Julia Thaís Porciúncula Serra
Constantemente vemos desastres
coletivos que podem surpreender a humanidade de várias maneiras. Desastres
ambientais, naturais ou grandes acidentes que culmina na vida de várias pessoas.
O que nos leva a refletir sobre o porquê acontece dessa forma, destroçando vida
de famílias e pessoas e emocionando o mundo, tamanha é a surpresa e a tristeza
que isso acontece.
No livro “Chico Xavier Pede
Licença[2]”,
no capítulo 19 intitulado de Desencarnações Coletivas, o espírito Emmanuel
responde a seguinte questão:
Pergunta: Sendo Deus a Bondade Infinita, por que
permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos
casos dos grandes incêndios? (Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas
dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 23-2-1972, em Uberaba,
Minas).
Resposta: Realmente reconhecemos em Deus o
Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Humano, filho de Deus, crescendo
em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em
qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio. Quando retornamos da
Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias,
operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos
a fim de resgatá-los devidamente. É assim que, muitas vezes, renascemos no
Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.
Como incêndios em lugares com
muitas pessoas, quedas em avião ou desastres naturais como deslizamentos, estão
ligadas a buscas coletivas? Para uma explicação mais detalhada, a fim de que
possa compreender melhor como funciona, no livro continua que:
Invasores ilaqueados pela própria ambição, que
esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos
diferentes, mas em regime de encontros marcado para a desencarnação conjunta em
acidentes públicos. Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças
em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o
ápice de epidemias arrasadoras. Promotores de guerras manejadas para assalto e
crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a
regeneração, pleiteamos no Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha,
aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas. Corsários que
ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos
observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra
para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a
reencarnação.
De acordo com o site “O Tempo[3]”,
Marcelo Gardini, da União Espírita Mineira, diz que o médium Chico Xavier
sempre falava que os resgates em massa acontecem em momentos de transição.
Geralmente eles acontecem quando um grupo de pessoas
precisa passar por determinada prova de ‘desencarne’ ou desencarnação. Por meio
da misericórdia divina, essas pessoas são encaminhadas para experienciar juntas
uma tragédia, a fim de sanar débitos coletivamente.
Crê que o desencarne coletivo
acontece quando os espíritos envolvidos precisam buscar um resgate semelhante,
que não necessariamente estejam ligados, porém, de alguma forma precisa-se ter
alguma semelhança ao destino que foi proposto. Acredita-se que, ao reencarnar,
cada indivíduo tem o livre arbítrio de fazer escolhas, podendo ou não suavizar
ou piorar suas dívidas.
Marcelo completa que:
O espírito não traz essas lembranças, pois passa pela
nuvem do esquecimento.
Ao longo de nossa trajetória pode acontecer, mediante
nossa maturidade espiritual e nossas necessidades, de algo desse compromisso
ser revelado. Mesmo nos desencarnes coletivos, quando o contexto é o mesmo,
cada pessoa vivencia uma experiência individual. Nenhum desencarne é igual ao
outro, e é preciso que busquemos compreender a razão da dor.
Assim, o desencarne coletivo
funciona como catalisador, ao deparar-se com indivíduos improváveis e os
colocando no mesmo ambiente, o que possibilita um desencarne semelhante, mesmo
que não estejam ligados em vida. Por exemplo, um grave incêndio que ceifa a
vida de pessoas que, aparentemente, não tinham ligação, mas, que possuíam um
propósito de resgate semelhantes.
Ou em desastres naturais como em
Brumadinho, município de Belo Horizonte, que teve a morte de 65 pessoas e 279
desaparecidos. Vale lembrar, que foram acidentes podendo ser evitados, mas que
culminaram em tragédias por conta de ações da sociedade. Ações dessa mesma
trajetória, a barragem de Brumadinho não era fiscalizada, e após o acidente de
Mariana (MG), o alerta e o cuidado deveriam ser maiores.
Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, cap. 27, item 12, diz Allan Kardec que esses males se dividem
em duas partes:
1) a dos que o homem não pode evitar;
2) a dos causados pela “incúria” ou excessos das pessoas.
E completa:
Faz-se, portanto, evidente que o homem é o autor da
maior parte de suas aflições, às quais se pouparia, se sempre obrasse com
sabedoria e prudência.
Fica entendido, portanto, que um
dos maiores causadores de desastres coletivos, é o próprio homem, por causa de
ambição, não mede suas consequências e não pensa no próximo. Dessa forma, é
necessário ter em mente, que por mais triste e catastrófico um desastre possa
parecer, desencarnar dessa maneira não é, de maneira alguma uma punição ou
castigo. Apenas a lei básica de ação e reação, causa e consequência, e que os
envolvidos nos acidentes, em espírito, concordaram, para que assim, possam
progredir e evoluir.
É de nosso dever, sempre, agir com
amor para o próximo e com Deus, além de, fazer uma prece para que os espíritos
que desencarnem em situações assim sejam amparados por espíritos nobres e que
se curem, que eles encontrem as respostas necessárias para bom entendimento e
assim, se desenvolver cada vez mais espiritualmente.
Fonte: Blog Letra Espírita
[1] https://gecasadocaminhosv.blogspot.com/2022/02/resgates-coletivos-e-o-espiritismo.html
[2] NETO, Valentim. CHICO XAVIER PEDE LICENÇA. 2016.
[3] DINIZ, Ana Elizabeth. As desencarnações coletivas.
O TEMPO. Disponível em https://www.otempo.com.br/interessa/as-desencarnacoes-coletivas - acessado em: 27 dez. 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário