Sim, todos ou quase todos
estavam informados adredemente…
Uma Empresa de tal envergadura,
projetada há milênios com riqueza de detalhes, mediante cuidados especiais e
extraordinários, numa visão transcendente do passado assim como do futuro.
Nenhum imprevisto poderia surgir
ou deveria criar embaraços no organograma elaborado quase à perfeição.
Não eram poucas as vidas e os
Espíritos convocados pela Divindade para a instalação do Reino de Deus
nos corações da Humanidade ainda em processo de primarismo evolutivo.
A fixação das bases desse Reino
metafísico teria que ser fincada na rocha viva da Verdade.
Todos eles haviam sido treinados
carinhosamente antes do berço na Espiritualidade, de tal modo que permanecessem
levemente adormecidos os tesouros do conhecimento que ressurgiriam no momento
adequado como intuição, iluminação ou inspiração superior, permanecendo
indefinidamente a guiar-lhes os passos.
Todos sabiam da gravidade do
compromisso e aceitaram a tarefa com júbilo e, por essa razão, todos os que
foram chamados tinham uma impressão especial a respeito do Messias.
A espera do Messias era algo
natural e especial em toda a Israel. O anelo e a devoção, em favor da Sua
chegada, tornavam-se cada dia mais necessários e expectantes, fazendo com que
até mesmo a Natureza contribuísse para que o sucesso logo acontecesse.
A psicosfera da Terra sofrera
alteração para melhor, a fim de que a paz e a beleza fossem as auréolas divinas
envolvendo o compromisso sublime.
Parece estranho que em alguns
momentos eles fossem atormentados pela dúvida ou se perdessem em incertezas,
suspeitas injustificadas ante os fatos incomuns que assistiam amiúde.
Era natural, no entanto, que
isso acontecesse pois que as suas roupagens carnais eram de humanidade com
todas as vicissitudes apresentadas pela organização material.
Aqueles se tornaram períodos
especiais do calendário em relação a todos os que já existiram e que talvez não
se repitam mais…
A História informará que foi o
dos Bons Imperadores, iniciando-se, conforme o historiador Plutarco, com Otávio
Augusto, que viveu em clima de harmonia por toda parte até a morte de Marco
Aurélio em 180 d.C., tendo-se iniciado em 27 a.C.
A essa larga faixa o mundo viveu
a excelência da Pax Romana, embora os inevitáveis conflitos nas regiões
mais distantes da capital.
Vicejavam leis justas,
administração equilibrada, permissão de culto aos deuses de cada província ou
região conquistada.
Logo após, iniciou-se a
decadência, a derrocada do incomensurável Império que foi reduzido às memórias
dos seus extraordinários edificadores do passado.
Em razão dessa glória, na
denominada fase de ouro de Otávio Augusto, surgiram estetas, cantores e poetas
de todos os matizes, sublimação nas artes, na economia e na administração com o
respeito às Leis estabelecidas e à ordem.
Foi nesse momento, nessa fase
grandiosa e pacífica que Jesus nasceu, culminando os Seus dias grandiosos sob a
soberania de Tibério César.
Caná era uma vila quase
insignificante e pouco habitada, próxima a Nazaré, que igualmente era
relativamente modesta.
Nazaré, porém, possuía uma
sinagoga e ficava geograficamente em meio a estradas que levavam a diversas
cidades e regiões.
Nazaré ficava esparramada numa
das encostas das montanhas da Galileia, e nada a destacava das demais cidades.
Naqueles dias difíceis, Caná era
considerada como quase um nada, a ponto de perguntar-se o que pode vir de
bom de lá, aliás, como faziam os judeus aos galileus que eram subestimados
por viverem numa região menos opulenta do que outras Tetrarquias.
Nessa singela Caná, que se fará
cantada em poemas, versos e histórias incomparáveis, nasceu Bartolomeu, também
conhecido por Natanael.
Ele se tornou um discípulo de
Jesus dos mais estimados.
Bartolomeu é sobrenome hebraico,
que corresponde a filho de Tolmai, enquanto seu nome, que é Natanael,
significa Deus deu, ficando, portanto, denominado como Nataneel Bar Tolmai.
Os livros do Novo Testamento
referem-se a ele poucas vezes, porém, o suficiente para saber-se que era de caráter
nobre e introspectivo, silencioso como quem busca algo que deseja com afinco e
a tal dedica-se com acendrado interesse.
