sábado, 7 de agosto de 2021

O QUE ALIMENTA A NOSSA ALMA?[1]

 

Adriana Machado

 

Hoje, nos sentimos famintos!

Parece que tudo o que tentamos fazer para saciar essa fome, não basta. Observando o que está ao nosso redor, percebemos as pessoas comprando mais, trabalhando mais, bebendo mais, comendo mais... Tudo o que está ao nosso redor, está sendo utilizado para matar essa fome que nós não temos noção da onde vem.

A todo momento, vemos na televisão, na rádio, na internet, no nosso cotidiano, que seremos felizes se consumirmos isso ou aquilo, se formos donos disso ou daquilo, mas, por mais que tentemos alcançar isso tudo, quando atingimos o nosso intento, a fome ainda está lá, nos perseguindo, nos avisando que ela ainda não foi saciada.

Em razão dessa realidade, já começamos a compreender que, apesar de não sabermos a origem de nossa insatisfação, essa busca não pode ser externa. Algo nos remete para dentro de nós, porque não há mais aonde procurar fora. Estamos vivendo um momento em que tudo parece sem sentido, porque tudo o que buscamos não preenche o nosso vazio e, se assim é, temos de nos aventurar a buscar em nós o sentido que desejamos para a nossa vida.

Por isso, têm tantas pessoas no mundo buscando na religião a resposta para a sua insatisfação e, na maioria das vezes, nela conseguem dar os primeiros passos para se suprirem! Mas daí vem um problema: em razão da sua procura ter trazido a paz que almejavam, acreditam que esse “achado” servirá para todos e isso não é real. Se acreditamos que Deus tudo sabe e somente permite aquilo que nos trará aprendizado, precisamos entender que, em razão da nossa heterogeneidade, necessária é a diversidade dos cultos religiosos para o nosso consolo e crescimento, e que para algumas pessoas não será na religião que elas se encontrarão. Não adentrando na suposição de que uma ou outra religião são engodos e que elas existirão somente pelo tempo certo do aprendizado necessário para alguns, cada um tem a resposta para as suas necessidades e o respeito deveria fazer parte de nossa postura.

Continuando no tema religião, se sou uma pessoa que necessita de freios morais para que eu não descumpra as leis divinas que nos regem, necessário na minha vida que eu siga um caminho que me freará. Neste momento, eu procurarei uma religião que me dará o suporte que necessito para isso. Assim, seja ela possuir dogmas mais fechados, seja ela trazer uma visão de que o pecado resultará em uma punição ainda nesta vida ou após a morte, no inferno, esta religião me ajudará no meu processo de aprimoramento. Mas, se sou uma pessoa que já posso me ver tendo experiências mais livres, posso me aproximar de doutrinas que me informarão sobre a minha responsabilidade direta face às minhas ações boas ou não tão boas e que a ninguém poderei culpar pelas minhas escolhas a não ser a mim mesma.

Assim, como um rebanho que não sabe onde está, pois se perdeu de seu pastor, nós estamos buscando onde nos enquadrarmos, através das nossas experiências, sentimentos, sensações, raciocínio, que nos levarão a tentativas e erros, e a tentativas e acertos.

Mas, não podemos nos esquecer que até a religião está no nosso mundo exterior. Ela deve ser encarada como um caminho para a nossa busca do alimento de nossa alma, mas não como o alimento em si. Ela serve de instrumento onde aprenderemos como utilizar as ferramentas que já possuímos, aprimorando-as ou compreendendo qual a sua verdadeira utilidade. Assim, seja o passe, seja a oração, seja a fé que já possuímos, tudo isso poderá alimentar a nossa alma, mas voltaremos a sentir aquela insatisfação anterior se não compreendermos que será pelas nossas ações que não mais a sentiremos.

Poderemos rezar, poderemos receber tantos passes quantos pudermos, poderemos acreditar que temos fé suficiente para ficarmos bem, mas se não modificarmos as nossas ações, as nossas atitudes, voltaremos aos vícios de outrora, nos levando a sentir a fome em nossa alma novamente, porque o vazio que sentimos não está somente relacionado às crenças que portamos, mas também a falta da prática e de dar utilidade a cada uma dessas crenças na nossa vida e na vida do nosso próximo.

Ajamos, portanto, para o nosso aprimoramento e que, com os instrumentos que já portamos, nos façamos úteis para compreendermos o nosso verdadeiro papel nesta existência divina.

 

Assim, nossa alma se sentirá saciada.

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