quinta-feira, 6 de outubro de 2022

TRABALHO INTERROMPIDO[1]

 

Miramez

 

Aquele que iniciou grandes trabalhos com uma finalidade útil e que os vê interrompidos pela morte, lamenta tê-los deixado por acabar?

− Não, porque vê que outros estão destinados a concluí-los. Ao contrário, trata de influenciar outros Espíritos humanos a continuá-los. Seu objetivo na Terra era o bem da humanidade; esse objetivo é o mesmo, no mundo dos Espíritos.

Questão 314/O Livro dos Espíritos

 

Os trabalhos de alguma alma caridosa, interrompidos na Terra pelo processo da desencarnação, não são nem podem ser sinônimos de paralisação. Já no mundo espiritual, o Espírito que viu o seu trabalho interrompido pela morte, trata de inspirar seus companheiros que ficaram para a continuação do mesmo e, por vezes, a fazê-lo em ritmo mais acelerado do que quando ele estava à frente do ideal, em favor da coletividade.

Deus não é deus de limitações, e tanto na Terra quanto no mundo dos Espíritos, existem legiões de almas preparadas para todos os trabalhos que o Senhor achar conveniente.

Ninguém é insubstituível. Existe somente um Espírito que não pode ser substituído: Deus.

Quando os trabalhos iniciados são interrompidos com o desaparecimento do Espírito que lhes deu início, é porque não estava na programação de Jesus para que ele fosse realizado na Terra ou, então, esse trabalho já tinha atingido seu objetivo. Isso acontece muitas vezes.

Podemos focalizar, como exemplo, a monumental obra de Allan Kardec, cujas mãos generosas deram começo, como revivescência do Cristianismo original: ele partiu para o mundo espiritual e vem inspirando milhares de outros encarnados para a continuação da sua obra de luz e, para tanto, tem a maior alegria, quando encontra alguém que desempenha o mandato com amor, partindo para fazer com perfeição o dever de ser útil à humanidade. Estamos todos sendo chamados para cooperar na sequência da Doutrina dos Espíritos, de modo que ela seja divulgada em toda a Terra, levando, como é sua missão, a fé renovada em Cristo para todos os povos.

As almas missionárias, quando desencarnam, não ficam tristes por terem deixado obras interrompidas, por saberem que tudo pertence a Deus, sob a orientação de Jesus.

O medo de deixar o trabalho interrompido nasce da falta de compreensão. Mãos e mais mãos nos sucedem em todas as atividades, desde que haja vontade da Suprema Inteligência. Vamos confiar mais n’Aquele que nos fez, pois, tudo se encontra ligado a Ele.

Quando se alimentar um ideal, não se deve fazê-lo com violência: deve-se empregar as forças com ponderação, lembrando-se sempre da passagem do Evangelho, quando Gamaliel, no Sinédrio, aconselha ao povo enfurecido com os discípulos de Jesus. Como mestre da lei, disse:

Agora vos digo: dai de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem dos homens, perecerá. Mas se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus. E concordaram com ele. (Atos, 5:38 e 39).

E como a obra era de Deus, os discípulos e seguidores de Jesus partiram para o além; no entanto, voltaram à Terra vezes sem conta para inspirar os seguidores da grande obra iniciada por Jesus Cristo. E continuam até os dias de hoje batalhando com mais alegria, principalmente no novo instrumento que se chama Doutrina Espírita, para que o Evangelho seja conhecido em todas as nações, no despertar de todas as criaturas, como sendo a luz de todos os caminhos.

A humanidade se encontra em novos preparos, objetivando novos ideais, desde quando sejam alicerçados nos fundamentos de vida, lançados por Jesus aos corações. Ele, verdadeiramente, é o caminho na vida de Deus, impulsionado pela verdade universal.



[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia

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