Antônio Moris Cury
Discernimento é o ato de
discernir, isto é, perceber ou distinguir com clareza: Não consegue discernir
as causas da sua tristeza; A grande sabedoria consiste em saber distinguir o
que é bom do que é ruim; A inexperiência o impede de discernir entre os amigos
e os interesseiros[2].
Realmente, o discernimento é
muitíssimo importante em nosso dia a dia, em tudo e para tudo.
Com efeito, a veneranda Doutrina
Espírita está fundamentada na razão, no raciocínio, de modo que aquilo que não
passar pelo crivo da razão, da lógica, deve ser deixado de lado ou, conforme o
caso, deve ser desde logo descartado.
Excelente exemplo pode ser
encontrado na definição espírita de fé:
Fé inabalável só o é a que
pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade[3].
E o discernimento pode ser
cultivado, e continuamente aperfeiçoado, na medida em que procuremos perceber
ou distinguir com calma, com serenidade, com clareza, através do uso da razão,
do raciocínio, o que é bom do que não é, o que nos é lícito e nos convém do que
não é, com o que muito mais facilmente poderemos agir, escolhendo e optando
pelas melhores decisões, sem precipitação, sem impulso.
A propósito, Como se pode distinguir o bem do mal?
“O bem é tudo o que é conforme a Lei de Deus; o mal,
tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a Lei
de Deus. Fazer o mal é infringi-la[4]”.
Que definição se pode dar da moral?
“A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir
o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem
quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus[5]”.
Especificamente sobre a
serenidade para discernir, a que nos referimos anteriormente, o Espírito Joanna
de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, orienta:
Necessitas de serenidade a cada passo.
Serenidade para discernir, atuar
e viver.
A vida é galopante e muda os
seus cenários a cada minuto, exigindo permanente serenidade a fim de não esmagar
as pessoas.
Quem se aflija, e tente seguir a
velocidade ciclópica destes dias, arrebenta-se, porque sai de uma para outra
situação com muita rapidez, sem mesmo tempo para adaptação na fase anterior.
As notícias chegam e os acontecimentos passam,
produzindo imenso desgaste emocional, mental e físico.
Resguarda-te na serenidade,
preservando os equipamentos da tua existência, que estão programados para uso
adequado e não para o abuso[6].
Vale a pena repetir para
enfatizar e memorizar: Necessitas de serenidade a cada passo. Serenidade para
discernir, atuar e viver.
Assim, devagar, mas sempre,
poderemos contribuir para a construção de um mundo melhor e mais justo,
realizando a parte que nos compete cumprir, sendo úteis onde estivermos, usando
o discernimento com clareza, usando a razão, o raciocínio, para distinguir o
bem do mal e para escolher o Bem sempre, seja qual for a circunstância ou a
situação.
Não nos enganemos, há milhares
de pessoas trabalhando no Bem, auxiliando o próximo, agindo com correção, com
honestidade, aperfeiçoando-se intelectual e moralmente, dispostas a ajudar, a
cooperar em tudo o que esteja ao seu alcance, com boa vontade, sem alarde, com
e por amor.
E não nos esqueçamos de que
estamos em condições de aprender todos os dias, uma vez que são infinitas as
possibilidades de aprendizado (como, por exemplo, aprender a discernir, a
distinguir, a raciocinar melhor, com calma, com serenidade, ainda que a pouco e
pouco, mas de modo continuado, firme e cada vez mais aperfeiçoado), como infinito
é o Universo.
Aprender é excelente, e sempre é
tempo de começar ou de recomeçar.
[1] MUNDO ESPÍRITA - Número 1666 − Ano 91 – maio/2023
[2] DICIONÁRIO Escolar da Língua Portuguesa da Academia
Brasileira de Letras. 2ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2012.
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Brasília: FEB, 2019. Página de abertura.
[4] ______. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro:
FEB, 1974. pt. 3, cap. I, q. 630.
[5] Op. cit. pt. 3, cap. I, q. 629.
[6] FRANCO, Divaldo Pereira. Vida Feliz. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 2000. cap. CI.
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