segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ELISABETH D'ESPÉRANCE[1]

 



Elisabeth d'Espérance, nascida Elizabeth Hope, mas melhor conhecida como Mme. D'Espérance, nascida em 20 de novembro de 1855, em Londres, Reino Unido e desencarnada em 20 de julho de 1918, em Leipzig, Alemanha, foi uma médium de efeitos físicos e escritora inglesa.

Filha de um comandante de navio, passou a infância num velho casarão no Leste de Londres, que no passado pertencera à família Crommwell. Foi nesse período que começou a ver os espíritos que circulavam no imóvel, mas que ninguém mais via, desacreditando-a e censurando-a por essas referências.

Na adolescência, entre os 13 e os 14 anos de idade, o fenômeno levou a que vivenciasse dificuldades de relacionamento com a sua mãe (que a julgava louca), o que lhe abalou a saúde. O retorno do pai nesse período levou a que, diante da sua palidez e magreza, este a levasse consigo no navio em uma viagem ao Mediterrâneo.

Ao final dessa viagem, a jovem vivenciou uma vez mais o fenômeno, visualizando um veleiro fantasma que atravessou o navio do pai, deixando-a em pânico, no primeiro momento, e depois deprimida, diante da incredulidade do pai e da tripulação.

Após o retorno, a jovem passou dois anos na escola, período durante o qual não registrou visões. Ao final do período, necessitando, como as demais alunas, concluir as suas tarefas e preparar-se para os exames finais. Uma das tarefas era uma composição com o tema "O que é a Natureza", acerca da qual a jovem não conseguia inspiração. Nas vésperas do dia da entrega, sem ter concluído o trabalho, tentou passar em noite escrevendo-a, sem conseguir. Na manhã seguinte, ao acordar, encontrou-a pronta, com a sua letra, inexplicavelmente.

Aos 19 anos de idade foi desposada pelo Senhor Reed (1874), passando o casal a residir em Newcastle upon Tyne[2]. Isolada na nova residência, com a companhia do marido e de um ou outro visitante, passou a conviver com as visões, o que muito a angustiou. Nesta época, ouviu falar no espiritismo e nas mesas girantes, por intermédio de um casal amigo.

Encontrando-se a sua mãe doente, necessitando submeter-se a uma cirurgia, Elizabeth encontrava-se há algum tempo sem notícias do pai, cujo conselho urgente necessitava acerca do melhor tratamento para a mãe. Consultada a mesa, esta informou corretamente o paradeiro do pai, fornecendo inclusive o nome da embarcação a bordo da qual se encontrava (o "Lizzie Morton", em Swansea).

Posteriormente, outros fenômenos se registraram, tornando-se patente a mediunidade de Mme. D'Espérance. Em busca de um modo mais rápido de comunicações, o que melhor resultado produziu foi à psicografia, passando nesta etapa a identificarem-se os espíritos que acompanhavam aquele grupo familiar de estudos.

Com o domínio da psicografia, D'Esperance começou a perceber figuras luminosas no ambiente, que começou a desenhar. Tendo a notícia se espalhado na comunidade, diversas pessoas procuraram assistir às sessões, na esperança de obterem retratos dos parentes e amigos falecidos. Entre estes, destacou-se um intelectual de nome T. P. Barkas, que se juntou ao grupo, passando a inquirir os espíritos sobre assuntos científicos. O nível das respostas era, muitas vezes, superior ao do próprio Barkas. Sobre essas experiências, Barkas registrou:

Deve ser geralmente admitido que ninguém pode, por um esforço normal, responder com detalhes, a perguntas críticas obscuras em muitos setores difíceis da ciência com que não se é familiarizado. Além disso, deve-se se admitir que ninguém pode ver normalmente e desenhar com minuciosa precisão em completa obscuridade; que ninguém pode, por meios normais de visão, ler o conteúdo de uma carta fechada, no escuro; que ninguém, que ignore a língua alemã, possa escrever com rapidez e exatidão longas comunicações em alemão. Entretanto, todos esses fenômenos foram verificados com essa médium e são tão acreditados quanto as ocorrências normais da vida diária.

Devido à perda dos pais e a uma série de problemas domésticos, a saúde da médium foi uma vez mais abalada. Para recuperar, viajou para o Sul da França, conseguindo-o. No regresso, dirigiu-se à Suécia para visitar um casal membro do seu antigo grupo de estudos, com quem se dirigiu a Leipzig, na Alemanha, onde conheceu o Prof. K. J. F. Zoellner. Graças a um incidente quando pretendia regressar à Inglaterra, passou algum tempo em Breslau, onde conheceu um amigo do Professor Zoellner, o Professor Friese.

De volta a Londres, reconstituiu o seu grupo, retomando as experiências. Neste novo ciclo, em câmara escura, passou a produzir-se ectoplasma, reproduzindo-se formas humanas. Foram produzidos ainda aportes de plantas e flores vivas e inteiras.

Mme. d’Espérance publicou muitos artigos na imprensa espiritualista. Três anos após ter publicado a sua auto-briografia ("Shadow Land"[3]), publicou "Northern Lights".

Adoeceu gravemente após um acidente em 1893 durante uma sessão em Helsínquia, na Finlândia, quando um pesquisador agarrou de súbito o espírito "Yolanda" materializado, na ânsia de comprovar a existência de fraude no fenômeno. A súbita desmaterialização do espírito e o reflexo decorrente no organismo da médium deixaram sequelas.

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, encontrando-se residindo na Alemanha, viu-se praticamente prisioneira. Todos os seus papéis foram confiscados, inclusive o manuscrito de um segundo volume do "Shadow Land", aparentemente destruído.

D'Esperance foi parte da "invasão organizada" planejada pelos espíritos responsáveis pela evolução terrena, que implicava em maior ostensividade na ação dos espíritos entre os encarnados e na demonstração de leis e fenômenos que, desafiando a ciência acadêmica, iriam despertar as consciências para o fato mediúnico. Mulher idealista, comprometida com a verdade, deixou valiosas lições de dedicação ao trabalho e ao estudo das leis espirituais, encarnando o antigo pensamento disseminado entre os espíritos superiores, que, para todo aquele que é consciente de sua destinação última que é Deus, é uma glória amar e até mesmo sofrer por amor a um ideal. E o seu ideal era a verdade.



[2] Muitas vezes referida apenas como Newcastle, é uma cidade no condado metropolitano de Tyne and Wear. Localizada a 190 quilômetros ao sul de Edimburgo e a 450 quilômetros ao norte de Londres, situa-se na margem ocidental norte da foz do Rio Tyne.

[3] “No País das Sombras” – editado pela Federação Espírita Brasileira.

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