Hernani Trindade Sant’Anna, filho
de Cirilo Ribeiro de Sant’Anna e Durvalina Trindade de Sant’Anna, nasceu em 2
de novembro de 1926, em Salvador, Bahia, onde fez os cursos primário e
secundário no Colégio Salesiano. Aos dezessete anos, veio para o Rio de
Janeiro, ingressando desde logo na corporação Tiro de Guerra do Engenho de
Dentro; aí travou conhecimento com o companheiro de farda Ivan de Almeida Sá,
que o levou a frequentar o Centro Espírita Amaral Ornellas, em cujo quadro
administrativo figurava a Juventude Espírita. Recebido pelo Presidente
Diamantino Fausto Ramos de Sá, pai desse seu amigo, passou a participar do
grupo de jovens, com os quais se identificou de imediato, dando ao núcleo
juvenil preciosa colaboração.
Fundada em agosto de 1947 a
União das Juventudes Espíritas do Distrito Federal (Rio de Janeiro), que
aglutinava as Mocidades Espíritas da época, Trindade Sant’Anna fez-se notar
como Secretário-Geral, por apreciável atuação. A convite do Presidente da
Federação Espírita Brasileira, Antonio
Wantuil de Freitas, intermediado pelo Secretário Francisco Virgílio da
Rocha Garcia, a UJEDF, a partir de 1948, se instalou na sede da Casa-Máter do
Espiritismo no Brasil. Em 13 de novembro de 1949, em decorrência do Pacto Áureo
– Acordo de Unificação do Movimento Brasileiro – celebrado, a 5 de outubro do
mesmo ano, na Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro, a União se
transformou em Departamento da Juventude Espírita da FEB. A esse órgão
administrativo infanto-juvenil, foi-lhe confiada, em abril de 1950, a direção
do jornal “Brasil-Espírita”, mensário específico para divulgação da matéria
doutrinária pertinente à criança e ao jovem. Hernani, quer naquela fase
anterior, quer nessa outra, com o pseudônimo de Fontes da Luz, escreveu
magníficas páginas de direcionamento e edificação endereçadas aos jovens
espíritas do Brasil, sendo também de sua lavra lítero-doutrinária, em poesia e
prosa, trabalhos primorosos em “Reformador”, sem falar no livro Juventude em
Marcha, em cujo texto predominam temas por ele dissertados.
Técnico em Contabilidade,
Bacharel em Direito pela Faculdade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro,
Procurador Jurídico da Superintendência de Seguros Privados do Ministério da
Fazenda, Trindade Sant’Anna primou pela competência, capacidade de serviço,
honradez e idoneidade moral.
Assessor da Presidência Febiana
de 1977 a 1995. Suplente do Conselho Fiscal da FEB por vários anos. Membro
efetivo do Conselho Superior da Federação Espírita Brasileira, de 1976 a 2000.
Orador fluente, de grandes dotes
culturais, agradava a quantos o ouviam, não só pela beleza e eloquência da
linguagem como pelo conteúdo dos assuntos abordados. Quando falava no grande
salão de conferências da Avenida Passos, 30, o recinto ficava literalmente
lotado. Poeta nato, deixou verdadeiras obras-primas de uma Poética superior, a
quase totalidade de fundo espírita. O seu livro Canções do Alvorecer,
publicado pela Federação Espírita Brasileira em 1954, bem espelha o primor de
seus versos. Como médium psicógrafo, não foi menos saliente a sua produção
poética ou em prosa recebida de Espíritos diversos, estampada, quer em “Reformador”
e outros periódicos, quer em livros como: Universo e Vida (1979), pelo
Espírito Áureo; Correio Entre Dois Mundos (1988), em prosa e verso; Amar
e Servir (1993), de mensagens recebidas, em sua maioria, no Grupo Ismael da
Federação Espírita Brasileira, quase todas em prosa. Essas obras mediúnicas, do
elenco editorial Febiano, não só edificam pela grandeza moral de suas páginas,
como ressumbram, a cada capítulo, elevados ensinos em perfeita harmonia com a
Mensagem do Cristo Jesus.
Em 1991, ainda pela Federação,
deu a público a obra Notações de Um Aprendiz, em que na primeira parte
tece comentários sobre várias passagens evangélicas, principalmente
relacionadas com Jesus, e, na segunda, analisa, prioritariamente, notícias
veiculadas pela grande imprensa leiga, observando-as segundo a visão espírita.
De sua lavra foram publicados
pelas Livrarias Allan Kardec Editora, de São Paulo, e Auta de Souza, de
Brasília, respectivamente A Razão e a Fé, e Em Busca da Verdade.
Em meados do século XX, Trindade
Sant’Anna ombreou com dedicados jovens espíritas empenhados na dinamização da
evangelização espírita infanto-juvenil, associando a eles seus melhores
esforços no sentido de darem à matéria específica dessa área mais divulgação e
maior abrangência. Compunham, então, esse grupo de moços: Agadyr Teixeira
Torres, Jayme Cerviño, Célia Cerviño, Clemente Martins, Antonio Vilela, Arnaldo
Ávila Campos, Alberto Nogueira da Gama, Iaponan Albuquerque da Silva, Atlas de
Castro, Ivan de Almeida Sá, Lenice Teixeira Dias, Laís Teixeira Dias, Maria
Lina Teixeira Dias, Maria Luiza Serra Pontes, Armando Diniz, alguns dos quais
ainda estão entre nós.
Hernani foi importante
articulador, com o então Presidente Francisco
Thiesen e o Vice-Presidente Juvanir Borges de Souza, dos termos da
Escritura lavrada entre Chico
Xavier e a Federação Espírita Brasileira, em 19 de outubro de 1978, sobre
direitos autorais de livros mediúnicos cedidos a FEB.
Na obra Amar e Servir,
consta, de Amaral
Ornellas, o soneto “Mensagem” (p.13), e, de Emmanuel, “Carta Paternal” (p.
15-20), peças dedicadas à pessoa do médium, nas quais ressumbram o caráter
superior de sua missão e o incentivo ao trabalho com Jesus “sem mágoas, sem
protestos pessoais, sem exteriorizações da nossa personalidade”.
Desfrutou da estreita amizade do
Presidente A. Wantuil de Freitas, que o tinha em conta de um filho, bem como se
tornou muito amigo dos Presidentes Francisco Thiesen e Juvanir Borges de Souza,
dos quais receber todo apoio afetivo e efetivo, sempre cercado de máxima
consideração.
Casado com Nilda Maria de
Sant’Anna, autora de livro de memórias O Barrigudinho, pai de cinco
filhos naturais e dois adotivos, avô de sete netos, dividiu com os familiares
toda a ternura e carinho, fazendo sua a felicidade deles.
Depois de pertinaz enfermidade,
desencarnou, em 25 de junho de 2001, Hernani Trindade Sant’Anna, que teve, no
dia 27, seu corpo cremado no Crematório São Francisco Xavier, no Caju, Rio de
Janeiro, a cujo velório acorreu considerável número de pessoas do seu círculo
de amizades. O representante da FEB, Alberto Nogueira da Gama, fez a prece a
Jesus pelo desencarnado.
Ao companheiro de ideal, que se
notabilizou na comunidade espírita e querido de todos que com ele privaram,
nossos votos de plena e feliz integração no Plano Espiritual.
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