Fernanda Oliveira
Não habitou meu
ventre, mas mergulhou nas entranhas da minha alma.
Não foi plasmado do
meu sangue, mas alimenta-se no néctar de meus sonhos.
Não é fruto de minha
hereditariedade, mas molda-se no valor de meu caráter.
Se não nasceu de
mim, certamente nasceu para mim.
E se mães também são
filhas, e se filhos todos são duplamente abençoado és, meu filho do coração.
(Autor desconhecido)
Adoção do latim adoptio, do verbo adoptare, escolher, adotar. A adoção cria o vínculo de parentesco
civil semelhante ao da paternidade-maternidade e filiação legítimas, análogo ao
que resulta da filiação biológica. Constitui um parentesco eletivo, pois
decorre exclusivamente de um ato de vontade. Modalidade de filiação construída
no amor, constituindo vinculo de parentesco por opção e afeto, enraizado no
exercício da liberdade.
Kardec esclarece em O Evangelho segundo o Espiritismo[2]:
Os laços do sangue
não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo,
mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes
da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais
não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto,
auxiliar o desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo
progredir.
A genética define o físico, não
o espírito.
Reencarnação significa o retorno
do espírito em um novo corpo carnal. Vivemos uma única vida, já que somos, cada
um, apenas um espírito. Ocorre que pela pluralidade de existências corpóreas,
temos a oportunidade de inúmeras passagens pela Terra como encarnado para
podermos evoluir. Durante essas inúmeras encarnações experimentamos uma serie
de biótipos físicos, nascemos ora homem, ora como mulher; ora rico; ora pobre;
ora saudável; ora doentes etc.
Para nós, a vida começa quando
Deus nos criou como espíritos. Nosso nascimento na verdade é um novo
renascimento, uma nova chance de aprendizagem, Já nascemos e morremos inúmeras
vezes antes dessa nova vida atual. Reencarnação é uma benção, é uma lei natural
da evolução espiritual.
Grande parte dos fatos que
ocorrem em nossa encarnação fazem parte do nosso planejamento reencarnatório,
nada é por acaso, tudo foi planejado e elaborado pela espiritualidade para
promover as alterações cármicas e de evolução necessárias paras as pessoas
envolvidas. Porém durante a caminhada podemos através do nosso livre-arbítrio
modificar e alterar esse planejamento com nossas escolhas e atitudes.
A cada encarnação trazemos em
nossa “bagagem” o necessário para que nossa experiência seja a mais adequada ao
que precisamos viver. Deus nos criou a todos iguais, simples e ignorantes,
deixou-nos livres para escolhermos nosso caminho no bem ou no mal. Somos o
resultado de múltiplas vivências em diferentes séculos.
Somos seres gregários viemos ao
mundo para nos relacionar, o ser humano possui a necessidade de pertencer. Toda
oportunidade nos conduz a um aprendizado novo, tornando-nos diferentes do que
fomos. O bom vínculo é afetivo, comunicativo – o fato de alguém carregar o seu
sangue não implica que não possa prejudicá-lo com o seu comportamento. Os genes
estabelecem um vinculo hereditário que não implica um vinculo de afinidade. No
conceito espírita de família importam o amor e a afinidade, não apenas a
genética. O organograma da família atualmente é diferenciado com vários tipos e
ramificações.
Família espiritual são aqueles
que possuem afinidade conosco, que pensam e agem de forma parecida. A vida em
família é um importante aprendizado para a vida em sociedade. A felicidade vem
dos pequenos gestos éticos, pelo exemplo de atitudes de luz e da capacidade de
mantermos relações empáticas.
Procurando
o bem para os nossos semelhantes, encontramos o nosso. (Platão)
Adotar é um processo de procura,
encontros e resultados. Ato de amor, aceitação, desprendimento e empatia.
Vontade que vem da mente e do coração resgatando em nós o afeto, a compaixão e
fraternidade. Na maioria das vezes é um encontro de seres planejado pela
superioridade com muitas possibilidades de aprendizado e evolução.
A adoção não precisa
necessariamente estar no planejamento de reencarnação dos envolvidos; pois
gestos de afeto não estão condicionados necessariamente a outras encarnações ou
dividas anteriores; ou ser necessariamente um acerto de contas ou resgate.
Podem ser espíritos comprometidos pela lei do retorno e de ação e reação, que
combinaram de forma planejada esse reencontro de forma madura e coerente. Há
espíritos que reencarnam para serem filhos adotivos e em seu planejamento podem
ou não escolherem seus pais. Cada nova encarnação é uma nova oportunidade para
crescermos e superarmos imperfeições, a adoção é uma grande e iluminada oportunidade
de elevação moral e aprendizado.
Não nos lembramos das nossas
escolhas anteriores, que fazem parte da dinâmica natural da vida espiritual, se
um acontecimento está no planejamento, ele fará tudo para ser realizado e será
sempre para o bem e para o crescimento; mas a maneira que cada indivíduo irá
agir será de acordo com as suas escolhas no momento das ocorrências, do uso do
seu livre-arbítrio. A consciência pelos atos é proporcional ao entendimento e
intenção. Através das escolhas o espírito é autor do seu próprio
desenvolvimento.
Os espíritos superiores
trabalham intensamente para que esses encontros sejam bem-sucedidos já que a
adoção envolve fraternidade, afeto e é uma valorosa atitude de amor.
A doutrina espírita é favorável
a tudo que reforce o amor, a caridade, solidariedade, as relações empáticas e
de auxilio ao próximo. A gente é mais feliz quando caminha promovendo a
felicidade dos outros.
Vamos caminhando com pequenos
gestos do querer baseados no afeto e no respeito com muitas energias positivas.
Somos feitos de átomos, mas a nossa essência tem que ser o amor.
(Samanta Merlin)
REFERÊNCIAS
DIAS, Maria Berenice.
Manual de Direito das famílias. Editora Juspodium.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Editora EME.
NETO, Alexandre Caldini. A
vida na visão do espiritismo. Editora Sextante.
https://ospontosdevista.blogs.sapo.pt/frases-do-facebook-se-nao-nasceu-de-1415083 (acesso em 12
de junho de 2021)
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