Algumas teses espiritualistas
relatam que o comportamento autista é decorrente do fato de o ser extrafísico
não ter aceitado sua reencarnação. Em O
livro dos Espíritos, na Questão 355, é ensinado que a aliança do espírito
ao corpo não é definitiva, porquanto os laços que o prendem ao corpo são muito
fracos, podendo romper-se por vontade da individualidade espiritual, recuando
diante da prova que escolheu.
Portanto, o Espiritismo instrui
que, nos casos de não aceitação da reencarnação, mediante o seu livre-arbítrio,
a entidade se retira e acontece um aborto, denominado, pela ciência, de espontâneo.
Aparência enganadora
Os déficits cognitivos severos,
associados às profundas alterações no inter-relacionamento social, caracterizam
o autista, apresentando uma forma de identificação profundamente diferente,
resultante do mau uso das faculdades intelectivas, em existências anteriores,
quando errou, exatamente, na dissimulação das emoções, estabelecendo relações
afetivas baseadas no engodo, no fingimento, para manter suas posições sociais
abastadas, no campo do poder social e, principalmente, na vigorosa sedução
sexual.
Utilizou o disfarce, a aparência
enganadora, cobrindo com uma máscara psicológica a sua verdadeira
personalidade, representando uma personagem falsa, enganando os circunstantes
para auferir vantagens.
Quantos indivíduos, exercendo
cargos religiosos, políticos, militares e policiais, sem a preocupação de
ajudar o próximo, assoberbados de vantagens pessoais, preocupados apenas com o
seu próprio bem-estar, apresentam-se como falsos líderes, ludibriando a muitos,
mas não conseguindo enganar a si próprios.
Desprovido de
controle
Na “Parábola dos Talentos”,
Jesus alude aos que usaram seus dons, atributos, sem benefício para os
semelhantes e, atormentados, posteriormente, pelo remorso, refletem um
sofrimento que parece não ter fim (imagem simbólica do fogo eterno), recebendo
a sentença que ressoa nos refolhos mais íntimos da consciência: “até o pouco
que têm lhes será tirado”.
O indivíduo autista representa alguém
necessitado de muita atenção, carinho e amor, vindo ao mundo físico em uma
reencarnação essencialmente expiatória, totalmente desprovido do controle de
suas emoções e com prejuízo acentuado na interação social.
Não desenvolve relacionamento
eficaz com seus pares e revela fracasso marcante no contato visual direto, na
expressão facial, na postura corporal, na tentativa espontânea de compartilhar
prazer, interesses ou realizações com outras pessoas.
Está agora sujeito às
consequências de seus atos impensados do pretérito. De tanto não conceder o
devido respeito às pessoas e de não conceber que os seres pensam e têm
sentimentos, retorna com déficit e prejuízo da empatia, com intensa dificuldade
de construir vínculos, sem se sentir atraído pelas pessoas e sem interesse em
tentar falar, considerando o rosto humano muito complexo, confuso e difícil de
olhar.
No pretérito, a todo o custo,
buscava a fama, a glória, o entusiasmo dos aplausos, o ardor dos cumprimentos e
abraços; hoje, com aparência desorientada devido a uma expressão sem emoção,
vivencia experiências caóticas, com dificuldade imensa de estar fora do seu
casulo particular, principalmente quando ouve o ruído de um grupo de pessoas,
causando acentuada confusão nos seus sentidos, sem saber distinguir os
estímulos e, muitas vezes, aguçada dificuldade em relação à sensibilidade
tátil, sentindo-se sufocado com um simples aperto.
Redenção espiritual
Deus, essencialmente o amor,
proporciona ao indivíduo imortal, diante da Eternidade, a oportunidade da
redenção espiritual.
Quando retornar à dimensão
extrafísica, apresentar-se-á curado, sem mais o remorso lhe assenhoreando o
íntimo, vivenciando a paz e agradecendo a valiosa oportunidade dispensada, a si
próprio, de agora poder valorizar a utilização dos dons da comunicação e o
talento do carisma, visando o bem-estar do próximo e o seu próprio crescimento
espiritual.
A chance de ter tido uma
existência difícil, quando se entretinha, enfileirando brinquedos e objetos,
particularmente, pauzinhos, caixinhas, peças coloridas para encaixe, despertou
dentro de si o potencial da humildade.
Captando paulatinamente as
vibrações amorosas de seus pais, familiares, amigos e abnegados terapeutas,
assimilando-as intensamente, a carapaça da empáfia desabou e descobriu em plenitude
o amor. Afinal, todos os filhos de Deus são herdeiros do Infinito e estão ainda
iniciando sua jornada evolutiva no rumo das moradas grandiosas e
incomensuráveis do Universo.
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