Allan Kardec
Várias vezes já nos perguntaram
o que pensamos da concordância dos números, e se cremos no valor dessa ciência.
Nossa resposta é bem simples:
até o momento nada pensamos a respeito, porque com ela jamais nos ocupamos. Bem
que temos visto alguns casos de concordâncias singulares entre as datas de
certos acontecimentos, mas em pequeníssimo número para delas tirar uma conclusão,
mesmo aproximada. A bem dizer, não vemos a razão de tal coincidência; mas,
porque não se compreende uma coisa, isto não é motivo para que ela não exista.
A Natureza não disse a sua última palavra, e o que hoje é utopia, amanhã pode
ser verdade. É possível que, entre os fatos, exista uma certa correlação, que
não suspeitamos, e que poderia traduzir-se por números. Em todo o caso, não se
poderia dar o nome de ciência a um cálculo tão hipotético quanto o das
relações numéricas, no que concerne à sucessão dos acontecimentos. Uma ciência
é um conjunto de fatos bastante numerosos para deles se deduzirem regras, e
susceptíveis de demonstração. Ora, no estado atual dos nossos conhecimentos,
seria de absoluta impossibilidade dar dos fatos desse gênero uma teoria
qualquer, nem nenhuma explicação satisfatória. Não é, pois, ou, se preferirem,
não é ainda uma ciência, o que não implica a sua negação.
Há fatos sobre os quais temos
uma opinião pessoal; no caso de que se trata, não temos nenhuma, e se nos
inclinássemos para um lado, seria antes para a negativa, até prova em
contrário.
Baseamo-nos em que o tempo é
relativo; não pode ser apreciado senão em termos de comparação e os pontos de
referência estabelecidos na revolução dos astros, e esses termos variam conforme
os mundos, porque fora dos mundos o tempo não existe: não há unidade para medir
o infinito. Assim, não parece haver uma lei universal de concordância para a
data dos acontecimentos, já que o cômputo da duração varia conforme os mundos,
a menos que haja, sob esse aspecto, uma lei particular para cada mundo,
destinada à sua organização, como há uma para a duração da vida de seus
habitantes.
Seguramente, se tal lei existir,
um dia será reconhecida.
O Espiritismo, que assimila
todas as verdades, quando estas são constatadas, não repelirá esta; mas como,
até o presente, essa lei não é atestada por um número suficiente de fatos, nem
por uma demonstração categórica, com ela nos devemos preocupar tanto menos
quanto ela só nos interessa de maneira muito indireta. Não dissimulamos a
gravidade dessa lei, se é que ela existe, mas como a porta do Espiritismo
estará sempre aberta a todas as ideias progressivas, a todas as aquisições da
inteligência, ele se ocupa com as necessidades do momento, sem temer ser
ultrapassado pelas conquistas do futuro.
Tendo sido a questão exposta aos
Espíritos num grupo muito sério do interior, e por isto mesmo geralmente bem
assistido, foi respondido:
Há, certamente, no conjunto dos fenômenos morais, como
nos fenômenos físicos, relações fundadas sobre os números.
A lei da concordância das datas não é uma quimera; é
uma das que vos serão reveladas mais tarde, e vos darão a chave das coisas que
vos parecem anomalias. Porque, crede-o bem, a Natureza não tem caprichos;
marcha sempre com precisão e com segurança. Aliás, esta lei não é tal qual
imaginais; para a compreender na sua razão de ser, no seu princípio e na sua
utilidade, necessitais adquirir ideias que ainda não possuís, e que virão a seu
tempo. No momento, este conhecimento seria prematuro, razão por que não vos é
dado; seria, pois, inútil insistir. Limitai-vos a recolher os fatos; observai
sem nada concluir, com receio de vos enganar. Deus sabe dar aos homens o
alimento intelectual à medida que estão em condição de o suportar. Trabalhai
sobretudo no vosso adiantamento moral, o mais essencial, porque é por este que
merecereis possuir novas luzes.
Somos da mesma opinião.
Pensamos, até, que haveria mais inconvenientes do que vantagens em vulgarizar
prematuramente uma crença que, em mãos ignorantes, poderia degenerar em abuso e
em práticas supersticiosas, por falta do contrapeso de uma teoria racional.
