quinta-feira, 10 de março de 2022

INGENTES ESFORÇOS[1]

 

Miramez

 

Há pessoas que fazem o bem por um impulso espontâneo, sem que tenham de lutar com nenhum sentimento contrário. Têm elas o mesmo mérito daquelas que têm de lutar contra a sua própria natureza e conseguem superá-la?

− Os que não têm de lutar é porque já realizaram o progresso: lutaram anteriormente e venceram; é por isso que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e suas ações lhes parecem tão fáceis: o bem tornou-se para eles um hábito. Deve-se honrá-los como a velhos guerreiros que conquistaram suas posições. Como estais ainda longe da perfeição, esses exemplos vos espantam pelo contraste e os admirais tanto mais porque são raros. Mas sabei que nos mundos mais avançados que o vosso, isso que entre vós é exceção se torna regra. O sentimento do bem se encontra por toda parte e de maneira espontânea, porque são mundos habitados somente por bons Espíritos e uma única intenção má seria neles uma exceção monstruosa. Eis porque os homens ali são felizes. E assim será também na Terra, quando a Humanidade se houver transformado e começar a praticar a caridade na sua verdadeira acepção.

Questão 894/O Livro dos Espíritos

 

As leis espirituais não violentam ninguém; elas, inspirando todos os seres, procuram despertar-lhes os conhecimentos adquiridos nas experiências de cada dia. O Espírito deve procurar esforçar-se todos os dias no aprendizado comum a todos os seres, que neste ingente trabalho de melhorar, o que lhe faltar será suprido pelas bênçãos do Criador.

Não há quem fique sem o amparo da Divindade. Onde quer que estejamos, aí Deus se encontra, e se abrirmos a porta do coração, Ele passará a ficar mais visível na nossa consciência. Quando começamos a entender essa ciência de vida, será mais fácil nos prepararmos para o banquete de luz na intimidade da vida.

Quanto à indagação sobre por que essa diferença de uns se esforçarem usando as últimas forças para melhorar, enquanto outros, com poucos esforços, vencem com facilidade muitos problemas, deixando em seguida muitos vícios e hábitos que incomodam a consciência, respondemos que, os que com facilidade estão no aprendizado assimilando e vivendo as lições do Evangelho, é por terem muita vivência neste campo de reformas, e a tiveram em vidas passadas, ao passo que os companheiros que encontram muitas dificuldades no aprendizado, podem estar começando agora as mudanças internas. Isso é comum nas escolas religiosas e filosofias diversas: quando encontramos certos irmãos envolvidos no fanatismo religioso, é sinal de que estão iniciando agora as primeiras experiências no certame da moral evangélica, e se deslumbram de tal modo que chegam ao fanatismo. Entretanto, o tempo cuidará deles e acertará seus passos nas sendas da luz.

São caminhos de todas as criaturas no alvorecer do entendimento, onde a luz é o ponto alto para as claridades da alma. Os irmãos que já têm progresso realizado, encontram facilidade nas lutas, por terem começado antes. O mérito é de conformidade com o avanço espiritual. O bem se lhes tornou condicionamento, exercitando a prática há muito tempo. A Doutrina dos Espíritos constitui essa misericórdia para a humanidade, ofertando meios e métodos de todas as ordens, no preparo dos Espíritos, libertando-os de todos os tipos de infortúnios e paixões inferiores. O que Jesus falou ao povo de sua época, a Doutrina dos Espíritos pode dizer agora:

Pois, eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes, e não viram, e ouvir o que ouvis, e não ouviram. (Lucas, 10:24)

 

Muitos dos chamados profetas atuais vão se arrepender de não terem escutado a voz do Pastor pelos canais da Doutrina dos Espíritos, na revelação das leis espirituais que comandam a vida. Eles não quiseram ouvir nem ver, com desculpas de que era a voz de Satanás. Os religiosos criaram esse personagem, e ele passou a viver ligado às mentes invigilantes dos seus criadores.

Deus, sendo onisciente e todo amor, não iria criar Espíritos destinados eternamente ao mal e, ainda mais, perseguindo aos que desejam somente a luz. Os maiores demônios que conhecemos são as nossas fraquezas, que se chamam orgulho, ciúme, inveja, egoísmo, ingratidão e preguiça. Daí partimos para muitos outros que moram dentro de nós. Trabalhemos para transformá-los no amor o nosso trabalho individual, estabelecendo luz nos nossos corações e paz nas nossas consciências.



[1] Filosofia Espírita – Volume 18 – João Nunes Maia

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