Orson Peter Carrara
A comparação é ótima: como
transformar a massa moldável de farinha com fermento, entre outros ingredientes
adicionados, no pão comestível, que alimenta, além do ótimo sabor especialmente
se acompanhado de um bom cafezinho, como no hábito tão brasileiro?
Não é difícil responder. Claro,
aquela massa terá que ir ao forno e sofrer a alta temperatura, para que então
seja consumido em casa ou comercializado.
A comparação está na resposta
dada por Jesus à sogra de Pedro, quando a senhora começou a perguntar ao Mestre
como seria a vida no lar. Entre outras ponderações nas respostas, está a
comparação do forno para que o saboroso alimento seja consumido. A preciosa
narrativa está no capítulo 2 – “A escola das Almas”, constante do livro Jesus
no Lar, de Néio Lúcio/Chico Xavier, edição FEB. A obra foi publicada em
1950.
É que Jesus compara o lar – onde
se reúnem as almas – como o instrumento preparador que capacita as almas que
surgirão ao longo da vida. Nesse preparo estão almas diferentes – no sentido
das bagagens, experiências, tendências – que são colocadas juntas para
aprenderem uns com os outros, mutuamente. E o que se transforma em aflição,
sofrimento ou dificuldade (considere o leitor o volume imenso e variado de
obstáculos e dificuldades enfrentadas por um núcleo familiar, desde os fatores
materiais, aos morais, somados a muitos outros, em todas as fases da
convivência familiar), na verdade são recursos espirituais em favor daquele
núcleo, que sempre se reflete na vida social coletiva, além das paredes de uma
família.
Pondera o autor que
“(...) aí, de encontro uns com os outros, examinando
aspirações, e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e
suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a
rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva.
Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para
a fraternidade (...). Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são
lições (...)”.
E logo na primeira indagação da
mulher, Jesus apresentou a importante lição, ao referir-se ao lar:
“(...) Iniciamos a tarefa entre flores para
encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo, é a promessa de paz
e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores (...). O lar é
a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a
pouco, ao grande entendimento da Humanidade (...)”.
Mais adiante, indagado sobre aquelas
pessoas que sofrem, lutam, rebelam-se, porém, e jamais aprendem, o Mestre
responde que
“(...) a alma rebelde às sugestões edificantes de um
lar (...)”, em comparação com o preparo de lentilhas (que devem ser cozidas
para serem servidas, já que as que permanecem endurecidas e não cederam à ação
do fogo, são descartadas), “(...) os corações que não cederam ao calor
santificante, mantendo-se na mesma dureza, (...) serão lançadas fora, a fim de
permanecerem por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos
da Natureza.”
Agora é só meditarmos sobre essa
referência “condição de adubo, entre os detritos da Natureza”, ou *lançadas
fora*, como perda do direito não utilizado para sua nobre finalidade.
Remeto o leitor à leitura do
capítulo, na íntegra, que pode ser encontrado em PDF, virtualmente.
[1] O CONSOLADOR - Ano 17 - N° 826 - 4 de Junho de
2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano17/826/ca6.html
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