Karl W.Goldstein
Não deu outra, dai a instantes
todos ouviram um tremendo barulho que assustou as pessoas ali presentes! Saíram
munidos de lanterna. Atônitos, verificaram que o enorme jipe havia sido
transportado e batera violentamente contra a tulha, vencendo os 40 (quarenta)
metros que o separava daquele deposito. O trajeto era em aclive, e o jipe
estava lotado, pesando cerca de 2.500 kg! O mais surpreendente foi o fato de
não ter deixado no solo as marcas dos pneus! Como teria transposto aquele
caminho em ascensão ate a tulha? O impacto foi tão violento que uma das pontas
do forte para-choque de aço do veiculo chegou a entortar!
De onde teria sido extraída a
energia para produzir tamanho trabalho?! O jipe estava brecado e com a primeira
marcha engatada! Ninguém ouvira qualquer ruído do motor, facilmente perceptível
no silencioso ermo daquele sitio e tão próximo como se encontrava o veiculo.
Ter-se-ia dado um apport[2]
semelhante ao ocorrido com os demais objetos transladados de um para outro
lugar no barracão? Mistério…
Como começou…
Segundo informações fornecidas
por pessoas do local, o Sr. Katsumi Okabe teria comprado as terras nos idos de
1962, formando seu sitio a partir dai.
Aproximadamente em 1969, um
paraguaio comprou uma dúzia de bananas e sentou-se a beira da estrada para
comê-las. Depois de haver comido uma das bananas da penca, notou que haviam
desaparecido dali duas delas. Apos ter comido duas bananas, verificou que
haviam desaparecido mais quatro. Acreditando que alguém estivesse escondido e
roubado-lhe as frutas, o paraguaio tratou de esconder consigo o resto das
bananas.
Ao tomar esta providencia,
sentiu que lhe davam um tremendo soco nas costas, que o fez cair sem sentidos.
Na ocasião em que tal fato
ocorrera, uma família paraguaia instalada aproximadamente a meio quilometro da
casa do Sr. Okabe passou a ser palco de fenômenos inusitados: as camas em que
as pessoas estavam dormindo eram levitadas e balançavam de um lado para outro!
Temerosos de serem atirados de cima de seus leitos para o solo, os habitantes
daquela casa passaram a dormir no chão sob as camas! Mas assim mesmo não
tiveram sossego, pois, a noite, enquanto dormiam, eram empurrados para longe
dos colchões.
Logo mais, os objetos da casa
passaram a ser movimentados e atirados para fora, atraindo inúmeros curiosos
que vinham assistir aos estranhos fenômenos ali em atividade.
A família paraguaia resolveu mudar-se daquela
casa. Porem, lá ficou apenas uma senhora de idade. Esta não quis – não se sabe
o porquê – deixar a casa. Ao que parece, ela não devia estar se sentindo
incomodada. Ela trabalhava na lavoura de tomates do Sr. Okabe. Entretanto,
aconteceu que ela também recebeu uma saraivada de tomates numa ocasião em que
ali se achava trabalhando. A velha ficou brava, pensando que estava sendo
vitima de uma brincadeira de mau gosto. Logo após alguns dias o filho e a filha
do Sr. Okabe também foram atingidos por tomates e pepinos, enquanto lá se
achavam trabalhando.
A referida horta de tomates
distava da casa da velha paraguaia, tanto quanto da casa do Sr. Okabe. Os três
pontos formam um triângulo quase equilátero com cerca de 400m de lado. Era
nessa região que ocorriam os fenômenos do poltergeist.
Fora desse triangulo, não se observava nenhum fenômeno paranormal.
A mais ou menos 250m distante da
casa do Sr. Okabe, havia outra construção onde residia outra família paraguaia.
Ali jamais se deram fenômenos semelhantes.
Inúmeros outros fenômenos foram
registrados durante a atividade desse poltergeist.
Mas ficaremos por aqui devido as
naturais limitações de espaço disponível nestas colunas.
Há alguma explicação?
Sim, há explicações, mas não são
unânimes, pois nem todas conseguem satisfazer as exigências do bom senso.
A teoria mais em voga, adotada
atualmente pelos parapsicólogos considerados ortodoxos, e aceita hodiernamente
como a mais correta pela maioria dos especialistas, e aquela que atribuía a um
agente humano a causa de tais fenômenos. Segundo este ponto de vista, o poltergeist é um fenômeno provocado por
vivos e não por seres desencarnados, tais sejam: espíritos de mortos, duendes,
demônios ou algo semelhante. Portanto, no poltergeist,
apenas o agente humano denominado epicentro é o causador dos distúrbios,
ruídos, movimento de objetos (“apports”), vozes humanas, levitações, sumiços de
objetos etc.
