quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

VISITAS ESPÍRITAS VOLUNTÁRIAS[1]

 


Miramez

 

O homem pode provocar voluntariamente as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer ao adormecer: Esta noite quero encontrar-me em espírito com tal pessoa: falar-lhe e dizer-lhe tal coisa?

− Eis o que se passa: o homem dorme, seu Espírito desperta e o que o homem havia resolvido o Espírito está muitas vezes bem longe de o seguir, porque a vida do homem interessa pouco ao Espírito, quando ele se liberta da matéria. Isto para os homens já bastante elevados, pois os outros passam de maneira inteiramente diversa a sua existência espiritual: entregam-se às suas paixões ou permanecem em inatividade. Pode acontecer, portanto, que segundo o motivo assim proposto o Espírito vá visitar as pessoas que deseja: mas o fato de o haver desejado quando em vigília não é razão para que o faça.

Questão 416 / O Livro dos Espíritos

 

O Espírito tem uma postura quando no corpo; entretanto, ao tornar-se livre da matéria, dentro da sua parcialidade, ligado apenas pelo cordão fluídico, ele pode pensar de outra forma, desde quando seja alma elevada. Por exemplo: se, quando se movendo no corpo, ele deseja fortemente encontrar-se com alguém no plano do Espírito, ao entrar no transe do sono, mais livre, ele pode não se interessar mais pela ideia preconcebida. Mas, quando é um Espírito envolvido nas paixões inferiores da carne, em estado de sono pode se encontrar com companheiros das mesmas ideias, ou piores ainda.

Há pessoas que concentram os pensamentos para encontros no mundo dos Espíritos, e confabulações com tais e quais entidades; no entanto, isso depende de muitas condições, não somente dos pensamentos que firmam em sua mente. E o direito dos Espíritos com quem desejam se encontrar? Se eles se encontram em planos superiores, o trabalho é constante em suas vidas, e só atendem aos pedidos se quiserem, por serem superiores aos que os chamam.

Também pode ocorrer que, não comparecendo aquele a quem se chama, Espíritos brincalhões assumam sua aparência e façam sua festa costumeira. Para trabalhar, poucos se oferecem; para brincar, existem muitos candidatos.

Tudo é sintonia. Para onde pendermos nossa mente, do modo que pensamos e vivemos, encontraremos companhias do mesmo quilate no plano do Espírito. Somos atraídos para onde pender o coração, e quanto mais forte for a tendência, mais nos reuniremos com os nossos iguais.

Concitamos os irmãos que ainda se encontram revestidos da carne, para procurarem escolas de educação espiritual, para cada vez mais limparem dos sentimentos as paixões inferiores, que elas têm a força de os conduzirem aos planos mais baixos do umbral. Lá, encontrarão Espíritos que pensam e agem em estado bem pior do que os encarnados. Ali se processa a festividade dos sentimentos degradados. Eles dormem no mal e desconhecem os valores imortais do bem; pensam que enganam a vida e nunca cogitam da existência de Deus. Porém, enganam-se a si mesmos e a cada momento que passa, seus corpos espirituais vão ficando mais lerdos, a circulação de energias mais difícil e em muitos casos ocorre um endurecimento nos centros de forças espraiados nos corpos sutis que revestem o Espírito. Quando esses Espíritos voltam à Terra, encontram em seus destinos o chamado carma, que lhes cobra tudo até o último ceitil, no dizer do Evangelho.

Jesus, quando curava os doentes do corpo, entregava a eles o material divino para a cura da alma, que somente eles mesmos deviam fazer.

É o curar a si mesmo.

Todo material de cura que existe na Terra, mesmo os espirituais, são paliativos, porque a verdadeira cura vem de dentro da alma: são as mudanças de vida e a obediência às leis naturais. Fora disso, é sofrer as consequências dos seus feitos incorretos.

A dor é, em toda parte, uma descarga das forças selvagens entranhadas no mundo da alma; no entanto, ao sofrer, o Espírito muda de ideias, procurando sempre melhorar espiritualmente.

Se não melhorar, a dor continua até modificar seus sentimentos. Podem-se diminuir as dores e até não sofrê-las, se entendermos que a dor é a mestra. Desde quando se procura fazer o que ela vem ensinar, cessa sua necessidade nos nossos caminhos.



[1] Filosofia Espírita – Volume 9 – João Nunes Maia

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