Eder Andrade
Muitas pessoas se queixam de
que, se tivessem acesso ao Espiritismo no início das suas vidas, poderiam dar
um direcionamento diferente aos acontecimentos.
Não há dúvida que uma boa
orientação com base na evangelização espírita ajudaria de forma preventiva a
não cometermos certos equívocos.
Porém, a psicoterapia moderna
explica que nem tudo depende de uma orientação, pois duas pessoas que recebem a
mesma educação e evangelização podem ter desfechos de vida completamente
diferentes, pois existem vários fatores internos e externos que interferem para
isso.
A explicação reside na história
espiritual de cada um de nós, em outras palavras, naquilo que precisamos
amadurecer moralmente para evoluirmos.
O ser humano aprende um com os
outros, da mesma forma que repara suas faltas cometidas com outras pessoas que
cruzam seu caminho. Isso explica uma célebre frase: o que aqui se faz, aqui
se paga.
Allan Kardec nos mostra isso na
pergunta 998 de O Livro dos Espíritos, quando cita:
A expiação se cumpre no
estado corporal ou no estado espiritual?
− A expiação se cumpre
durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha
submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado
de inferioridade do Espírito[2].
Curiosamente, durante nossa
trajetória de vida, onde cometemos erros, aprendemos também muitas coisas
relevantes para nossa evolução. Erramos em alguns aspectos, porém acertamos em
outros e até nos superamos em aspectos nos quais nos julgávamos totalmente
incapazes ou imaturos. Um combo de acontecimentos para ser compreendido e
revisado.
O planeta Terra é uma grande
escola de almas em processo de amadurecimento contínuo do senso moral para
todos nós. Se conseguirmos superar os erros ao longo dos anos e não os repetir,
isso já representa muito, embora sabendo que às vezes é quase impossível
reencontrar nossos antigos parceiros de caminhada ou até desnecessário, para
uma reconciliação.
Segundo a Doutrina Espírita,
devemos entregar nas mãos de Deus o processo de reparação das faltas que
cometemos, principalmente quando tomamos a plena consciência da dimensão do
erro para as pessoas a quem prejudicamos.
Em alguns casos, só o tempo para
o espírito conseguir se dar conta dos erros repetitivos que ocorrem em sua vida
com o objetivo de mudar sua conduta e sua maneira de proceder para com o
semelhante.
Existem condicionamentos
atávicos da alma que só conseguem ser modificados ao longo de uma nova
encarnação, envolvendo outras pessoas em novas circunstâncias para repetirmos o
condicionamento até percebermos e promovermos a mudança. Isso pode levar décadas,
pois sem orientação adequada acreditamos que faz parte da nossa personalidade
ou da cultura social de onde vivemos.
Despertar para um ciclo de
repetições atávicas, exige muito tempo e percepção da nossa parte. Dessa forma
exigindo de uma nova encarnação, uma oportunidade de um despertar para nosso
crescimento e libertação das dificuldades que nos prendem ao nosso passado.
Allan Kardec não poderia ser
mais objetivo, quando pergunta ao Espírito da Verdade:
É um castigo a encarnação e
somente os Espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la?
− A passagem dos
Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por
meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes
necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes
auxilia o desenvolvimento da inteligência[3].
Referências:
Wikipédia (A Enciclopédia Livre).
[1] O CONSOLADOR - Ano 17 - N° 851 – 26/11/2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano17/851/ca4.html
[2] Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Cap. II -
Expiação e arrependimento - p. 998: FEB.
[3] Kardec, Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo;
Cap. IV - Necessidade da reencarnação; p. 25; FEB.
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