Adriana Machado
Hoje, nos sentimos famintos!
Parece que tudo o que tentamos
fazer para saciar essa fome, não basta. Observando o que está ao nosso redor,
percebemos as pessoas comprando mais, trabalhando mais, bebendo mais, comendo
mais... Tudo o que está ao nosso redor, está sendo utilizado para matar essa
fome que nós não temos noção da onde vem.
A todo momento, vemos na
televisão, na rádio, na internet, no nosso cotidiano, que seremos felizes se
consumirmos isso ou aquilo, se formos donos disso ou daquilo, mas, por mais que
tentemos alcançar isso tudo, quando atingimos o nosso intento, a fome ainda
está lá, nos perseguindo, nos avisando que ela ainda não foi saciada.
Em razão dessa realidade, já
começamos a compreender que, apesar de não sabermos a origem de nossa
insatisfação, essa busca não pode ser externa. Algo nos remete para dentro de
nós, porque não há mais aonde procurar fora. Estamos vivendo um momento em que
tudo parece sem sentido, porque tudo o que buscamos não preenche o nosso vazio
e, se assim é, temos de nos aventurar a buscar em nós o sentido que desejamos
para a nossa vida.
Por isso, têm tantas pessoas no
mundo buscando na religião a resposta para a sua insatisfação e, na maioria das
vezes, nela conseguem dar os primeiros passos para se suprirem! Mas daí vem um
problema: em razão da sua procura ter trazido a paz que almejavam, acreditam
que esse “achado” servirá para todos e isso não é real. Se acreditamos que Deus
tudo sabe e somente permite aquilo que nos trará aprendizado, precisamos
entender que, em razão da nossa heterogeneidade, necessária é a diversidade dos
cultos religiosos para o nosso consolo e crescimento, e que para algumas
pessoas não será na religião que elas se encontrarão. Não adentrando na
suposição de que uma ou outra religião são engodos e que elas existirão somente
pelo tempo certo do aprendizado necessário para alguns, cada um tem a resposta
para as suas necessidades e o respeito deveria fazer parte de nossa postura.
Continuando no tema religião, se
sou uma pessoa que necessita de freios morais para que eu não descumpra as leis
divinas que nos regem, necessário na minha vida que eu siga um caminho que me
freará. Neste momento, eu procurarei uma religião que me dará o suporte que
necessito para isso. Assim, seja ela possuir dogmas mais fechados, seja ela
trazer uma visão de que o pecado resultará em uma punição ainda nesta vida ou
após a morte, no inferno, esta religião me ajudará no meu processo de
aprimoramento. Mas, se sou uma pessoa que já posso me ver tendo experiências
mais livres, posso me aproximar de doutrinas que me informarão sobre a minha
responsabilidade direta face às minhas ações boas ou não tão boas e que a
ninguém poderei culpar pelas minhas escolhas a não ser a mim mesma.
Assim, como um rebanho que não
sabe onde está, pois se perdeu de seu pastor, nós estamos buscando onde nos
enquadrarmos, através das nossas experiências, sentimentos, sensações,
raciocínio, que nos levarão a tentativas e erros, e a tentativas e acertos.
Mas, não podemos nos esquecer
que até a religião está no nosso mundo exterior. Ela deve ser encarada como um
caminho para a nossa busca do alimento de nossa alma, mas não como o alimento
em si. Ela serve de instrumento onde aprenderemos como utilizar as ferramentas
que já possuímos, aprimorando-as ou compreendendo qual a sua verdadeira utilidade.
Assim, seja o passe, seja a oração, seja a fé que já possuímos, tudo isso
poderá alimentar a nossa alma, mas voltaremos a sentir aquela insatisfação
anterior se não compreendermos que será pelas nossas ações que não mais a
sentiremos.
Poderemos rezar, poderemos
receber tantos passes quantos pudermos, poderemos acreditar que temos fé
suficiente para ficarmos bem, mas se não modificarmos as nossas ações, as
nossas atitudes, voltaremos aos vícios de outrora, nos levando a sentir a fome
em nossa alma novamente, porque o vazio que sentimos não está somente
relacionado às crenças que portamos, mas também a falta da prática e de dar
utilidade a cada uma dessas crenças na nossa vida e na vida do nosso próximo.
Ajamos, portanto, para o nosso
aprimoramento e que, com os instrumentos que já portamos, nos façamos úteis
para compreendermos o nosso verdadeiro papel nesta existência divina.
Assim, nossa alma se sentirá
saciada.
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