O princípio da concordância das
datas é, pois, inteiramente hipotético; mas se nada é ainda permitido afirmar a
este respeito, a experiência demonstra que, na Natureza, muitas coisas estão
subordinadas a leis numéricas, susceptíveis do mais rigoroso cálculo. Este
fato, de grande importância, talvez possa um dia lançar luz sobre a primeira
questão. É assim, por exemplo, que as chances do acaso estão submetidas, no seu
conjunto, a uma periodicidade de admirável precisão; a maior parte das
combinações químicas, para a formação dos corpos compostos, dão-se em
proporções definidas, isto é, precisa-se de um número determinado de moléculas
de cada um dos corpos elementares, e que uma molécula a mais ou a menos muda
completamente a natureza do corpo composto. (Vide A Gênese, cap. X, no 7
e seguintes); a cristalização se opera sob ângulos de uma abertura constante;
em Astronomia, os movimentos e as forças seguem progressões de um rigor
matemático, e a mecânica celeste é tão exata quanto a mecânica terrestre; dá-se
o mesmo com a reflexão dos raios luminosos, calóricos e sonoros; é sobre
cálculos positivos que são estabelecidas as chances de vida e de mortalidade
nos seguros.
É certo, pois, que os números
estão em a Natureza e que leis numéricas regem a maior parte dos fenômenos de
ordem física. Dá-se o mesmo nos fenômenos de ordem moral e metafísica? É o que
seria presunção afirmar, sem dados mais certos do que os que se possuem. Esta
questão, aliás, levanta outras que têm a sua seriedade, e sobre as quais
julgamos útil apresentar algumas observações de um ponto de vista geral.
Desde que uma lei numérica rege
os nascimentos e a mortalidade dos indivíduos, não poderia dar-se o mesmo,
embora em escala mais vasta, com as individualidades coletivas, tais como as
raças, os povos, as cidades etc.? As fases de sua marcha ascendente, de sua
decadência e de seu fim, as revoluções que marcam as etapas do progresso da Humanidade,
não estariam sujeitas a uma certa periodicidade? Quanto às unidades numéricas
para o cômputo dos períodos humanitários, se não são os dias, nem os anos, nem
os séculos, poderiam ter por base as gerações, como alguns fatos tenderiam a
fazer supor.
Aí não está um sistema; é ainda
menos uma teoria, mas uma simples hipótese, uma ideia fundada numa
probabilidade, e que um dia, talvez, possa servir de ponto de partida para ideias
mais positivas.
Mas, dirão, se os acontecimentos
que decidem a sorte da Humanidade, de uma nação, de uma tribo, têm prazos
regulados por uma lei numérica, será a consagração da fatalidade e, então, em
que se torna o livre-arbítrio do homem? Estará o Espiritismo laborando em erro,
quando diz que nada é fatal, e que o homem é o senhor absoluto de suas ações e
de sua sorte?
Para responder a esta objeção,
há que tomar a questão de mais alto. Antes de mais, digamos que o Espiritismo
jamais negou a fatalidade de certas coisas e que, ao contrário, sempre a
reconheceu; mas ele diz que essa fatalidade não entrava o livre-arbítrio.
Eis o que é fácil demonstrar.
Todas as leis que regem o
conjunto dos fenômenos da Natureza têm consequências necessariamente fatais,
isto é, inevitáveis, e essa fatalidade é indispensável à manutenção da harmonia
universal. O homem, que sofre essas consequências, está, pois, em alguns
aspectos, submetido à fatalidade, em tudo quanto não dependa de sua iniciativa.
Assim, por exemplo, deve morrer fatalmente; é a lei comum, à qual não pode
subtrair-se e, em virtude dessa lei, pode morrer em qualquer idade, quando
chegar a sua hora; mas, se apressa voluntariamente a sua morte, pelo suicídio
ou por seus excessos, age em virtude de seu livre-arbítrio, porque ninguém o
pode constranger a fazê-lo. Deve comer para viver: é a fatalidade; mas se comer
além do necessário, pratica um ato de liberdade.
