Hellen Keller, nasceu em 22 de
junho de 1880, em Tuscumbia, pequena cidade do norte de Alabama. Filha de Catherine
E. Keller e Arthur H. Keller. Seus
irmãos: James Keller, William Simpson Keller, Mildred Keller, Phillips Keller.
Aos dezoito meses de idade ficou
repentinamente cega e surda durante uma doença infecciosa.
Seus primeiros dias de vida
foram como os de toda criança.
Cega, surda, tida como muda e
como débil mental, antes de poder mostrar ao mundo sua personalidade ímpar, sua
inteligência de superdotada e seus característicos de espírito evoluído.
Hellen Keller viveu encarcerada
na mais estreita prisão que se pode conceber − a sensorial − que lhe deveria
causar completa incomunicabilidade. Contudo, rompeu barreiras até então
intransponíveis, e abriu muitas portas aos excepcionais deficientes sensoriais.
Mas, não foi só isso.
Independentemente de suas deficiências físicas, sua personalidade foi
admirável. A respeito, disse Mark Twain: As duas figuras mais interessantes
do século XIX foram Napoleão e Hellen Keller.
Aos sete anos de idade,
extremamente nervosa com sua infinita solidão, tida como agressiva, difícil e
retardada mental, começou uma fase nova. O dia mais memorável de sua vida foi
aquele em que a professora Ana Mansfield Sullivan, veio juntar-se a ela.
Começou a descobrir, com a mestra dedicada, que as coisas tinham nome, e que os
pensamentos e sentimentos podiam ser escritos com sinais. Entrou no horizonte
da leitura e da escrita pelo processo dos dedos na palma das mãos.
Daí em diante a vida ficou
“maravilhosa”.
Luz! Luz! Era o grito incompreendido da minha alma.
Nesse dia o astro luminoso raiou para mim.
Estudou, pesquisou com o tato, o
gosto e o olfato, escreveu livros e ensaios. Leu, no idioma original, entre
outras, obras de Corneille, Alfred de Musset, Molière, Goethe, Schiller e
Milton. Aprendeu o latim e o grego. Formou-se na Universidade de Harvard
(Radcliffe College), aos vinte e quatro anos de idade.
As palavras dos mestres iam-lhe
sendo rapidamente transmitidas pelas mãos, através do alfabeto dos mudos, e
seus exames eram feitos em máquinas datilográficas comuns. Lia livros de letras
gráficas em relevo, ou os livros em Braille que eram poucos.
Ouvia a linguagem oral dos
outros colocando suas mãos nos lábios ou sobre as cordas vocálicas dos que
falavam. E, por esse sistema, iniciou a própria fala.
Durante o estudo universitário,
essa jovem solitária pela ausência da visão e da audição, contudo dizia:
A única coisa que
me desgosta é a falta de tempo para as minhas introspecções espirituais.
Fez críticas de grande finura e
sensibilidade sobre o ensino da época:
O cérebro sobrecarregado não pode gozar as riquezas
intelectuais adquiridas a golpes de sacrifícios.
Lendo a Ilíada, amou a Grécia.
Referiu-se à Bíblia dizendo:
Ela me deu a convicção de que as coisas eternas são
exatamente aquelas que escapam à percepção dos sentidos.
Aos vinte anos de idade escreveu
sua obra mais famosa: A História de Minha Vida.
Pouco mais que adolescente, essa
mulher conta ao mundo a sua magnífica experiência. Rememora, como raras pessoas
puderam fazer, algumas ocorrências, de seus primeiros meses de vida, até a
Universidade. Confronta o mundo interior ao mundo exterior, que pôde captar,
identificando ressonâncias e dissonâncias. Traz à tona aspectos inéditos de
vivência, e modelos de tenacidade, com a espontaneidade dos simples e puros de
coração.
Quem não leu sua autobiografia,
traduzida para quase todos os idiomas, perdeu alguma coisa que ninguém mais lhe
pode dar.
