Emmanuel
A sociedade humana pode ser
comparada a imensa floresta de criações mentais, onde cada espírito, em
processo de evolução e acrisolamento, encontra os reflexos de si mesmo.
Aí dentro os princípios de ação
e reação funcionam exatos.
As pátrias, grandes matrizes do
progresso, constituem notáveis fulcros da civilização ou expressivos redutos de
trabalho, em que vastos grupos de almas se demoram no serviço de autoeducação,
mediante o serviço à comunidade, emigrando, muita vez, de um país para outro,
conforme se lhes faça precisa essa ou aquela aquisição nas linhas da
experiência.
O lar coletivo, definindo
afinidades raciais e interesses do clã, é o conjunto das emoções e dos
pensamentos daqueles que o povoam. Entre as fronteiras vibratórias que o
definem, por intermédio dos breves aprendizados “berço-túmulo”, que denominamos
existências terrestres, transfere-se a alma de posição a posição, conforme os
reflexos que haja lançado de si mesma e conforme aqueles que haja assimilado do
ambiente em que estagiou.
Atingida a época de aferição dos
próprios valores, quando a morte física determina a extinção da força vital
corpórea, emprestada ao espírito para a sua excursão de desenvolvimento e
serviço, reajuste ou elevação, na esfera da carne, colhemos os resultados de
nossa conduta e, bastas vezes, é preciso recomeçar o trabalho para regenerar
atitudes e purificar sentimentos, na reconstrução de nossos destinos.
Dessa forma, os corações que
hoje oprimem o próximo, a se prevalecerem da galeria social em que se
acastelam, na ilusória supremacia do ouro, voltam amanhã ao terreno torturado
da carência e do infortúnio, recolhendo, em impactos diretos, os raios de
sofrimento que semearam no solo das necessidades alheias. E se as vitimas e os
verdugos não souberem exercer largamente o perdão recíproco, encontramos no
mundo social verdadeiro círculo vicioso em que se entrechocam, constantemente,
as ondas da vingança e do ódio, da dissensão e do crime, assegurando clima
favorável aos processos da delinquência.
Sociedades que ontem
escravizaram o braço humano são hoje obrigadas a afagar, por filhos do próprio
seio, aqueles que elas furtaram à terra em que se lhes situava o degrau
evolutivo. Hordas invasoras que talam os campos de povos humildes e inermes,
neles renascem como rebentos do chão conquistado, garantindo o refazimento das
instituições que feriram ou depredaram. Agrupamentos separatistas, que humilham
irmãos de cor, voltam na pigmentação que detestam, arrecadando a compensação
das próprias obras. Citadinos aristocratas, insensíveis aos problemas da classe
obscura, depois de respirarem o conforto de avenidas suntuosas costumam
renascer em bairros atormentados e anônimos, bebendo no cálix do pauperismo os
reflexos da crueldade risonha com que assistiram, noutro tempo, à dor e à
dificuldade dos filhos do sofrimento.
Em todas as épocas, a sociedade
humana é o filtro gigantesco do espírito, em que as almas, nos fios da
experiência, na abastança ou na miséria, na direção ou na subalternidade,
colhem os frutos da plantação que lhes é própria, retardando o passo na
planície vulgar ou acelerando-o para os cimos da vida, em obediência aos
ditames da evolução.
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