quinta-feira, 28 de novembro de 2024

SOFRIMENTOS DEPOIS DA MORTE[1]

 


Miramez

 

 Têm alguma coisa de material as penas e gozos da alma depois da morte?

Não podem ser materiais, diz o bom-senso, pois que a alma não é matéria. Nada têm de carnal essas penas e gozos; entretanto, são mil vezes mais vivos do que os experimentais na Terra, porque o Espírito, uma vez liberto, é mais impressionável. Então, já a matéria não lhe embota as sensações. (237 a 257)

Questão 965 / O Livro dos Espíritos

 

Não podem ser puramente físicas as penas e gozos da alma. A mudança de mundos influi, a nos dizer que estes haverão de ser de conformidade com o plano que habita. Desde quando ela mude de faixa, tudo que a cerca tem afinidade com o seu modo de viver.

A matéria, podemos dizer, se purifica, alterando-se as suas propriedades pelas quais a conhecemos, e tomando nomes diferentes. O próprio Espírito também passou por várias nomenclaturas, já pertenceu a muitas divisões, para chegar à condição de Espírito imortal consciente. A alma propriamente dita não é matéria, nem a matéria é alma no seu termo definido, no entanto, uma se confunde com a outra por serem interdependentes para manifestarem suas qualidades. Esse assunto tem outros aspectos que os homens ainda não podem notar. A vida tem seus segredos para que possas buscar sempre o melhor entendimento sobre as leis naturais.

Nada têm de carnal as penas e gozos dos Espíritos, a não ser quando estão revestidos da carne, com outros tipos de sensações. O mundo dos Espíritos tem variadas faixas de vida e cada uma com a sua específica sensibilidade, em que o Espírito assegura para viver cada vez que subir mais, que elevar-se, por sentir e saber dos que já foram. Quanto mais crescimento, mais felicidade.

O Espírito, quanto mais livre das paixões inferiores, mais sensível fica para sentir e registrar o mundo que o cerca. Ele compreende, pois, que a alma tem poderes que nós mesmos, no plano de vida no mundo espiritual, ignoramos, quanto mais os que se encontram na Terra, envolvidos nas paixões terrenas, aturdindo seus sentidos com coisas que para nós são ilusórias.

A matéria, para os Espíritos ignorantes e endividados, se assim podemos dizer, é uma bênção de Deus, por lhes fazer esquecer as suas artimanhas. Já o Espírito livre, este é mais sensível, e tudo que ele pensa já vive. A carne é um esconderijo para a alma, servindo-lhe de amparo para a limpeza do seu carma. Deus não iria criar a lei de reencarnação por brincadeira, mas no sentido de despertar valores que o Espírito conduz na sua intimidade. E quando despertada a fé no coração humano, ela lhe faz grandes prodígios.

Então lhe disse Jesus:

Oh! Mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento sua filha ficou sã.

Mateus, 15:28

A fé tem poderes a que a natureza divina obedece sobremodo, nos planos ensinados por Jesus Cristo, como quando Ele disse: "A tua fé te curou".

No plano do Espírito, as sensibilidades são da maior importância, de modo que o que pensas logo será obedecido. É necessário, então, que tenhamos muito controle nos pensamentos, porque eles são reais, e a natureza responde imediatamente a nossa vontade. Para o Espírito educado, isto é ótimo, mas, para o Espírito cheio de paixões inferiores, é melhor ficar escondido na carne até assimilar e viver a educação espiritual.

O ser humano ainda não tem condições de viver bem na área do Espírito puro. Ele ainda vive na teoria; somente depois irá passar para a vivência das realidades espirituais. Esta máxima deve ser meditada e conhecida em todo o mundo: "Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece." É por isso que a atmosfera da Terra se encontra cheia de Espíritos, esperando assimilar a educação cristã, para depois ingressarem em outra faixa de vida, melhor que a atual.



[1] FILOSOFIA ESPÍRITA – Volume 19 – João Nunes Maia

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