Depois desse livro, Hellen não
se preocupou mais em descrever-se. Dedicou toda a sua vida ao bem, ajudando os
inválidos e os desesperados, não só diretamente, através de incontável
correspondência, como de conferências e trabalhos que promoveu em favor dos
deficientes.
Em 1896, no “V Congresso da
Associação pelo Ensino da Linguagem Oral aos Surdos”, fez uma impressionante
palestra que terminava assim:
No vencer as rudezas do caminho sentireis alegrias que
não teríeis nunca, fosse a estrada confortável, e pudésseis caminhar
direito....
Discutia-se sobre se o surdo
deveria ou não ser introduzido na linguagem oral. Então ela lhes disse:
Havemos de falar e havemos de cantar porque Deus quer
nossas palavras e nossos cantos.
Seus resultados foram obtidos a
golpes de energia e inteligência sem par, diz um de seus comentadores.
Hellen costumava assistir a
concertos musicais. Gostava principalmente de solos de corda. Pousava suas mãos
sobre o instrumento e “ouvia” a música. Contam que, certa vez, viram-na
maravilhar-se quando tocaram o órgão de São Bartolomeu em sua presença, embora
estivesse isolada no meio do templo.
Tivemos a ventura de,
pessoalmente, conhecê-la e ouvi-la falar. Ainda era uma mulher muito bela,
aparentando setenta e poucos anos. Seus olhos sem óculos, azuis claros, um
pouco esfumaçados, contudo pareciam ter vida, e seu rosto agradável, emoldurado
pelos cabelos grisalhos cobertos por pequeno chapéu florido, era irradiante de
luz. Corpo esbelto, postura elegante, e gestos discretos, mas flexíveis.
No dia em que a conhecemos,
Hellen, falava sobre a situação dos cegos, surdos-mudos, chamando a isso “um
dos pequenos problemas da humanidade. Há outros muito mais graves”.
Respondeu a perguntas, e fez os
ouvintes rirem descontraídos, com seu senso de humor e suas respostas
inesperadas. Nós, os do auditório, estávamos emocionados, mas não apiedados.
Entusiasmados, embora um pouco apequenados. Parecia-nos estar recebendo uma
missionária de esfera superior, e de um tempo futuro. Não falou em estilo
religioso ou filosófico, em alma, no bem ou em Deus, mas tudo isso parecia
estar ali, dentro dela.
É claro que o timbre de sua voz
era específico, um pouco mais agudo e ritmado do que o dos falantes comuns. Ela
aprendera a falar sem ter ouvido qualquer som, nem ter visto ninguém e nada,
para que pudesse imitar.
Em 1 de junho de 1968, com a
idade de oitenta e oito anos, Hellen Keller desencarnou em Easton, Connecticut,
depois de um pequeno ataque cardíaco que a deixou de cama por uma semana.
Para os deficientes sensoriais
do mundo, Hellen é um marco.
Para os estudiosos das
potencialidades humanas, representa um rico material de estudo; provavelmente,
também para os simpatizantes da teoria de percepção extra-sensorial.
Mas outra coisa nela é ainda
mais importante: A Vitória do espírito sobre a matéria, e a mensagem transmitida
integralmente.
André Luiz, através do médium
Francisco Cândido Xavier, nos lembra que muitos “Mensageiros” descem à Terra
com tarefas específicas. Prometem vencer, e todas as facilidades lhes são
proporcionadas.
A maioria regressa à Pátria
Espiritual vencida, curvada pelos espinhos do caminho, envergonhada pelos
fracassos, frustrada pela mensagem não transmitida.
A pequena de Alabama começou a
desenvolver sua mensagem, justamente aos dezoito meses quando as mais
importantes faculdades se trancaram em seu corpo e fecharam-na por dentro.
O espírito então despertou. A
realidade interior venceu os obstáculos, curvou, talvez, o próprio destino com
a vontade criadora da filha de Deus, e transmitiu a mensagem de esperança, a
lição de ânimo, e a confiança na vitória da tenacidade, quando a direção é o
progresso, e a meta é o Bem.
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