quinta-feira, 23 de maio de 2024

GOZO DOS ESPÍRITOS PUROS[1]

 


Miramez

 

O que se deve entender quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores?

− É uma alegoria para dar ideia da compreensão que eles têm das perfeições de Deus, pois o veem e compreendem; mas, como tantas outras, não se deve tomá-la ao pé da letra. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não penseis que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação na eternidade. Isso seria uma felicidade estúpida e monótona, e mais ainda, a felicidade do egoísta, pois a sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não sofrem mais as tribulações da existência corpórea: isso já é um gozo; depois, como já dissemos, conhecem e sabem todas as coisas e empregam proveitosamente a inteligência adquirida, para auxiliar o progresso dos outros Espíritos: essa é a sua ocupação e ao mesmo tempo um gozo.

Questão 969 / O Livro dos Espíritos

 

O que se deve entender sobre a contemplação dos puros Espíritos em torno de Deus, que as velhas e carcomidas filosofias teológicas ensinam, são alegorias, sugestionadas pela percepção intuitiva que têm, pelas faculdades que possuem, no entanto, não sabem interpretar as belezas da criação.

Os Espíritos cantam louvores a Deus, mas é na execução do trabalho em que se empenharam, na disseminação da harmonia universal. Vejamos que a própria natureza, em todos os seus departamentos de vida, canta louvores, desde o átomo até as galáxias, todavia, o seu canto é dinâmico, avançando, por ser o cinetismo lei universal.

Nada há no universo sem movimento; se nada para, como os Espíritos puros, que chegaram à perfeição, poderiam ficar somente contemplando o Criador? O próprio Jesus disse que o Pai trabalhava sempre e que Ele operava constantemente. Corro parar? Esses agentes de Deus, de quem tanto falamos, são Espíritos altamente identificados com o Pai, e que viajam por toda a criação, com destinos que os homens desconhecem, levando a verdade e sustentando a fé e a ciência em todos os ambientei Eles trabalham mais do que pensas, pois são cocriadores da eternidade.

Aos homens que receberam corpos materiais, dizemos com muita alegria e amor a todos, que comecem seu despertamento em seus lares, entendendo-se uns com os outros e preparando, se esse for o caso, seus filhos, para os grandes trabalhos do futuro. Àqueles que não tiveram a oportunidade de reunir-se em um lar com cônjuge e filhos, que abracem outros trabalhos e sigam avante.

Jesus, porém, não lhe permitiu, mas ordenou-lhe:

Vai para a tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez, e como teve compaixão de ti.

Marcos, 5:19

O que devemos entender sobre isso? Que devemos sempre estar presentes no lar e anunciarmos sempre o bem que recebemos do Senhor, no sentido de estimular os companheiros de jornada para a crença nas coisas espirituais. O lar, tornamos a dizer, é a célula da sociedade. Procura viver bem dentro dele, que essa harmonia se irradiará para todo o teu caminho. Adora a Deus, e podes mesmo adorar a Jesus, mas, faze o que Ele sempre faz; trabalha constantemente, por dentro do coração e por fora, para que possas adorar em Espírito e verdade ao Criador de todas as coisas.

Felicidade, somente se faz e se sente no labor do bem, no amor sem fronteiras e na caridade que sempre salva. Se os homens já descobriram no trabalho a base da própria vida, do bem-estar social, como poderiam os anjos do Senhor ficar na inércia?

O trabalho dos Espíritos puros, não cabe à mente humana entender. Os seus pensamentos, educados na harmonia divina, se irradiam com mensagens por toda a criação, e os seres menos despertos absorvem alguns raios das suas poderosas mentes; aí, tudo melhora.

Quando os pensamentos dos Espíritos puros chegam à Terra, tudo se modifica: o comportamento dos homens, a lavoura, a pecuária, a amizade, o amor, a caridade, enfim, tudo toma uma tonalidade benfeitora e os povos se entrelaçam mais na fraternidade, como se as línguas houvessem se fundido numa só.

Se tens alguma tendência para a inércia: foge dessa prisão das trevas e trabalha, se possível for, ingressando nos movimentos da caridade, sem barreiras de crença e de partidos para que Jesus seja sempre o Cristo de Deus, na cidade do teu coração.



[1] Filosofia Espírita – Volume 19 – João Nunes Maia

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