quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

TORTURAS MORAIS[1]

 


Miramez

 

Quais são os maiores sofrimentos que os maus Espíritos podem suportar?

- Não há descrição possível das torturas morais que constituem a punição de certos crimes.

 

Os próprios Espíritos que as sofrem teriam dificuldades em vos dar uma ideia. Mas seguramente a mais horrível é o pensamento de serem condenados para sempre.

O homem tem das penas e dos gozos da alma após a morte uma ideia mais ou menos elevada, segundo o estado de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, mais essa ideia se depura e se desprende da matéria; compreende as coisas de maneira mais racional deixa de tomar ao pé da letra as imagens de uma linguagem figurada. A razão mais esclarecida nos ensina que a alma é um ser inteiramente espiritual e por isso mesmo não pode ser afetada pelas impressões que não agem fora da matéria. Mas disso não se segue que esteja livre de sofrimentos, nem que não seja punida pelas suas faltas.

As comunicações espíritas têm por fim mostrar-nos o estado futuro da alma, não mais como uma teoria mas como uma realidade. Colocam sob os nossos olhos as vicissitudes da vida de além-túmulo, mas ao mesmo tempo no-las apresentam como consequências perfeitamente lógicas da vida terrena. E embora destituídas do aparato fantástico criado pela imaginação dos homens, nem por isso são menos penosas para os que fizeram mau uso de suas faculdades. A diversidade dessas consequências é infinita, mas pode-se dizer de maneira geral: cada um é punido naquilo em que pecou. Assim é que uns o são pela incessante visão do mal que fizeram; outros pelos remorsos, pelo medo, pela vergonha, a dúvida, o isolamento, as trevas, a separação dos seres que lhes são caros etc. (Allan Kardec)

Questão 973/O Livro dos Espíritos

 

Todas as descrições sobre as torturas morais da alma no mundo espiritual, que lhe infunde a consciência daquilo que ela fez na Terra, é como que um tribunal implacável dentro dela, a cobrar reparo.

As religiões no mundo surgiram como bem de Deus para os homens. Elas aliviam de certo modo a consciência em apuros, mostrando, por vezes superficialmente, alguns aspectos do  mundo espiritual e o que se passa nessa região do Espírito. No entanto, só a Doutrina dos Espíritos traz ao mundo verdades antes não conhecidas, pelos processos da mediunidade.

Entretanto, os meios de comunicações ainda são frágeis, no que se diz da pureza dos avisos.

Confiemos no amanhã, pois a tendência é cada vez melhorar os sistemas, e os próprios medianeiros que vão chegando ao planeta trazem melhores condições de recepção mediúnica, servindo assim com fidelidade aos comunicantes.

Convém notar-se que o que já foi revelado é o bastante para colocar os encarnados a pensar nas diretrizes a serem tomadas. Os próprios espíritas ainda não têm uma ideia perfeita do que seja realmente o umbral. Esses assuntos atualmente podem criar situações difíceis para o psiquismo humano. Nem sempre a verdade pode ser dita como ela é. Somente podemos falar de alguns aspectos da realidade, e essa fala deve continuar na sua gradação necessária, acompanhando a evolução das criaturas.

Não se pode descrever as torturas morais que sofrem alguns Espíritos em regiões inferiores, e mesmo vagando nos espaços, por vezes ligados ao cenário dos acontecimentos lamentáveis.

Mesmo que eles se comuniquem por médiuns de confiança, a dificuldade de descrição do que se passa com eles é muito grande. A linguagem é pobre para mostrar a realidade, todavia, é a mais avançada até agora, que chegou aos homens.

Convém a todos meditar nestas verdades e procurar, com todas as forças, dar início à corrigenda. A consciência torna-se, pela influência de certos erros, conturbada, de modo que o Espírito sente que está realmente condenado ao fogo eterno, diante das lembranças das falsas doutrinas que ouviu quando encarnado.

Se usaste as mãos para infelicitar os outros, para assinar papéis que destruíram muitas esperanças, se elas incendiaram casas e cidades, elas devem ser reeducadas, fazendo o bem, e somente com o Cristo elas poderão ser restauradas.

E fitando a todos ao redor, disse ao homem:

Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe foi restaurada.

Lucas, 6:10

Essas torturas morais do passado podem agredir os membros do corpo, e o sinal da cura somente está em Jesus Cristo, que tem o poder de ajudar os Espíritos a curarem a si mesmos.

As comunicações espíritas mostram o estado da alma em todas as situações a que ela chegou, de bem e de mal, para que os encarnados, com esse exemplo, possam tornar outras diretrizes de vida, ganhando, assim, condições melhores na conquista da sua paz de consciência. A imaginação do homem criou uma verdadeira ficção, no que se refere à vista futura, chegando a ponto de o Espírito julgar ter direito de ingresso no Céu pelo poder do ouro ou por ordens humanas. Os próprios santos são "produzidos" pelos homens quando, por vezes, estão em difíceis situações.

Diante desta calamidade, o mundo espiritual resolveu falar mais diretamente aos companheiros da Terra, mostrando-lhes a realidade da vida espiritual, revelando que ninguém morre, que todos têm as mesmas possibilidades de viver felizes, e que a reencarnação é uma lei para todas as criaturas. Os que regressaram à pátria do Espírito podem voltar e conversar com os que ficaram e, ainda mais, trazer a mesma palavra do Cristo para educar e instruir aos que desejam melhorar.

Diante desse trabalho espiritual, as torturas morais vão desaparecendo, como a bruma diante do sol.



[1] Filosofia Espírita – Volume 20 – João Nunes Maia

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