Miramez
Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
‒ Há, o liame que
une a alma e o corpo.
Qual é a natureza desse liame?
‒ Semimaterial: quer
dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é
necessário para que eles possam comunicar-se. É por meio desse liame que o
Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.
O homem é assim formado de
três partes essenciais:
1°.) O corpo ou ser material,
semelhante ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°.) A alma, Espírito
encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3°.) O perispírito,
princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de primeiro
envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são, num fruto, a semente, a
polpa e a casca.
Questão 135/O Livro dos Espíritos
Há um laço que prende o Espírito
ao corpo, um intermediário entre as duas forças da vida, de natureza
semimaterial e a Doutrina Espírita denominou-o perispírito. Existem outros
laços que ligam o Espírito ao perispírito de modo mais seguro e que a evolução
saberá desatá-lo na época conveniente. Queremos dizer com isso que a alma tem
muitos corpos, os quais não cabe mencionar, por não ser esse o objetivo desta
página, e todos eles estão ligados ao Espírito por leis que escapam ao
raciocínio dos homens, porém, com um pouco de esforço poder-se-á notar a
existência das coisas dos Espíritos e suas necessidades. A evolução dos
Espíritos capacitará a inteligência para perceber, por exame indutivo, o vasto
campo espiritual onde se movimentam bilhões de seres inteligentes, e daí se
poderá partir para onde deveremos chegar; a espiritualidade superior.
Assim como não se pode ter nas
residências a luz elétrica sem os fios devidamente ordenados, o Espírito, para
iluminar o corpo na sua movimentação adequada, precisa dos fios tenuíssimos do
cordão fluídico, de modo que as ordens desçam para o mundo celular, as ideias
surjam na mente e a palavra saia para a audição, como veículo de
desenvolvimento espiritual. O coração fluídico, que os antigos iniciados
chamavam de “cordão de prata”, por ser a sua luz da cor deste metal, mas, com
característica brilhante, serve de intermediário entre o Espírito e o corpo e é
de natureza elástica sobremodo incompreensível para a ciência da Terra.
A alma, durante o sono do corpo,
fica mais leve e, de acordo com a sua evolução, pode fazer viagens longas, a
ponto do “coração de prata” ficar da espessura de um fio de teia de aranha.
Devido aos cuidados tomados
pelos Espíritos Superiores, não há perigo algum, nessas viagens, desde quando o
Espírito seja obediente ao comando dos benfeitores espirituais.
Cumpre-nos dizer, que, quando se
está, como Espírito livre do corpo, mas, resguardado pelo corpo fluídico,
deve-se cuidar dos sentimentos, da formação das ideias e educar as palavras,
porque tudo que se pensa e se fala negativamente, fixa-se no campo sensível do
corpo espiritual, como nódoa de difícil limpeza. A nossa aura apresenta o que
somos, tanto encarnados como desencarnados. O que semeamos nos ouvidos alheios,
colhemos nos corpos que usamos, apoiando-nos para a nossa missão na Terra. A
reforma dos nossos sentimentos, de que tanto falamos, inspirados no Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo, objetiva a nossa felicidade. Quem ama sem
distinção, está limpando seus próprios caminhos; quem perdoa as ofensas, está
tranquilizando a própria consciência e quem exercita a caridade por onde passa,
saiba que ela salva o caridoso das investidas de todos os males. Não existe
outro caminho para limpar o perispírito, e mesmo o cordão fluídico, das mazelas
do mundo, a não ser o Amor em todas as suas feições de entendimento.
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