quinta-feira, 14 de setembro de 2023

CRUELDADE[1]

 Hannibal, ou la Haine, la colère et la cruauté


Miramez

 

Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?

“É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.”

Questão 752 / O Livro dos Espíritos

 

A crueldade é o instinto de destruição na sua mais baixa vibração. Ela domina pela força da ignorância e a sua origem está onde não se despertaram os talentos colocados no coração por Deus, em todas as criaturas.

Podemos e devemos separar o instinto de destruição da crueldade, que nasce à parte nos sentimentos, sem disciplina, que desconhecem o amor. Aconselhamos aos companheiros já dotados de certa compreensão, capazes de discernir o bem do mal, que analisem seus atos e façam calar a maldade se, porventura, ela os tentar dominar, apagando no peito onde vibra a mola da vida física, a caridade, a fraternidade, o carinho e o trabalho no bem.

O primeiro ato nobre do ser humano é a oração, de qualquer modo que ele orar, isso nos parece o princípio do despertamento espiritual, e aí a vida começa a brilhar, de acordo com as intenções, na pauta do tempo. Quando, pelo destino, um homem é jogado contra o outro, na vida diária ou mesmo no monstro da guerra, a crueldade se levanta dentro dele, a apagar todos os sentimentos de fraternidade. Ele fica cego e surdo aos apelos do amor, desconhece pai e mãe, irmãos e filhos, amigos e parentes. O seu objetivo é matar, é "defender" a si ou à pátria.

Está chegando a época do desaparecimento dos instintos inferiores que ainda existem. O marco de luz desse desaparecimento foi Jesus Cristo, que subiu para os planos resplandecentes; no entanto, o Seu amor nos deixou como herança o maior patrimônio da vida, que se chama Evangelho. E ainda disse, para reforçar Seu amor, que indo para o Pai enviaria outro consolador, que também instruiria, esperando o preparo dos homens para ser visto de todos os ângulos da vida.

E esse consolador já veio, por misericórdia de Deus, na Doutrina dos Espíritos. Grande número de Espíritos qualificados estão rentes à Terra por renúncia, nos dando a todos as mensagens mais puras que podemos suportar, para os dois mundos, graciosamente, somente nos pedindo que façamos a nossa parte. É o que devemos fazer para a nossa libertação. A mansidão de Jesus impressionou até os sábios, e a Sua energia deu conversão aos violentos, porque nela se encontra marcado o objetivo do amor.

A feição má do homem está se apagando, tomando novas feições, para que no futuro se converta em pura fraternidade. Não podemos duvidar da mensagem do Cristo, que cada vez mais se encontra crescendo dentro de cada criatura. Nada se perde, tudo se transforma em todos os planos de vida. O que queremos mais? O que fazer das nossas possibilidades? Façamos o que fizeram os apóstolos do Senhor: lutar para conhecer cada vez mais a verdade, porque ela tem o condão de libertar quem a procura.

Estamos todos sob a vigilância do Divino Mestre, e aqueles Seus discípulos confiantes e honestos sempre ouvirão a palavra do Pastor, nos termos anotados por Marcos, no capítulo quatorze, versículo quarenta e dois:

Levantai-vos, vamos! Eis que o traidor se aproxima.

Sempre que ouvirmos a voz do Mestre, devemos Lhe dar ouvidos, em todos os momentos que as trevas nos cercarem. Ele nos fala para elevarmos os nossos sentimentos e acompanhá-Lo, assegurando a paz.

Crueldade é coisa do passado, que deve ser esquecida para sempre. O homem mau deve morrer, cedendo lugar ao homem-amor, dentro da própria vida.



[1] Filosofia Espírita – volume 15 – João Nunes Maia

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