Eder Andrade
A justiça de Deus, na visão do
Espiritismo, procura oferecer aos homens a oportunidade de reparação das faltas
cometidas em outras encarnações, embora, infelizmente, nem todo mundo acredite
nisso.
Como nem sempre é possível
reparar uma falta cometida com as mesmas pessoas envolvidas no conflito
passado, pois evoluímos em ritmos diferentes e alguns avançam mais rápido do
que outros, a solução seria, segundo o Espírito André Luiz, reencarnarmos junto
de companheiros espirituais que precisam passar por provas semelhantes às
nossas.
No livro “Uma Vida de Amor e
Caridade[2]”
psicografado por Chico Xavier em parceria com Izabel Bueno, ditado por diversos
espíritos, vamos encontrar a linda mensagem do Espírito Maria Dolores, que fala
da nossa relação "Ante o Próximo" e procura nos exortar para
entendermos a importância de saber conviver com o semelhante.
A nossa evolução pessoal ocorre
em parceria com o outro e não sem ele. O melhor exemplo é o exercício da
caridade e da prática do amor ao semelhante. Impossível fazer a caridade e o
exercício da prática do amor, sem o outro. Existe uma reciprocidade provacional
velada, onde ninguém se aproxima de uma outra pessoa desnecessariamente. No
planejamento reencarnatório, espíritos que apresentam compromissos evolutivos
semelhantes reencarnam juntos para atraírem e serem atraídos às situações que
favoreçam o processo de aprendizagem reparador, estimulando a evolução pessoal
de cada um. Ninguém ao longo da estrada da vida, se aproxima ou se afasta em
vão.
Somos professores e alunos ao
mesmo tempo uns dos outros, de forma a reparar antigas faltas cometidas em
existências pretéritas com espíritos que necessitem viver experiências
semelhantes às nossas. Aprendemos com o próximo e com esse mesmo próximo ensinamos
e evoluímos.
No livro “Estante da Vida”[3],
psicografado por Chico Xavier e ditado pelo Espírito de Humberto de Campos,
vamos encontrar a passagem onde Nicodemos conversa com Jesus sobre a
dificuldade de relacionamento com os semelhantes e o Cristo lhe esclarece: “não
asseverei (nunca declarei) que os nossos adversários gratuitos estivessem
fazendo o que deviam fazer... Esclareci, tão-só, que eles não sabiam o que
estavam fazendo e, por isso mesmo, se revelavam dignos da maior compaixão! ...”
Quanto maior o nível de
compreensão da realidade, maior a nossa responsabilidade diante da vida. Assim
precisamos ter entendimento para lidar com as diferenças que se apresentam no
nosso caminho.
Na conversa com Nicodemos, Jesus
não deu razão às atitudes dos adversários, procurou mostrar que devido a uma
diferença acentuada de ponto de vista, eles não sabiam o que estavam fazendo.
Dessa forma se fazia necessário a compreensão e compaixão. Não muito diferente
de certos acontecimentos que observamos nas grandes cidades modernas do mundo
em que vivemos em pleno século XXI.
Deus na sua infinita bondade e
misericórdia, oferece aos homens dois caminhos para evoluir, o caminho do amor
ou da dor. Em outras palavras, podemos evoluir de forma amorosa na convivência
com as diferenças dos semelhantes ou numa relação conturbada com espíritos que
apresentem desajustes e cobranças, que precisamos vivenciar. Apenas poucos
casos específicos levam o espírito a solicitar uma encarnação provacional mais
dura, exigindo perseverança e maturidade do espírito. Com raríssimas exceções,
uma imposição da espiritualidade, geralmente a escolha é individual e pessoal.
Existem estudos aprofundados da
Universidade de Harvard, que fica nas proximidades da cidade de Boston, onde
chegaram à conclusão de que a felicidade é consequência da convivência de uns
com os outros, ninguém evolui sozinho, com exceção de grandes missionários, mas
ainda assim eles precisam conviver pelo menos com os seus familiares e colegas
de trabalho.
Deus promove a reencarnação de
espíritos em núcleos que tenham uma grande semelhança de evolução do senso
moral e de necessidade na correção de falhas. Assim somos realocados em
famílias que apresentem os mesmos traços de evolução moral, necessários ao nosso
crescimento e reajuste, mesmo que esse processo seja acompanhado de sofrimento,
desde que resulte em crescimento moral para o espírito.
Existe uma música popular que
diz: “É impossível ser feliz sozinho[4]”.
Teoricamente sabemos que todos
estamos nesse orbe com o objetivo de promover nossa evolução espiritual
individual e quiçá coletiva. Em O Livro dos Espíritos[5]
4, encontramos a resposta para uma pergunta que sempre nos fazemos: Com que
objetivo Deus favorece a encarnação dos espíritos? “...com o fim de fazê-los
chegar à perfeição”.
Procurando entender melhor o
processo de evolução pessoal de todos nós, observamos que os grandes
missionários da humanidade, tiveram uma vida de doação ao semelhante, como
Francisco de Assis, Chico
Xavier, Irmã Dulce, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros exemplos, que
colocaram a necessidade do próximo, como sempre uma prioridade em suas vidas.
[1] O CONSOLADOR - Ano 18 - N° 876 - 16 de Junho de
2024 - https://www.oconsolador.com.br/ano18/876/ca2.html
[2] Xavier, Francisco Cândido e Bueno, Izabel; “Uma Vida
de amor e Caridade”; (Espíritos Diversos); Ed. Fonte Viva.
[3] ___, ___; “Estante da Vida”; Cap. 40 – Por que
Senhor?; FEB.
[4] Refrão da música “Wave”, de Antônio Carlos Jobim.
[5] Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos, Cap. II -
Objetivo da Encarnação - p. 132; FEB.
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