Adriana Machado
Tenho visto muitos artigos ou
mensagens nas redes sociais que falam sobre as nossas posturas diante do
próximo. Dentre elas, a distinção entre estarmos simpáticos ou empáticos uns
com os outros.
Pelo que pude perceber, tais
posturas são primeiramente ações, aptidões. Tanto uma como outra, leva-nos a
agir com o próximo com carinho e respeito, até mesmo com amor. Uma, no entanto,
a empatia, nos leva a nos colocar no lugar da outra pessoa, agindo e pensando
como ela se estivéssemos na mesma circunstância. Ela é uma aptidão que
conquistamos para nos identificar com o outro, sentindo o que ele sente,
desejando o que ele deseja, aprendendo da maneira como ele aprende etc.
Já a simpatia, é uma atração que
provocamos na outra pessoa. É um sentimento de reconhecimento ou consentimento
que se desperta no outro. Percebemos assim que a simpatia pode provocar um
afeto que faz com que duas ou mais pessoas se mantenham unidas. A simpatia é
uma tendência para nos solidarizarmos com algo ou alguém.
Bem, seguindo com esse raciocínio,
podemos ser empáticos e simpáticos em situações positivas ou negativas. Mas,
como nas primeiras (positivas) não existe muita complexidade na atuação destes,
vamos nos ater às segundas situações.
Pensemos em alguém necessitado
de compreensão. Então, buscando uma imagem metafórica, seria perceber que
alguém está cavando um poço profundo abaixo de si sem parar. Quando percebemos
e chegamos próximos, podemos nos jogar de cabeça naquele buraco para resgatar
esse ser, ou ficar à margem, chamando-o e indicando onde se encontraria a
escada que depositamos no buraco e que o auxiliaria a enxergar a sua ação e,
por consequência, a saída. Mas, seriam somente essas as atitudes que poderíamos
tomar? Verdadeiramente não. Então, vejamos.
Se eu me jogar de cabeça, como
farei para sair do buraco aberto pelo meu próximo? Como enxergarei claramente
se não busquei pensar, lá no topo, qual seria o meu próximo passo após
convencê-lo de que ficar ali não o levaria a solucionar o seu problema?
Antes de qualquer atitude, preciso
entender o que está acontecendo, seja com a pessoa que está precisando do
auxílio, seja comigo mesma. Preciso ser franca e me questionar: tenho condições
para abraçar essa tarefa? Se eu estiver lá dentro com ele, poderei ajudá-lo a
sair ou acabarei como ele? Tenho instrumentos para sair dali depois, seja
sozinha seja com ele?
Claro que sair dessa situação
será uma atitude individual, motivada pelo livre arbítrio de cada um. Para
aquele que desce em auxílio, é mais do que necessário ter o entendimento de que
não pode ficar lá embaixo por muito tempo.
Isso porque não estaremos incentivando o outro a sair se ele estiver
confortável conosco ao seu lado. Não são poucas às vezes que o outro se joga lá
embaixo porque acredita que será a única forma de ser lembrado ou amado. Diante
dessa manobra inconsciente dele, somente o levaremos a sair dali quando ele
perceber que poderá ser amado fora dali. Claro que poderemos descer tantas
vezes quantas forem necessárias, mas o tempo que dispusermos ali também terá
que ser proporcional à vontade do outro de se libertar de suas correntes.
São atitudes maduras que temos
de enfrentar, porque muitas vezes, por algumas experiências entrarem em nossas
vidas, pensamos que temos de abraçá-las, mas isso não é real. Já me vi me jogando
dentro do poço atrás dos meus amores, não percebendo que, por eu estar lá com
eles sem o raciocínio que liberta, muita dificuldade tive para ajudar a sairmos
todos de lá!
Vocês poderiam estar pensando
que esse é um raciocínio mesquinho, porque se um parente, filho, companheiro,
estiver mal, por não acreditarmos que temos capacidade ou por não podermos
ficar lá por muito tempo, deixaremos de ajudá-los, abandonando-os? Não, não é
isso. O que significa é que, se eu sou empático àquela pessoa, ou seja, se
consigo compreender o seu ponto de vista, me colocando até em seu lugar, terei
que, ao descer no buraco, estar com todos os instrumentos que possuo para sair
dele depois. Se eu consigo enxergar a sua dor, não significa que eu a queira
senti-la a ponto de me impossibilitar ajudar a quem eu tinha como alvo do meu
auxílio. Senão, serão dois atolados necessitando de ajuda!
Ainda, tenho que ser muito
sincera comigo, porque talvez não tenha que ser eu a retirá-lo de lá. Se eu
estou incapaz de ajudar pessoalmente, posso buscar quem possa fazê-lo por mim
(outro instrumento, outra ferramenta de auxílio).
Para tudo isso, ainda seria
necessário que sejamos simpáticos aos olhos daquele que se deixou cair, porque
nesta relação, se ele não sentir a conexão conosco, nossa intervenção poderá
não adiantar naquele momento.
Mas, friso que somos quem somos
e Deus sabe disso. Se estamos na vida de alguém, ele poderá necessitar de nós
como somos, às vezes, simpáticos, às vezes empáticos, às vezes, antipáticos e
nada compreensivos.
Então, a melhor postura é sermos
nós mesmos, sempre tentando nos colocar no lugar do outro e amando a vida e o
próximo da forma que sabemos, para que a empatia e a simpatia se transformem em
nossos instrumentos de auxílio.
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