Bruno Abreu[2]
A verdadeira mudança é a da
consciência
O autoconhecimento é um trabalho
obrigatório a ser efetuado durante a reencarnação.
A busca pela compreensão do que
somos e como funcionamos, é a trilha à estabilização do ser e o reencontro
conosco próprios.
Como confundimos o que somos com
o Ego terreno, somos também ludibriados neste grandioso trabalho. Chamo-lhe de
grandioso, não apenas por opinião própria, mas em especial, por Jesus lhe ter
apelidado de a “busca pelo Reino de Deus”.
Segundo o Mestre, o Reino de
Deus não virá de forma exterior, mas ele está dentro de nós. É óbvio,
afirmarmos que não é dentro do corpo, logo sobra a parte mental. Cristo
indica-nos que a primeira coisa que devemos fazer, é procurar o Reino de Deus,
tudo o resto virá por acréscimo. Logicamente, a busca pelo Reino de Deus tem
como trilho o Autoconhecimento.
A primeira camada psíquica que
encontramos são os movimentos dos pensamentos e as emoções mais brutas. Lidamos
com estes diariamente, embora de forma inconsciente, deixando que dirijam o
nosso sentido. A forma inconsciente, acontece pela falta de atenção ao nosso
funcionamento.
Esta falta de atenção leva-nos a
um hábito nocivo, quando o pensamento aparece, nós prosseguimos com a ação. Os
hábitos formam o caráter e tornamo-nos náufragos, à deriva deste mar
turbulento, agindo sem questionarmos. O movimento deste mar revolto é tão
intenso que ele não acalma nem quando estamos parados a descansar. São milhares
de anos com o mesmo funcionamento.
Este reflexo do que somos e o
que estamos a viver, em termos emocionais, é o resultado do que nos tornamos,
uma camada mais profunda do ser terreno que pertence ao Ego.
Cada vez mais se fala em
meditação, como uma forma de acalmar todo este turbilhão e termos um pouco mais
de paz.
Os exercícios de ”meditação” que
são aconselhados, não passam de exercícios de concentração, que fazem o cérebro
acalmar através da concentração em um objeto ou respiração. Quando paramos o exercício, voltamos a vida
normal, toda a confusão retoma ao movimento mental, porque não podemos passar a
vida concentrados em um objeto.
Não tiro o mérito aos exercícios
anteriormente falados, pelo menos podemos observar a paz com que ficamos quando
nos esforçamos para abrandar um pouco a mente, apenas afirmo que são limitados
para paz que desejamos que permaneça em nossa vida, e ao conhecimento que
necessitamos para não nos destruirmos.
A um nível de consciência mais
profundo, antes do inconsciente mas como continuação deste, estão os impulsos
dos desejos e o nascimento dos sentimentos que no nível superficial, se
transformam em pensamentos.
Neste movimento acontece toda a
luta que podemos perceber em nós. Nasce a vontade, o pensamento, se formos
atrás, nem damos conta das dificuldades, mas se nos atrevermos a contrariar,
por acharmos que não o devemos fazer, acontece o conflito em nós. Parte de nós
choca com o que nasceu em nós.
Este é o baile do “apego”. O que
nasce em nós e ainda somos apegados, seguimos atrás como o cão segue o osso que
o dono atira, o que já não somos apegados, colocamos com facilidade de lado e
não agimos.
Por isto, é tão difícil para nós
a mudança. Chamamos de mudança o abandono do que ainda somos apegados.
A inconsciência deste
funcionamento, combinado com a crença de que todo o pensamento nasce em nós,
logo agimos, dificulta o nosso desapego para abandonar os velhos hábitos.
Ao vigiarmos este movimento,
vamos desenvolvendo a consciência do seu funcionamento.
O desenvolvimento da consciência
vai clarificando gradualmente os processos automatizados de apego, trazendo
pequenas descobertas sobre a nossa forma de funcionamento.
Estas descobertas, promovem de
forma instantânea o abandono ou desapego das más tendências. Ao início as mais
superficiais e pequenas, com o caminhar vamos entrando nas mais profundas.
O desenvolvimento da consciência
é a verdadeira mudança, pois leva-nos ao conhecimento da verdade, neste caso,
sobre nós. Acontece de forma natural e sem conflito.
[1] O CONSOLADOR - Ano 16 - N° 812 - 26 de Fevereiro de
2023 - http://www.oconsolador.com.br/ano16/812/ca3.html
[2] O autor reside na cidade de Lubango, Angola.
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