quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A MATÉRIA É EFEITO[1]

 

Miramez

 

Poderíamos encontrar a causa primária da formação das coisas nas propriedades íntimas da matéria?

‒ Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É sempre necessária uma causa primária.

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, pois essas propriedades são em si mesmas um efeito, que deve ter uma causa.

Questão 7 – O Livro dos Espíritos

 

Indubitavelmente que a matéria tem vida. No seu seio mais íntimo notar-se-ão fenômenos que por vezes escapam à inteligência humana. Há, pois, obediência às leis sutis que governam e sustentam toda a Criação. Tudo isso que notamos na matéria e que a observação científica comprova são efeitos da Grande Inteligência, que denominamos, com toda satisfação, Deus.

Nós, no mundo espiritual, e na ação que nos cabe pesquisar, continuamos em estudos profundos sobre o Criador. Assistimos, em lugares apropriados, a luminares da eternidade expondo conceitos que já puderam comprovar sobre o Grande Foco, sua vida e sua interferência em todas as direções da sua casa universal.

E eis que, para passar aos encarnados o que ouvimos é necessário que obedeçamos a certas regras da comunicação com os seres, ainda envolvidos nos fluídos da carne.

Deus é realidade absoluta; o que podemos dizer é que Ele vibra em tudo que existe.

Falando na mesma frequência dos homens, Ele é personalidade distinta no centro das suas criatividades. Repitamos novamente: Ele é Espírito. Se assim podemos dizer, o Criador é único, porém, no seu gesto de trabalho se faz binário. O que podemos observar na extensão infinita é que Ele aparece e desaparece entre duas respirações do seu dinâmico poder de viver, e seu hálito divino interpenetra todas as coisas, marcando a sua presença, semeando vida e dinamizando forças.

Somente poderemos conhecer um pouco do Grande Espírito pelos seus atributos. Avançar mais, onde os nossos sentidos não alcançam, é perda de tempo e falta de compreensão e obediência a determinadas leis, que marcam os limites do nosso saber. Se queres entender mais, a meditação, depois do trabalho honesto, é um caminho excelente para o conhecimento mais acentuado do Criador. Nós O conhecemos mais, não pelos números, nem por ouvir falar; sentimos sua presença quando a consciência se apoia no dever cumprido. Os Espíritos puros sentem Deus na profunda sensibilidade e expressam uma tranquilidade imperturbável no coração.

A matéria é a mais baixa vibração da Divindade, é caminho criado por Ele para o despertar dos seus filhos, que saem das suas mãos luminosas e voltam para o ser íntimo de vida. Essa viagem é um tanto ou quanto extensa, competindo a cada criatura fazer a sua parte, na aquisição da sua própria paz espiritual. Os sentidos dos homens, mesmo dos mais elevados, em comparação com a pureza espiritual dos benfeitores da humanidade, são apagados, pois se distanciam milhões de anos entre uns e outros na escala evolutiva, mas, alegramo-nos em dizer que eles também passaram por onde estamos, como estamos avançando para o reino onde eles permanecem trabalhando.

Voltando ao assunto inicial, dignamo-nos a responder que, no íntimo da matéria poderás encontrar Deus, porque as propriedades da matéria falam d'Ele, da sua grandeza espiritual, desde que tenhamos sentido para tal pesquisa. Porém, esses fenômenos não são o Criador; são efeitos da Causa Primária, manifestando-se nas formas transitórias. Pulsa na matéria a vida universal, o fluído cósmico vibrante, dirigido pela mente do Criador e obediente aos seus sentimentos. Ele sabe de tudo e está em tudo, através dos seus atributos espirituais.

A matéria, por mais evoluída que seja, não demonstra inteligência. Ela é movida pela Inteligência Suprema. Em se falando da Terra, somente no homem começa a despertar a razão, que é consequência do princípio inteligente, mesmo assim, sob o comando da Inteligência Maior, Deus.



[1] Filosofia Espírita – Volume 1 – João Nunes Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário