Miramez
É solene para o Espírito o instante da sua encarnação?
Pratica ele esse ato considerando-o grande e importante?
Procede como o viajante que embarca para uma travessia
perigosa e que não sabe se encontrará ou não a morte nas ondas que se decide a
afrontar.
O viajante que embarca sabe
a que perigo se lança, mas não sabe se naufragará. O mesmo se dá com o
Espírito: conhece o gênero das provas a que se submete, mas não sabe se
sucumbirá. Assim como, para o Espírito, a morte do corpo é uma espécie de
renascimento, a reencarnação é uma espécie de morte, ou antes, de exílio, de
clausura. Ele deixa o mundo dos Espíritos pelo mundo corporal, como o homem
deixa este mundo por aquele. Sabe que reencarnará, como o homem sabe que
morrerá. Mas, como este com relação à morte, o Espírito só no instante supremo,
quando chegou o momento predestinado, tem consciência de que vai reencarnar.
Então, qual do homem em agonia, dele se apodera a perturbação, que se prolonga
até que a nova existência se ache positivamente encetada. À aproximação do
momento de reencarnar, sente uma espécie de agonia. (Allan Kardec)
Questão 340 / O Livro dos Espíritos
Nos momentos decisivos em que se
aproxima da reencarnação, o Espírito se perturba e é tomado de emoções
diferentes das que sente em horas de alegria. Soa para ele a entrada na vida
física, aconchegando-se mais à intimidade da sua futura mãe. Os laços se
confundem com o sistema emotivo da mãezinha em preparo para gerar um corpo na
oficina de Deus, no seu mundo íntimo. Lágrimas e alegrias se manifestam nas
linhas mais puras do amor.
Para nós do mundo espiritual, a
morte é quando se reencarna e a alma entra na vida quando desencarna; contudo,
o estado da alma que entra nesses processos é que vai decidir onde ela vai
entrar, se no céu ou no inferno. Copiando Jesus, tornamos a dizer, a felicidade
começa na intimidade do Espírito, como a água pura que se bebe se encontra no
seio da terra.
Devemos purificar nossa mente em
todos os quadrantes do entendimento, fazer exercícios todos os dias para
melhorarmos com Jesus, que Ele, sendo o nosso Guia, não nos deixará desviar dos
caminhos que nos levam a libertação. Ele tudo faz para compreendermos as leis
de Deus, mas, não pode compreender por nós. A nossa luz é individual, e somente
nós, com as bênçãos de Deus, poderemos acendê-la, mostrando aos que têm olhos
para ver que estamos sendo escolhidos para o despertamento espiritual.
Somos um conjunto, como rebanho
de Jesus Cristo, todos juntos com os mesmos ideais, não obstante, cada criatura
tem um destino a seguir e forças a liberar. É preciso despertar a criatividade
em favor do bem de todos, ajudando no ponto em que formos chamados, a unir
todas as nações e todos os homens, para que eles compreendam o amor e amem;
compreendam a caridade pura e a pratiquem, compreendam o perdão e perdoem.
Lembremo-nos, porém, que somente
poderemos ajudar onde estivermos, pelo exemplo da nossa vida. O exemplo se
irradia em todos os rumos, atingindo todas as criaturas, de maneira a cooperar
na transformação dos mundos internos de todas elas. Se desejamos transformar-nos
por fora, mudemos por dentro.
O Espírito que entra pela porta
estreita, como já dissemos, da reencarnação, é como que um viajante, no dizer
de O Livro dos Espíritos, que decide viajar sem saber ao certo se
vencerá os obstáculos do caminho. Se podemos dizer, é uma aventura necessária à
sua evolução. É nesse sentido que as escolas espirituais trabalham, para
encorajar todos os Espíritos que descem à Terra, nas linhas das vidas
sucessivas, a fim de não voltarem do meio do caminho, complicando assim as
outras voltas que se devem suceder.
Podemos começar o trabalho de
preparo para novas reencarnações, na caridade, no entendimento e mesmo no amor.
A Doutrina Espírita vem nos esclarecer todos os pontos frágeis que temos. O
lema do Espiritismo é: "Educai-vos e instrui-vos". Desta forma, não
cairemos em novas tentações.
O Espírito, conforme o seu
entendimento, na hora do nascimento, ou melhor, no momento das ligações dos
primeiros laços ao corpo que deve se formar, sente que está morrendo, perdendo
a consciência, para depois recuperá-la gradativamente com o crescimento do
corpo, mas não na totalidade dos poderes do Espírito; apenas pequena
percentagem de consciência, no sentido de que os nossos esforços como
prisioneiro na carne possam criar um compromisso dos nossos deveres ante as
promessas aceitas.
Mas, a bondade de Deus é
tamanha, que em todos esses lances temos amigos espirituais que nos acompanham
como pais, de onde vertem todo o carinho e amor, a nos mostrar os caminhos da
Luz. E tudo isso depende das nossas decisões de acertar com Jesus no coração.
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