Em sua cela, o prisioneiro é
livre de mover-se à vontade, no espaço que lhe é concedido; mas as paredes que
não pode transpor são para ele a fatalidade que lhe restringe a liberdade.
Para o soldado a disciplina é
uma fatalidade, pois o obriga a atos independentes de sua vontade, mas não é
menos livre em suas ações pessoais, pelas quais é responsável. Assim é com o
homem na Natureza. A Natureza tem as suas leis fatais, que lhe opõem uma
barreira, mas aquém da qual ele pode mover-se à vontade.
Por que Deus não deu ao homem
inteira liberdade?
Porque Deus é como um pai
previdente, que limita a liberdade dos filhos ao nível de seu raciocínio e do
uso que dela podem fazer. Se o homem já se serve tão mal da que lhe é
concedida, se não sabe governar-se a si mesmo, que seria se as leis da Natureza
estivessem à sua disposição, e se não lhe opusessem um freio salutar?
O homem pode, pois, ser livre em
suas ações, malgrado a fatalidade que preside ao conjunto; é livre em certa
medida, no limite necessário para lhe deixar a responsabilidade de seus atos.
Se, em virtude dessa liberdade, ele perturba a harmonia pelo mal que faz, se
interpõe um obstáculo à marcha providencial das coisas, é o primeiro a sofrer
por isto, e como as leis da Natureza são mais fortes que ele, acaba sendo
arrastado na corrente; então sente necessidade de voltar para o bem e tudo
retoma o seu equilíbrio.
Assim, a volta ao bem é ainda um
ato livre, embora provocado, mas não imposto, pela fatalidade.
O impulso dado pelas leis da
Natureza, assim como os limites que elas estabelecem, são sempre bons, porque a
Natureza é a obra da sabedoria divina. A resistência a essas leis é um ato de
liberdade e essa resistência sempre desencadeia o mal. Sendo o homem livre para
observar ou infringir essas leis, no que toca a sua pessoa, é, pois, livre de
fazer o bem ou o mal. Se pudesse ser fatalmente levado a fazer o mal, e não
podendo essa facilidade vir senão de um poder superior a ele, Deus seria o
primeiro a transgredir suas leis.
Quem é aquele a quem muitas
vezes aconteceu dizer:
Se eu não tivesse agido como agi em tal circunstância,
não estaria na posição em que estou; se tivesse que recomeçar, agiria de outra
maneira?
Não era reconhecer que era livre
para fazer ou não fazer? Que estava livre para fazer melhor outra vez, se se
apresentasse ocasião? Ora, Deus, que é mais sábio que ele, prevendo os erros
nos quais pode cair, o mal uso que pode fazer de sua liberdade, dá-lhe indefinidamente
a possibilidade de recomeçar pela sucessão de suas existências corporais, e ele
recomeçará até que, instruído pela experiência, não mais se engane de caminho.
O homem pode, pois, conforme a
sua vontade, apressar o termo de suas provas, e é nisto que consiste a
liberdade.
Agradeçamos a Deus por não nos
ter fechado para sempre o caminho da felicidade, decidindo a nossa sorte
definitiva após uma existência efêmera, notoriamente insuficiente para
alcançarmos o topo da escada do progresso, e por nos haver dado, pela
fatalidade mesma da reencarnação, os meios de adquirir incessantemente,
renovando as provas nas quais fracassamos.
A fatalidade é absoluta para as
leis que regem a matéria, porque a matéria é cega; não existe para o Espírito,
ele próprio chamado para reagir sobre a matéria, em virtude de sua liberdade.
Se as doutrinas materialistas
fossem verdadeiras, elas seriam a mais formal consagração da fatalidade; porque
se o homem fosse apenas matéria, não poderia ter iniciativa. Ora, se lhe
concedeis a iniciativa, seja no que for, é que é livre; e se é livre, é que tem
em si algo além da matéria. Sendo o materialismo a negação do princípio
espiritual, é, por isso mesmo, a negação da liberdade e, contradição bizarra! Os
materialistas, os mesmos que proclamam o dogma da fatalidade, são os primeiros
a tirar partido de sua liberdade; a reivindicá-la como um direito na sua mais
absoluta plenitude, junto aos que a restringem, e isto sem suspeitar que é
reclamar o privilégio do Espírito, e não da matéria.
