quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

DO GÉRMEN AO HOMEM[1]

 

Miramez

 

Se o germe da espécie humana estava entre os elementos orgânicos do globo, por que os homens não mais se formam espontaneamente, como em sua origem?

− O princípio das coisas permanece nos segredos de Deus; mas podemos dizer que os homens, uma vez dispersos sobre a Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação, para transmiti-los segundo as leis da reprodução. O mesmo aconteceu com as demais espécies de seres vivos.

Questão 49 / O Livro dos Espíritos

 

O aparecimento do homem na Terra não aconteceu diretamente, do gérmen a ele, sem as devidas escalas, sem as variadas formas organizadas pelas inteligências superiores. Há um progresso em tudo que existe, cuja força vem de Deus, que comanda tudo por intermédio de seus filhos maiores, encarregados do aperfeiçoamento de todas as coisas.

Depois que os corpos, tanto dos homens quanto dos animais de todas as ramificações, tomam as posições desejadas, a forma delineada pelos engenheiros siderais, neles mesmos contém a semente da continuação da espécie, que prolifera em todas as direções. Quem acredita na evolução das espécies e estuda o assunto com profundidade, passa a entender e sentir a mão divina, em todas as nuances da vida.

Já paraste para meditar na transformação de um protozoário unicelular, pelas mãos do tempo e de  Deus, a se expressar em um homem da atualidade? Já pensaste também nos caminhos percorridos? Todos os cálculos de tempo feitos estão sujeitos a reparos, porque a distância é muito grande. E um verdadeiro mistério, dentro dos mistérios maiores.

Existem leis organizadas no universo, modificadas para cada casa planetária, de acordo com a sua própria evolução, e essas leis são vigiadas pelas inteligências superiores, que as abrem em misericórdia, quando necessário, e impõem a justiça, quando é preciso. O “ninguém recebe o que não merece” e uma verdade absoluta em todas as dimensões da vida, e é neste sentido que o Evangelho nos concita ao amor e à caridade, na extensão infinita do bem, para que esse bem volte a nós enriquecido pelas fulgurações da fraternidade. Quando temos de falar de O Livro dos Espíritos detalhadamente, como ocorre neste caso, haveremos de repetir muitos assuntos e, nesta repetição, os valores são aflorados, como que nos favorecendo a oportunidade de um aprendizado mais seguro e um estudo mais amplo sobre os assuntos ventilados.

O mar faz como que o papel de útero da Terra. As águas foram criadas sob a supervisão de Jesus Cristo, e nelas foi colocado algo divino que, pela própria natureza, pudesse desenvolver o início da vida, para formas aperfeiçoadas no decorrer do tempo. A forma humana era a desejada, para que o Espírito encontrasse nela o instrumento para as suas grandes experiências na Terra. E eis aí, há muito tempo, em sociedades, os homens avançando e progredindo na escalada que lhes é própria, cumprindo, assim, uma determinação de Deus.

Do gérmen ao homem há uma escalada que devemos todos estudar, examinar os nossos ancestrais, mas é bom que não nos esqueçamos do fundamento das nossas vidas, que é Deus, cumprindo aquilo que Jesus nos pede: amá-lo sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Em tudo que fizermos sem Deus, desaparece a estabilidade e os nossos esforços serão enfraquecidos. Se nós procuramos a gênese de tudo que se refere à matéria, porque não buscarmos a nossa própria genealogia, e reconhecer o Senhor como nosso Pai que está nos Céus? Ele é que nos dirige todos, a quem devemos obediência. Ser-nos-á de grande proveito entendermos as lições de Jesus e procurarmos a vivência do seu Evangelho.

O princípio do homem está nos segredos de Deus, guardado na nossa consciência profunda. Um dia poderemos consulta-la, sem perda e gasto de tempo.

Antes disso, procuremos melhorar as nossas condições morais e espirituais, aumentando a nossa resistência e alargando as nossas capacidades de trabalho e de amor, que o amor verdadeiro nos salva de todas as imprudências passageiras dos nossos caminhos. Que Jesus nos abençoe.



[1] Filosofia Espírita – Volume 1 – João Nunes Maia

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