Miramez
Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme
à lei da Natureza?
A poligamia é lei humana cuja abolição marca um
progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição
dos seres que se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas
sensualidade.
Se a poligamia fosse
conforme à lei da Natureza, deveria ter possibilidade de tornar-se universal, o
que seria materialmente impossível, dada a igualdade numérica dos sexos. Deve
ser considerada como um uso ou legislação especial apropriada a certos costumes
e que o aperfeiçoamento social fez que desaparecesse pouco a pouco. (Allan
Kardec)
Questão 701 / O Livro dos Espíritos
A poligamia, como lei dos
homens, é transitória, enquanto a monogamia está mais vinculada à lei de Deus,
pelos processos que se veem na natureza, sendo sistema mais acertado em uma
sociedade mais evoluída.
No entanto, com o passar dos
tempos, até o próprio casamento deverá obedecer ao progresso. As leis de Deus
se mostram nas leis naturais, que dominam toda a criação. Convém observar que,
no avançar da humanidade, a instituição do casamento vai ganhando terreno e se
aperfeiçoando, para melhor educação das criaturas e melhor instrução das almas.
Na poligamia, há mais
sensualidade do que amor, mas, com o tempo e a evolução dos sentimentos, a
atração carnal passa a se modificar e tende a ganhar dimensão diferente, como
amor universal. A humanidade já mostra sinais evidentes de melhora neste campo,
porque o rei Salomão, diz-nos a história, tinha mil concubinas e uma mulher
legítima; o Faraó Ramsés II tinha duzentas mulheres, e os sultões antigos não
deixavam por menos. Porém, os tempos trouxeram modificações morais para essa
gente e não se veem os homens de hoje neste desregramento como no passado. A
monogamia foi dominando pela força da evolução, de modo que a sociedade passou
a modificar as suas leis.
A poligamia, nos dias atuais, em
muitos países é proibido. Ainda existem tendências para tal desequilíbrio, mas
é fora da lei e é no exercício do que é certo que entra a renúncia obrigatória,
para depois a verdade fazer-se conhecer é fazer conhecida a lei do amor
verdadeiro e da justiça.
Quem regula e destrói leis
humanas que nada têm em comum com a lei eterna e natural, é o tempo. Se o homem
deseja modificar suas leis, basta melhorar-se moralmente, que toda mudança por
dentro faz com que a natureza mude por fora. Se construirmos harmonia,
certamente que a justiça nos levará para a harmonia; colheremos de acordo com o
plantio.
A tendência do homem à poligamia
nos mostra o ranço das práticas, gritando na área animal por nossos instintos
inferiores. Mas, se avançarmos por lei do amor, a monogamia nos acena para
melhores dias, vivendo com a consciência em estado de tranquilidade que não se
perturba.
Compete a nós outros procurar o
Mestre dos mestres, que é Jesus. Ele tem a fórmula divina para vivermos em paz
com nós mesmos. Tudo vibra na unidade, e se a evolução pedir para desaparecer o
casamento, mudando para um estado melhor que ele, a razão nos diz que devemos
acompanhar a vontade de Deus e não a nossa. Tudo que evolui requer melhores
condições de vida. Se os ensinamentos do Cristo se tiverem firmado em todos os
nossos passos, não devemos ter dúvida em segui-Lo, para não errarmos o caminho.
Assim como o
testemunho do Cristo tem sido confirmado em nós.
I Coríntios, 1:6
Se o testemunho tem sido
confirmado em nós, não há mais dúvida em segui-Lo. Ele é o nosso caminho, a
nossa verdade e a nossa vida.
Se a poligamia fosse a lei de
Deus, que é imutável, tornar-se-ia universal entre as criaturas, mas, em se
desfazendo, está provado que é lei humana transitória, que passa com o
despertar das criaturas de Deus. Entretanto, se ela existiu e ainda existe em
alguns lugares, mas com fortes tendências para desaparecer, teve, e ainda tem,
algum proveito, ainda que seja pouco; se não tivesse, Deus não a permitiria.
A humanidade cresce, e com o
crescimento aparecerão as mudanças do modo que a evolução determina. O homem
foi feito simples e ignorante, entrementes, as mesmas leis de Deus eternas e
naturais se encarregam de despertar os próprios homens, na sequência que o
tempo pode marcar, em nome d'Aquele que é a nossa luz e luz da vida.
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