quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

INDIVISIBILIDADE[1]

 


Miramez

 

Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma as diferentes funções do corpo?

₋ Isso também depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se o Espírito quando encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível, ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir.

Não obstante, há Espíritos que deram esta definição.

₋ Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.

A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos de movimento. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma como sendo o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa com a morte. (Allan Kardec)

Questão 140 / O Livro dos Espíritos

 

O Espírito é indivisível e imortal, e essa notícia nos anima e nos enche de esperança, nos fortalecendo em todas as atividades que o bem possa nos proporcionar. A imortalidade do Espírito, a sua comunicação depois do túmulo e a reencarnação, quantas vezes for necessárias, são uma força a nosso favor, provando, assim, o amor de Deus e a Sua justiça para conosco.

Os antigos videntes achavam que a alma se dividia, por tomar o efeito pela causa. Ao verem o Espírito tomando formas diferentes, e até se dividindo quando conveniente, propuseram a teoria da divisibilidade da alma, dizendo que essa tomava corpos inferiores, na escala dos próprios animais. Tomavam o perispírito, ou mesmo o fluído vital, por Espírito.

Agora que se conhece a função do perispírito e, por conseguinte, do fluído universal, que ativa nos homens os órgãos, retiram-se às dúvidas, compreendendo que o Espírito é imortal e que a vida pode continuar em toda parte.

Deus nos fez semelhantes a Ele, portanto, com todos os atributos de vida, e as Suas mãos puras, nunca poderiam dar nascimento à obra imperfeita; entretanto, Ele traçou uma trajetória para todos os Seus filhos, de maneira a exigir os seus esforços na conquista da felicidade. Cada vez que cresce a inteligência do homem, cada vez que o Espírito se eleva, ele se integra mais na verdade e a própria ciência o ajuda na compreensão das verdades imortais.

O Espiritismo é uma ciência dotada da mais profunda religiosidade, com consequências filosóficas, de modo a entender e ensinar aos seus profitentes[2] a ciência da vida e a revelar todas as leis naturais criadas pela Divindade. É nessa revelação que ficamos compreendendo o que existe no campo espiritual, o trabalho dos Espíritos e a assistência dada por eles aos homens. Ainda mais, ele ensina os processos mais acertados da comunicação entre os dois planos e as diretrizes que se pode tomar para comunicar com os benfeitores da humanidade. A mediunidade é a chave de toda essa doutrina; se queremos usá-la bem, busquemos no Evangelho de Jesus os seus variados métodos, simples, mas profundos, de educação dos sentimentos. Surgem todos os dias novas etapas de esclarecimento, novas lições que enriquecem o coração e engrandecem a inteligência. Logo que nos cientificamos de que a alma é imortal e que quando na carne podemos nos comunicar com os que já passaram para o outro lado da vida, anima-nos toda à vontade de viver, devido à ideia da imortalidade sustentar a nossa esperança.

Procuremos cada vez mais estudar, meditar, e orar, buscando encontrar as equações do problema do Espírito, que encontraremos as lições cada vez mais claras e de fácil entendimento. É o “batei e abrir-se-vos-á”, é o “buscai e achareis”. Tudo é vida e nada morre. A semente é lançada ao solo para renascer e prosperar.



[1] Filosofia Espírita – Volume 3 – João Nunes Maia

[2] Que professa alguma doutrina, seita ou religião.

Nenhum comentário:

Postar um comentário