espíritos

 

Em todos os tempos os Espíritos do Senhor ensinaram aos homens o que deveriam ensinar, mas obedecendo à gradatividade da escala espiritual a que pertenciam. Deus é amor, e não abandona ninguém, nem mesmo os animais. Todos os mundos que circulam no espaço cósmico estão sob a proteção do Criador. Nada se faz sem a Sua vontade e, para tanto, Ele criou leis imutáveis e naturais.

Claro que os Espíritos não ensinaram aos homens do passado o que ensinam hoje, porque eles não estavam preparados para receber a verdade que pode ser dita nos momentos atuais. Os benfeitores ainda têm muita coisa a dizer para os seres humanos, bastando que o amadurecimento dê ordem para tal aprendizado.

Não se pode ensinar às crianças o que se ensina aos adultos. Enquanto a humanidade permanecer na faixa de crianças espirituais, somente receberá instruções que o seu porte puder suportar. A Doutrina dos Espíritos vem nos ensinar essa regra áurea para os profitentes da fé se submeterem à gradação do aprendizado. Podemos verificar que muitas pessoas, inclusive muitas com bom nível intelectual, não toleram o Espiritismo, ao passo que criaturas simples o abraçam com todo amor e assimilam seus ensinos com facilidade. Isto é fácil de ser entendido: é que uns vêm em uma linha evolutiva mais para o desenvolvimento intelectual, olhando mais para a Terra, e os outros, pendendo para as sensibilidades espirituais. Um e outro certamente vão se encontrar, desenvolvendo dons que trazem o equilíbrio da própria vida.

A Doutrina dos Espíritos convida as criaturas para um aprendizado completo da ciência com o amor, e novos véus de entendimento se abrem para as almas que estão amadurecendo nesse sentido. Os Espíritos do Senhor, desde os primórdios da humanidade, vêm ensinando-lhes as coisas que ela pode assimilar, sem exigências e como que dando alimento que ela possa absorver com facilidade. Isso é força da justiça.

A missão de Jesus é, em futuro próximo, fazer o homem morrer para a lei; ele não precisará mais delas, por tê-las vibrando dentro d'alma, por não precisarem de disciplina exterior, por serem homens educados em Cristo. Vejamos o que Paulo nos diz a esse respeito, em sua carta aos Gaiatas, no capítulo dois, versículo dezenove:

Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com o Cristo.

Aquele que se integra no Cristo, obediente às leis naturais, morre para as leis humanas, por ter conhecido a verdade e se tornado livre. Este será um Espírito-luz, e por onde passar brilhará a luz de Deus.

Quando aparecem ensinamentos na Terra, fora da capacidade de assimilação dos homens, eles adulteram esses preceitos, e mesmo na adulteração recebem um pouco que lhes serve muito, porque nada se perde no mundo material, e muito menos no mundo espiritual. Tudo frutifica pela força do amor e somente o bem permanece de pé, para o bem-estar de todos os homens. As sementes que foram lançadas, mesmo há milênios atrás, não morreram, e oportunamente frutificam à luz do sol. Os que ajudaram a semeá-las estão agora colhendo, às vezes sem saber o porquê de tantos ensejos, que a bondade lhes está oferecendo. O Espírito não é ignorante nesse sentido e, assim, conhece a procedência de tudo o que vem ao seu encontro, lhe fazendo bem ou mal, dando graças a Deus pelas lições que lhe chegam, tanto do bem como do chamado mal, sabendo que todo ensinamento vem ao seu tempo.

Analisemos a beleza do que é exposto em Eclesiastes:

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.

Eclesiastes, 3:1 e 2



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 16 - João Nunes Maia

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