Aqui se apresenta outra questão.
A fatalidade e a liberdade são dois princípios que parecem excluir-se. A
liberdade da ação individual é compatível com a fatalidade das leis que regem o
conjunto, e esta ação não vem perturbar sua harmonia? Alguns exemplos tomados
dos fenômenos mais vulgares da ordem material tornarão evidente a solução do
problema.
Dissemos que as chances do acaso
se equilibram com surpreendente regularidade. Com efeito, é um resultado muito conhecido
no jogo do vermelho e preto que, a despeito de sua irregularidade de saída a
cada lançamento, as cores são em número igual ao cabo de certo número de
jogadas; isto é, em cem jogadas, haverá cinquenta vermelhas e cinquenta negras;
em mil, quinhentas de uma e quinhentas da outra, aproximadamente. Dá-se o mesmo
com os números pares e ímpares e com todas as chances ditas duplas. Se, em vez
de duas cores, houver três, haverá um terço de cada; se forem quatro, um quarto
etc. Muitas vezes a mesma cor sai por série de duas, três, quatro, cinco, seis
vezes seguidas; num certo número de jogadas, haverá tantas séries de duas
vermelhas, quanto de duas pretas, tanto de três vermelhas quanto de três
pretas, e assim por diante; mas as jogadas de duas serão metade menos numerosas
que as de uma; as de três, um terço das de uma; as de quatro, um quarto etc.
Nos dados, como estes têm seis
faces, jogando-o sessenta vezes, chegar-se-á a dez vezes um ponto, dez vezes
dois pontos, dez vezes três pontos e assim com os outros.
Na antiga loteria de França,
havia noventa números colocados numa roda; tiravam-se cinco de cada vez. Os
registros de vários anos constataram que cada número tinha saído na proporção de
um nonagésimo e cada dezena na proporção de um nono.
A proporção é tanto mais exata
quanto mais considerável o número de jogadas. Em dez ou vinte jogadas, por exemplo,
pode ser muito desigual, mas o equilíbrio se estabelece à medida que aumenta o
número de jogadas, e isto com uma regularidade matemática. Sendo isto um fato
constante, é bem evidente que uma lei numérica preside a essa repartição,
quando abandonada a si mesma e que nada vem forçá-la ou entravá-la. O que se
chama acaso está, pois, submetido a uma lei matemática ou, melhor dizendo, não
há acaso. A irregularidade caprichosa que se manifesta em cada jogada, ou num
pequeno número de lances, não impede a lei de seguir o seu curso, donde se pode
dizer que há nessa repartição uma verdadeira fatalidade; mas essa fatalidade,
que preside ao conjunto, é nula, ou pelo menos inapreciável, para cada lance ou
jogada isolada.
Estendemo-nos um pouco no
exemplo dos jogos, porque é um dos mais admiráveis e fáceis de verificar, pela possibilidade
de multiplicar os fatos à vontade, em curto espaço de tempo; e como a lei
ressalta do conjunto dos fatos, foi esta multiplicidade que permitiu reconhecê-la,
sem o que é provável que ainda a ignorassem.
A mesma lei pôde ser observada
com precisão nas chances de mortalidade. A morte, que parece ferir
indistintamente e às cegas, não segue menos, em seu conjunto, uma marcha
regular e constante, segundo a idade. Sabe-se perfeitamente que, em mil indivíduos
de todas as idades, em um ano morrerão tantos de um a dez anos, tantos de dez a
vinte anos, tantos de vinte a trinta anos, e assim por diante; ou, então, que
após um período de dez anos, o número dos sobreviventes será de tantos de um a
dez anos, de tantos de dez a vinte anos etc. Causas acidentais de mortalidade podem
perturbar momentaneamente esta ordem, como no jogo a saída de uma longa série
da mesma cor rompe o equilíbrio; mas se, em vez de um período de dez anos e de
um número de mil indivíduos, estende-se a observação a cinquenta anos e cem mil
indivíduos, o equilíbrio será restabelecido.
