sábado, 20 de novembro de 2021

COERÊNCIA DOUTRINÁRIA COMPROMISSO DE TODOS NÓS[1]

 

Marco Milani

 

De origem latina, a palavra coerência significa conexão ou coesão. De forma geral, implica nexo e uniformidade de um conjunto de ideias. Alguém que seja coerente expressa-se de maneira lógica, capaz de permitir aos seus interlocutores a compreensão clara e sem contradições sobre seu discurso ou atitudes.

Plena coerência foi como Sócrates apontou a condição de vida do verdadeiro filósofo, capaz de conciliar a teoria e o modo de viver e morrer. O filósofo não seria, portanto, quem apenas sabe pensar e construir sistemas de ideias, mas seria, sobretudo, aquele que sabe viver e morrer em concordância com o seu sistema.

Sob essa perspectiva, adeptos de qualquer doutrina deveriam expressar, consistentemente, os princípios e valores do sistema que abraçaram. Tal ocorre no Espiritismo. O espírita compreende, respeita e exemplifica a Doutrina dos Espíritos, devidamente apresentada nas obras de Allan Kardec.

Naturalmente, não se pode esperar que todos os adeptos espíritas possuam o mesmo grau de maturidade, compreensão e vivência dos princípios doutrinários. Dentre aqueles que assumem responsabilidades diretivas nas instituições espíritas, entretanto, espera-se que, minimamente, consigam orientar e esclarecer os frequentadores e colaboradores com maior segurança e embasamento conceitual.

Não somente dirigentes, mas qualquer um que se proponha a expor e orientar sobre os ensinamentos dos Espíritos assume responsabilidade sobre suas atitudes. Palestrantes, escritores e instrutores são vistos, pelo público em geral, como representantes do Espiritismo.

Um dos desafios a serem superados por muitos adeptos é exercitar o distanciamento necessário entre o conteúdo doutrinário e eventuais opiniões desprovidas de fundamentação.

Diante de questões polêmicas ou que costumam envolver posicionamentos apaixonados, não é incomum que aqueles com menor maturidade doutrinária misturem em seus discursos opiniões pessoais e afirmem se tratar de ensinamentos espíritas, desvirtuando o compromisso ético com o próprio Espiritismo.

Ser coerente não significa que não se possa questionar ou discordar dos Espíritos, porém a Doutrina Espírita foi estruturada com inegável consistência interna e a universalidade dos ensinos dos Espíritos lhe confere legitimidade metodológica. Portanto não basta alguém abraçar ideias antagônicas sem evidenciação e validação por diferentes fontes para se substituir aquelas já existentes na Codificação e achar que está revolucionando a interpretação da realidade.

A coerência doutrinária é, primordialmente, um compromisso com a verdade baseada na razão e em fatos.



[1] Dirigente Espírita - nº 167 – Setembro/Outubro 2018

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