Allan Kardec
(Odessa, Grupo Familiar, 1866 – Médium: Srta. M...)
Pergunta – Lendo
as experiências magnéticas no Vérité
de 1866, estava maravilhado e pensava intimamente que esta força tão admirável
talvez pudesse ser a causa de todas as maravilhas, de todas as belezas,
incompreensíveis para nós, dos planetas superiores, e cuja descrição nos dão os
Espíritos. Peço aos Espíritos bons que me esclareçam a respeito.
Resposta – Pobres homens! A avidez de saber, a
devoradora impaciência de ler o livro da Criação, vos transtorna a cabeça e
deslumbra os vossos olhos habituados à escuridão, quando caem sobre algumas
passagens que o vosso espírito, ainda escravo da matéria, não é capaz de
compreender. Mas tende paciência, os tempos são chegados. O grande arquiteto já
começa a desenrolar diante dos vossos olhos o plano do edifício do Universo, já
levanta uma ponta do véu que vos oculta a verdade, e um raio de luz vos ilumina.
Contentai-vos com essas premissas; habituai os vossos olhos à doce claridade da
aurora, até que possam suportar o esplendor do Sol em todo o seu vigor.
Agradecei ao
Todo-Poderoso, cuja bondade infinita poupa a vossa vista fraca, erguendo
gradualmente o véu que a cobre. Se o levantasse de uma vez, ficaríeis
deslumbrados e nada veríeis; recairíeis na dúvida, na confusão, na ignorância
da qual apenas saís. Já vos foi dito que tudo vem a seu tempo: não o antecipeis
por vossa grande avidez de tudo saber. Deixai ao Senhor a escolha do método que
julgue mais conveniente para vos instruir.
Tendes diante de vós
uma obra sublime: “A Natureza, sua essência, suas forças”. Ela começa pelo
abecê. Aprendei primeiro a soletrar, a compreender as primeiras páginas; progredi
com paciência e perseverança e chegareis ao fim, ao passo que, saltando páginas
e capítulos, o conjunto vos parece incompreensível. Aliás, não está nos
desígnios do Todo-Poderoso que o homem saiba tudo.
Conformai-vos, pois,
com a sua vontade: ela tem por objetivo o vosso bem.
Lede no grande livro
da Natureza; instruí-vos, esclarecei o vosso espírito, contentai-vos em saber o
que Deus julga a propósito vos ensinar durante vossa passagem na Terra; não
tereis tempo de chegar à ultima página e não a lereis senão quando estiverdes
desligados da matéria, quando vossos sentidos espiritualizados vos permitirem
compreendê-lo.
Sim, meus amigos,
aprendei e instrui-vos e, antes de tudo, progredi em moralidade pelo amor do
próximo, pela caridade, pela fé: é o essencial, é o passaporte à vista do qual
as portas do santuário infinito vos são abertas.
Humboldt
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