quinta-feira, 16 de junho de 2022

DEPLORANDO A ESCOLHA[1]

 

Miramez

 

O Espírito, uma vez unido ao corpo da criança, e não podendo mais retroceder, lamenta algumas vezes a escolha feita?

− Queres perguntar se, como homem, ele se queixa da vida que tem? Se desejaria outra? Sim. Se lamenta a escolha feita? Não, porque não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a carga. E, se a considera acima de suas forças, é então que recorre ao suicídio.

Questão 350/O Livro dos Espíritos

 

O Espírito, quando encarnado, depois que a sua consciência já se encontra reduzida, não se lembra da escolha que fez, entra em um estado de depressão, se em seu coração não vibra a fé.

Quantos não têm ouvido, principalmente na época que corre a juventude, dizer que não pediu para nascer em tais ou quais circunstâncias. É a revolta de estar preso na matéria, pois, o Espírito não se lembra de que foi ele mesmo quem escolheu aquele tipo de provas, e quando não foi ele, foi a lei que assim determinou, pela força que possui para que a alma pudesse desabrochar suas qualidades de vida e de luz.

A alma não pode deplorar a escolha, pelo estado de inconsciência em que se encontra.

Quantos suicidas há, sem causas que se possa analisar, visto que essa causa está no inconsciente, mas, ela se irradia para o consciente em forma de depressão, que o leva ao momento drástico de tirar a própria vida.

A Doutrina dos Espíritos, que é o mesmo Jesus voltando para a humanidade, abre os braços a toda essa humanidade em sofrimento, não somente consolando, porém, levando e dando educação a todas as criaturas de Deus. É o Consolador prometido por Aquele que pode prometer, porque Ele é a Vida, a Verdade e o Caminho.

Sabemos, e muitos homens são conscientes disso, que a vida na carne é como uma prisão, cárcere esse que limpa as mazelas da alma e mostra a essa as claridades maiores no desabrochar dos seus próprios talentos. Se passamos por duras provas, não desdenhemos a vida que levamos; seguremo-nos na fé e movimentemos as mãos no bem comum, para que esse bem possa nos levar a tranquilidade de consciência. Procuremos o amor em todas as suas modalidades de expressão, que esse amor virá de Deus pelos canais do Cristo, para nos salvar das depressões e da ignorância.

Firmemo-nos na lei das vidas sucessivas, que por elas podemos conhecer a bondade de Deus; firmemo-nos na comunicação dos Espíritos com os homens, que por esse intermédio notaremos que ninguém morre, e que a vida continua em todas as direções; firmemo-nos no amor e na caridade, que desse modo encontraremos a paz no coração e todas as diretrizes que nos levam a harmonia interna.

Ajudemos no que pudermos aqueles que ainda dormem na inconsciência, e não usemos o nome do Senhor em vão, sem saber diretamente dos Seus desígnios. Lembremo-nos de que Jesus é o nosso Pastor, e que nunca deixa Suas ovelhas tresmalhadas, sem o amparo d'Aquele que é a verdadeira vida. Não queiramos que a nossa vida seja outra; ela é o que deve ser, de que precisamos. A nossa felicidade se encontra nas linhas do nosso desempenho nesta vida. Procuremos a tranquilidade nas mínimas coisas. Não pensemos no mal nem falemos nele, porque tudo o que pensamos e falamos entra em nosso caminho, vindo ao nosso encontro. A vida nos responde com o que sintonizamos para encontrar, essa é a lei do "pedi e obtereis", do "buscai e acháreis".

Com nada nos revoltemos, pois Deus está em tudo e nos mostra, pela nossa compreensão, a luz que pode desabrochar por dentro de cada criatura. Subindo o seu calvário, mesmo que seja pregado na cruz dos problemas inúmeros, o Espírito é imortal, a glória surgirá no mundo da sua consciência, e o Cristo recompensará.



[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia

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