sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

PERCEBER PARA MUDAR[1]

 



Eder Andrade

 

Muitas pessoas se queixam de que, se tivessem acesso ao Espiritismo no início das suas vidas, poderiam dar um direcionamento diferente aos acontecimentos.

Não há dúvida que uma boa orientação com base na evangelização espírita ajudaria de forma preventiva a não cometermos certos equívocos.

Porém, a psicoterapia moderna explica que nem tudo depende de uma orientação, pois duas pessoas que recebem a mesma educação e evangelização podem ter desfechos de vida completamente diferentes, pois existem vários fatores internos e externos que interferem para isso.

A explicação reside na história espiritual de cada um de nós, em outras palavras, naquilo que precisamos amadurecer moralmente para evoluirmos.

O ser humano aprende um com os outros, da mesma forma que repara suas faltas cometidas com outras pessoas que cruzam seu caminho. Isso explica uma célebre frase: o que aqui se faz, aqui se paga.

Allan Kardec nos mostra isso na pergunta 998 de O Livro dos Espíritos, quando cita:

A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?

− A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito[2].

Curiosamente, durante nossa trajetória de vida, onde cometemos erros, aprendemos também muitas coisas relevantes para nossa evolução. Erramos em alguns aspectos, porém acertamos em outros e até nos superamos em aspectos nos quais nos julgávamos totalmente incapazes ou imaturos. Um combo de acontecimentos para ser compreendido e revisado.

O planeta Terra é uma grande escola de almas em processo de amadurecimento contínuo do senso moral para todos nós. Se conseguirmos superar os erros ao longo dos anos e não os repetir, isso já representa muito, embora sabendo que às vezes é quase impossível reencontrar nossos antigos parceiros de caminhada ou até desnecessário, para uma reconciliação.

Segundo a Doutrina Espírita, devemos entregar nas mãos de Deus o processo de reparação das faltas que cometemos, principalmente quando tomamos a plena consciência da dimensão do erro para as pessoas a quem prejudicamos.

Em alguns casos, só o tempo para o espírito conseguir se dar conta dos erros repetitivos que ocorrem em sua vida com o objetivo de mudar sua conduta e sua maneira de proceder para com o semelhante.

Existem condicionamentos atávicos da alma que só conseguem ser modificados ao longo de uma nova encarnação, envolvendo outras pessoas em novas circunstâncias para repetirmos o condicionamento até percebermos e promovermos a mudança. Isso pode levar décadas, pois sem orientação adequada acreditamos que faz parte da nossa personalidade ou da cultura social de onde vivemos.

Despertar para um ciclo de repetições atávicas, exige muito tempo e percepção da nossa parte. Dessa forma exigindo de uma nova encarnação, uma oportunidade de um despertar para nosso crescimento e libertação das dificuldades que nos prendem ao nosso passado.

Allan Kardec não poderia ser mais objetivo, quando pergunta ao Espírito da Verdade:

É um castigo a encarnação e somente os Espíritos culpados estão sujeitos a sofrê-la?

− A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência[3].

 

 Referências:

Wikipédia (A Enciclopédia Livre).



[1] O CONSOLADOR - Ano 17 - N° 851 – 26/11/2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano17/851/ca4.html

[2] Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos; Cap. II - Expiação e arrependimento - p. 998: FEB.

[3] Kardec, Allan; O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap. IV - Necessidade da reencarnação; p. 25; FEB.

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