Tinha por hábito consultar os
escritos sagrados, o que sempre fazia à sombra das figueiras que lhe cercavam a
casa modesta.
O seu relacionamento com Filipe,
outro apóstolo de Jesus, era constante e nobre, pois que estavam sempre juntos,
quando dialogavam sobre aquela expectativa que a ambos afligia; por isso, era
um israelita sem dolo…
Naquela época uma voz procedia
do deserto conclamando à penitência, pois que o Reino próximo de ser
edificado e o Messias já se encontravam na Terra, preparando-o.
João (Yocanaan) fizera-se
conhecido pela sua pregação e pelo hábito de batizar aqueles que se arrependiam
dos erros e necessitavam de uma nova oportunidade para serem felizes.
A sua voz poderosa e aparência
especial, austera e sem retoques, arrebatava multidões que tinham sede de paz e
vida.
De preferência o fazia às
margens do rio Jordão, unindo o povo ante as águas abençoadas e purificadoras.
Ele apresentava os ensinamentos
essênios sobre a coragem e a fé, a conduta e a abnegação, a castidade moral e a
fidelidade aos deveres, como aquele que somente habitariam a Terra os
portadores de tais valores.
Os dois amigos haviam-no
escutado e estavam realmente comovidos com a mensagem que lhes banhava a alma
de santas emoções.
Filipe, porém, ouvira antes
Jesus e ficara fascinado. Tudo n’Ele era especial e incomum. Suas palavras eram
pérolas luminosas que abrilhantavam o coração.
Falou a Natanael a Seu respeito,
exatamente quando Ele o convidou a fazer parte do grupo que estava sendo
organizado.
Vem, Natanael! Eu te vi à
sombra da figueira meditando…
E logo acrescentou: Este é um
israelita sem dolo.
A referência especial era de
grande magnitude, porquanto não bastava ser israelita e muitos não faziam jus à
denominação, em razão do caráter reprochável ou preconceituoso. Era aberto à
luz que o clareava interiormente.
Surpreso favoravelmente, ele não
pôde negar que havia encontrado o que tanto buscava, aquele enviado Filho do
Altíssimo.
Totalmente tocado pela Sua
beleza e mensagem, desde aquele momento entregou-se-lhe em regime de
totalidade.
A partir de então, discreto e
diligente, sempre esteve ao lado do amado Rabi.
Viveu com Ele os dias ásperos,
as noites frias e angustiantes, as horas decisivas e os horrores em Jerusalém,
e depois da Sua morte na cruz, vergonhosa e perversa, fez parte da inolvidável
madrugada em que pescavam ao retornarem à Galileia e participaram do
encantamento do Seu poder, orientando para que lado se deveria atirar as redes…
Igualmente com Filipe,
participou do encontro dos quinhentos, naquela tarde inolvidável, em que João
falava sobre Ele e todos O viram, O ouviram e choraram de emoção ante as
orientações que deu àqueles quinhentos, na Galileia formosa e amada, a fim de
que saíssem pelo mundo a divulgar a Verdade, oferecendo a própria vida conforme
Ele o fizera.
Nunca, em momento algum O
esqueceria ou deixaria de cumprir o seu dever de semear a alegria do Reino até o
instante final, no grandioso testemunho.
A modesta Caná onde Ele operou o
fenômeno com água em sabor de vinho e a tornara famosa pelos tempos do futuro,
também o ofereceu à Humanidade como exemplo ímpar de fidelidade e amor.
Afirmam uns que ele foi atirado
ao mar em um saco com pedras e outros comentam que ele foi crucificado após
pregar na Índia e em outros lugares, ensinando a viver-se em liberdade e
plenitude.
Como é a tua fé no Messias?
Máscaras, aparências e
comportamentos que não condizem com a tua realidade íntima?
Nestes aflitivos dias de
alucinação e criminalidade de todo tipo, deserções vergonhosas e covardes em
relação aos compromissos com Jesus, recorda-te de Natanael e vive desde agora o
Reino de Deus com toda a sua complexidade e beleza.
Antes de fugir pela porta do
nada em busca de coisa nenhuma, recorda que Jesus te ama exatamente como és e
espera que te transformes em uma carta viva do Seu Evangelho libertador.
Nada te afaste d’Aquele que é
Vida e Pão da Vida.
Torna-te um cristão verdadeiro
em quem não haja dolo.
Amélia Rodrigues
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