De acordo com isto, é permitido
supor que todas as eventualidades que parecem ser efeito do acaso, assim na
vida individual, como na dos povos e da Humanidade, são regidas por leis
numéricas, e o que falta para as reconhecer é poder abarcar de um golpe de
vista uma massa bastante considerável de fatos, e um lapso de tempo suficiente.
Pela mesma razão, nada haveria
de absolutamente impossível que o conjunto de fatos de ordem moral e metafísica
fosse igualmente subordinado a uma lei numérica, cujos elementos e as bases,
até agora, nos são totalmente desconhecidos. Em todo o caso, vê-se, pelo que
precede, que essa lei ou, se se preferir, essa fatalidade do conjunto, de modo
algum anularia o livre-arbítrio. É o que nos tínhamos proposto demonstrar. Não
se exercendo o livre-arbítrio senão sobre os pontos isolados de detalhe, não entravaria
a realização da lei geral, como a irregularidade da saída de cada número não
entrava a repartição proporcional desses mesmos números sobre um certo número
de saídas. O homem exerce o seu livre-arbítrio na pequena esfera de sua ação
individual; esta pequena esfera pode estar na confusão, sem que isto a impeça de
gravitar no conjunto segundo a lei comum, assim como os pequenos redemoinhos
causados nas águas de um rio pelos peixes que se agitam, não impedem a massa
das águas de seguir o curso forçado que lhe imprime a lei de gravitação.
Tendo o homem o seu
livre-arbítrio, a fatalidade não participa de suas ações individuais; quanto
aos acontecimentos da vida privada, que por vezes parecem atingi-lo fatalmente,
têm duas fontes bem distintas: uns são consequência direta de sua conduta na existência
presente; muitas pessoas são infelizes, doentes, enfermas por sua falta; muitos
acidentes são resultado da imprevidência; ele não pode queixar-se senão de si
mesmo, e não da fatalidade ou, como se diz, de sua má estrela. Os outros são completamente
independentes da vida presente e, por isto mesmo, parecem devidos a uma certa
fatalidade; mas, ainda aqui, o Espiritismo nos demonstra que essa fatalidade é
apenas aparente, e que certas situações penosas da vida têm sua razão de ser na
pluralidade das existências. O Espírito as escolheu voluntariamente na
erraticidade, antes de sua encarnação, como provações para o seu adiantamento;
elas são, pois, produto do livre-arbítrio, e não da fatalidade. Se algumas
vezes são impostas, como expiação, por uma vontade superior, é ainda em razão
das más ações voluntariamente cometidas pelo homem numa precedente existência,
e não como consequência de uma lei fatal, pois ele poderia tê-las evitado, agindo
de outro modo.
A fatalidade é o freio imposto
ao homem por uma vontade superior à sua, e mais sábia que ele, em tudo o que
não é deixado à sua iniciativa; mas jamais é um entrave ao exercício de seu livre-arbítrio,
no que concerne às suas ações pessoais. Ela também não pode impor-lhe nem o
mal, nem o bem; desculpar uma ação má qualquer pela fatalidade ou, como se diz
muitas vezes, pelo destino, seria abdicar do julgamento que Deus lhe deu, para
pesar o pró e o contra, a oportunidade ou a inoportunidade, as vantagens ou os
inconvenientes de cada coisa. Se um acontecimento está no destino de um homem,
ele se realizará, a despeito de sua vontade, e será sempre para o seu bem; mas
as circunstâncias da realização dependem do uso que ele faça de seu
livre-arbítrio, e muitas vezes ele pode fazer redundar em seu prejuízo o que deveria
ser um bem, se agir com imprevidência, e se se deixar arrastar pelas paixões.
Engana-se mais ainda se toma o
seu desejo ou os desvios de sua imaginação por seu destino. (Vide O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, nos 1 a 11)
Tais são as reflexões que nos
sugeriram os três ou quatro pequenos cálculos de concordância de datas, que nos
foram apresentados, e sobre os quais pediram a nossa opinião. Elas eram necessárias
para demonstrar que em semelhante matéria, de alguns fatos idênticos não se
podia concluir por uma aplicação geral.
Aproveitamo-los para resolver,
por novos argumentos, a grave questão da fatalidade e do livre-arbítrio.
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