Miramez
Não há raças rebeldes ao progresso por sua própria
natureza?
‒ Sim, mas dia a dia
elas se aniquilam corporalmente.
Qual será o destino futuro das almas que animam essas
raças?
‒ Chegarão à
perfeição, como todas as outras, passando por várias existências. Deus não
deserda a ninguém.
Então os homens mais civilizados podem ter sido selvagens
e antropófagos?
‒ Tu mesmo o foste,
mais de uma vez, antes de seres o que és.
Questão 787/O Livro dos Espíritos
Existem raças rebeldes ao
progresso, isso está à vista para o bom observador. No entanto, torna-se fácil
de explicarmos essas anomalias encontradas na raça humana. Bem sabemos que a
lei de afinidade espiritual é muito clara em tudo o que existe. É bom notar que
a essas raças se reúnem homens iguais, mesmo vindo de outros países. Eles são
atraídos para onde encontram ambiente com o qual se afinam.
O progresso, força espiritual de
Deus, não respeita barreiras que o possam impedir e faz aniquilar essas raças,
formando-as para melhor entendimento, dado ser essa a vontade de Deus. Elas
mudarão, como todas as outras raças obedientes à Luz, pelos processos de
reencarnação, e as suas ideias vão se firmando ao alcance dos elevados
conceitos que as libertarão. Compete ao tempo a sua transformação.
Junto a essas raças, podemos
sentir a soma de ideias conservadoras, até mesmo de antigas religiões,
entretanto, as que não obedecem ao carro do progresso, ficarão para trás,
perdendo o caminho para Cristo; as mais inteligentes mudarão para não
desaparecerem. Toda a rebeldia é ignorância, e a ignorância somente dura
enquanto não chega o saber, que com o tempo afinizar-se-á com o amor,
completando a vida e nos mostrando a grande esperança.
Deus nos pede tolerância com os
mais atrasados seres que estagiam na Terra, porque Ele pode nos mostrar o que
fomos no passado. Passamos pelos mesmos caminhos, fazendo as mesmas coisas,
caindo e levantando em processos de despertamento espiritual. Por que não
ajudá-los nos mesmos processos por que já passamos? Onde estão o amor e a
justiça?
Nós também já fizemos parte de
raças rebeldes em outras épocas. Já matamos e morremos muitas vezes,
impulsionados pela ignorância. Depois que conhecemos a verdade, tornamo-nos
livres, mas os que estão na retaguarda precisam, assim como precisamos, de mãos
amigas e tolerantes para crescerem. Onde estão elas? Elas se encontram
espalhadas em toda parte, e os livros estão por todos os cantos, representando
o Evangelho de Jesus, para nos indicar o caminho, a verdade e a vida.
É bom que consultemos a Lucas,
no capítulo seis, versículo quarenta e sete, que nos anima no impulso de vida:
Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras e as pratica, eu
vos mostrarei a quem é semelhante.
Se nos reunimos por semelhança,
mas atendemos o chamado de Jesus, podemos compreender como nos reunimos por
afinidade, porém haveremos de ouvir as palavras do Senhor e praticar Seus
conceitos de luz.
Vejamos bem: Allan Kardec, um
Espírito de escol, o codificador da Doutrina Espírita, ouve do Espírito
comunicante essas palavras, quando ele pergunta indiretamente se já teria sido
antropófago:
Tu mesmo o foste mais de uma vez, antes de
seres o que és.
Isso é maravilhoso, porque
podemos notar que todos passam pelos mesmos caminhos para alcançar a perfeição.
Deus não tem predileção por nenhum dos Seus filhos e dá a todos as mesmas
oportunidades de crescer, de despertar seus próprios valores espirituais. Como
não ter paciência para com os que se encontram na retaguarda? Eles são
crianças.
Quem dirige o progresso dos
Espíritos encarnados e desencarnados é Deus e somente Ele.
Aos homens, não é dado impedir
as leis; quem o tentar, pagará caro, por processos que ele mesmo não desconfia.
[1] Filosofia
Espírita – Volume 16 – João Nunes Maia
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