Vejamos as hipóteses adhoc necessárias para apoiar a teoria
em questão:
O epicentro provoca os fenômenos
inconscientemente. Portanto, mesmo no caso em que o epicentro se sinta
apavorado com algumas das ocorrências, ou desejando conscientemente que elas
não ocorram (casos preocupantes de parapirogenia, em que há perigo de incêndios
catastróficos, ou riscos de vida para pessoas amadas etc.), o inconsciente da
“pessoa foco” a contraria de maneira insólita e até desumana, agindo contra
suas crenças, seus sentimentos, seus desejos e mesmo contra seu instinto de
conservação ou de defesa de si e de sua prole. Por exemplo: nós temos
ocorrências em que o marido do epicentro (uma senhora casada) sofreu vários
cortes no rosto, provocados pelo poltergeist.
Nesse mesmo caso, houve o episódio de uma garotinha golpeada profundamente na
perna. (Andrade, 1988, pp. 147-153).
O epicentro fornece ou
desenvolve uma energia psicocinética capaz de atuar sobre os objetos materiais
ou controlar forças como a eletricidade, o calor, o magnetismo, a gravidade
etc. e, desse modo, provocar os fenômenos observados nos poltergeists. Vai além, sendo capaz, inconscientemente, de produzir
o apport, com manifestações de
transposição – pelo menos assim parece – da matéria através da matéria.
Mencionamos como exemplo o episódio
do jipão Toyota de 2.500 kg, no poltergeist
do Paraguai que ora relatamos e que teria sido aportado a distancia de 40
metros em aclive as custas da energia do epicentro. Todavia não se observou
nenhuma reação em qualquer das pessoas presentes no local, como deveria ocorrer
em virtude do tremendo dispêndio de energia ocorrido nesse fenômeno! Onde
estaria o epicentro? Ou, se ele existia entre aquelas pessoas – o que parece
lógico ‒, tal agente psicocinético deveria ter tido alguma reação. Será que o
princípio universal da conservação da energia pode ser derrogado em um caso
desses? Ou, então, o epicentro saberia, inconscientemente, produzir a
transformação de matéria em energia? Isto é, obter reação nuclear a frio?
E, depois disso, aplicá-la no
jipão da forma como ocorreu?
Poderíamos estender-nos muito
mais, citando outros fatos muito estranhos observados na nossa coleção de poltergeists, porém pedimos licença para
ficarmos por aqui.
Infelizmente, somos obrigados a
confessar que, pessoalmente, ainda não conhecemos nenhuma explicação
satisfatória para os fenômenos poltergeist.
Conclusão
Por mais atraente e mesmo erudita
ou “cientifica” que possa parecer uma hipótese explicativa para os casos de poltergeist, não basta que ela ofereça
uma fórmula infalível para fazê-los cessar. E preciso que ela ensine também
como produzi-los a vontade, pois há casos de poltergeist que costumam cessar espontaneamente, tão
misteriosamente como começaram a ocorrer.
Referencias
bibliográficas
AKAKI, Kazunari (1972) – “Pedras, bicicletas e jipe ‘voam’
no sitio de Katsumi Okabe”, Jornal Paulista, 28 de julho de 1972, São Paulo.
ANDRADE, H.G. (1988) – Poltergeist, Algumas de Suas
Ocorrências no Brasil; São Paulo; Pensamento.
Leituras sugeridas
FLAMMARION, Camille (1923) – Les Maisons Hantees; Paris:
Editions Jai Lu.
GAULD,
Alan & CORNELL, A.D. (1979) – Poltergeist; London: Routledge & Kegan Paul.
OSIS,
Karlis & Mc CORMICK, Donna (1982) – “A Poltergeist Case Without an
Identifiable Living Agent” – Journal ASPR, Vol.76, no1, January, 1982.
PLAYFAIR,
Guy Lyon (1976) – This House is Haunted – An Investigation of the Enfield
Poltergeist; London: Souvenir Press.
ROLL,
Willian G. (1974) – The Poltergeist; New York: New American Library.
TIZANE, Emile (1962 e 1977) – L’Hote Inconnu dans le Crime
Sans Cause; Paris: 1ª edição, Omnium Litteraire, 2ª edicao, Tchou.
TIZANE,
Emile (1977) – Le Mystere des Maisons Hantees; Paris: Tchou.
TIZANE,
Emile (1980) – Les Agressions de L’Invisible; Monaco: du Rocher.
VERGNES, Georges (1980) – Quand le Diable Habitait Seron;
Paris: Revue du Tarn.
(Artigo de Karl W.Goldstein; Maio de 1997; São Paulo:
Jornal FE, enviado ao GEAE por Ogi Mini).
(Retirado do Boletim GEAE Número 267 de 18 de novembro de
1997)
[2] Apport – é o fenômeno, de efeito físico, de introdução
de objetos em locais fechados ou em móveis fechados. Corpos humanos podem
também ser transportados de um local para outro, sem que se perceba por onde
passaram.
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