Orson Peter Carrara – 21/02/2012
Allan Kardec usou o mesmo
título, em sua Revista
Espírita de maio de 1867, para abordar a questão da influência dos maus
fluidos - produzidos pelos sentimentos contrários à caridade -, que tornam os
ambientes desagradáveis e muitas vezes intoleráveis.
Não é outra a causa dos constrangimentos
que se estabelecem nos relacionamentos, especialmente em grupos onde o ambiente
"parece pesar" e surgem as sensações de desconforto. E há que se
considerar que a permanências desses "ambientes pesados",
característicos de ondas mentais conflitantes, pode acarretar graves prejuízos
morais e mesmo desuniões e danos à saúde, já que desencadeadores de obsessões.
A abordagem do Codificador é extremamente
lúcida e coerente. Selecionamos alguns trechos ao leitor, indicando, todavia, a
fonte original para leitura e estudo na íntegra, conforme citado no primeiro
parágrafo.
(...)
sabemos que, numa reunião, além dos assistentes corporais, há sempre auditores
invisíveis; que sendo a impermeabilidade uma propriedade do organismo dos
Espíritos, estes podem achar-se em número ilimitado num dado espaço. (...)
Sabe-se que os fluidos que emanam dos Espíritos são mais ou menos salutares,
conforme seu grau de depuração. Conhece-se o seu poder curativo em certos casos
e, também, seus efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, desde que o ar
pode ser saturado desses fluidos, não é evidente que, conforme a natureza dos
Espíritos que abundam em determinado lugar, o ar ambiente se ache carregado de
elementos salutares ou malsãos, que devem exercer influências sobre a saúde
física, assim como sobre a saúde moral? Quando se pensa na energia da ação que
um Espírito pode exercer sobre um homem, é de admirar-se da que deve resultar de
uma aglomeração de centenas ou milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má
conforme os Espíritos derramem num dado meio um fluido benéfico ou maléfico,
agindo à maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios, que se
espalham no ar. Assim se pode explicar certos efeitos coletivos, produzidos
sobre massas de indivíduos, o sentimento de bem-estar ou de mal-estar, que se
experimenta em certos meios, e que não tem nenhuma causa aparente conhecida, o
entusiasmo ou o desencorajamento, por vezes a espécie de vertigem que se
apodera de toda uma assembleia, de toda uma cidade, mesmo de todo um povo. Em
razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre a influência desta
atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece fora de dúvida e
que, ao mesmo tempo que a teoria e a experiência, nós achamos nas relações do
mundo espiritual com o mundo material, um novo princípio de higiene, que, sem
dúvida, um dia a ciência fará entrar em linha de conta.(...)
Ora, o trecho transcrito é por demais
claro. Ele remete a outras tantas considerações, impossíveis de serem trazidas
ao simples espaço de um artigo. Mas poderíamos ponderar sobre como subtrair-se
a estas influências (e Kardec aborda isso na continuidade do texto).
O fato concreto é que somos sempre
responsáveis pelo tipo de influência que atraímos ou alterações que produzimos
nos fluidos que nos circundam por força dos sentimentos e pensamentos que
cultivamos.
Numa assembleia, pequena ou numerosa, o
padrão dominante dos pensamentos é fator decisivo para determinar o tipo de
sensação que vigorará "no ar" daquele ambiente. Alterá-lo também é
tarefa dos mesmos pensamentos e sentimentos. Fruto da perseverança no bem e no
reconhecimento dos valores que conduzem ao estabelecimento da harmonia na
convivência.
Uma vez mais surge a necessidade da
melhora moral como único recurso de vivermos melhor.
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