Miramez
O Espírito, uma vez unido ao corpo da criança, e não
podendo mais retroceder, lamenta algumas vezes a escolha feita?
− Queres perguntar se, como homem, ele se queixa da
vida que tem? Se desejaria outra? Sim. Se lamenta a escolha feita? Não, porque
não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma
escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a carga. E, se
a considera acima de suas forças, é então que recorre ao suicídio.
Questão 350/O Livro dos Espíritos
O Espírito, quando encarnado,
depois que a sua consciência já se encontra reduzida, não se lembra da
escolha que fez, entra em um estado de depressão, se em seu coração não vibra a
fé.
Quantos não têm ouvido,
principalmente na época que corre a juventude, dizer que não pediu para nascer
em tais ou quais circunstâncias. É a revolta de estar preso na matéria, pois, o
Espírito não se lembra de que foi ele mesmo quem escolheu aquele tipo de provas,
e quando não foi ele, foi a lei que assim determinou, pela força que possui
para que a alma pudesse desabrochar suas qualidades de vida e de luz.
A alma não pode deplorar a
escolha, pelo estado de inconsciência em que se encontra.
Quantos suicidas há, sem causas
que se possa analisar, visto que essa causa está no inconsciente, mas, ela se
irradia para o consciente em forma de depressão, que o leva ao momento drástico
de tirar a própria vida.
A Doutrina dos Espíritos, que é
o mesmo Jesus voltando para a humanidade, abre os braços a toda essa humanidade
em sofrimento, não somente consolando, porém, levando e dando educação a todas
as criaturas de Deus. É o Consolador prometido por Aquele que pode prometer,
porque Ele é a Vida, a Verdade e o Caminho.
Sabemos, e muitos homens são
conscientes disso, que a vida na carne é como uma prisão, cárcere esse que
limpa as mazelas da alma e mostra a essa as claridades maiores no desabrochar
dos seus próprios talentos. Se passamos por duras provas, não desdenhemos a
vida que levamos; seguremo-nos na fé e movimentemos as mãos no bem comum, para
que esse bem possa nos levar a tranquilidade de consciência. Procuremos o amor
em todas as suas modalidades de expressão, que esse amor virá de Deus pelos
canais do Cristo, para nos salvar das depressões e da ignorância.
Firmemo-nos na lei das vidas
sucessivas, que por elas podemos conhecer a bondade de Deus; firmemo-nos na
comunicação dos Espíritos com os homens, que por esse intermédio notaremos que
ninguém morre, e que a vida continua em todas as direções; firmemo-nos no amor
e na caridade, que desse modo encontraremos a paz no coração e todas as
diretrizes que nos levam a harmonia interna.
Ajudemos no que pudermos aqueles
que ainda dormem na inconsciência, e não usemos o nome do Senhor em vão, sem
saber diretamente dos Seus desígnios. Lembremo-nos de que Jesus é o nosso
Pastor, e que nunca deixa Suas ovelhas tresmalhadas, sem o amparo d'Aquele que
é a verdadeira vida. Não queiramos que a nossa vida seja outra; ela é o que
deve ser, de que precisamos. A nossa felicidade se encontra nas linhas do nosso
desempenho nesta vida. Procuremos a tranquilidade nas mínimas coisas. Não
pensemos no mal nem falemos nele, porque tudo o que pensamos e falamos entra em
nosso caminho, vindo ao nosso encontro. A vida nos responde com o que
sintonizamos para encontrar, essa é a lei do "pedi e obtereis", do
"buscai e acháreis".
Com nada nos revoltemos, pois
Deus está em tudo e nos mostra, pela nossa compreensão, a luz que pode
desabrochar por dentro de cada criatura. Subindo o seu calvário, mesmo que seja
pregado na cruz dos problemas inúmeros, o Espírito é imortal, a glória surgirá
no mundo da sua consciência, e o Cristo recompensará.
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