Edson Figueiredo de Abreu, do ECK
Mães que amam além do
preconceito social. Solitárias e incompreendidas, mas determinadas e amorosas
mães!
Chamo de mães especiais, àquelas
mulheres que tiveram a coragem de trazer ao mundo físico crianças diferentes,
chamadas de excepcionais, que são vistas pela maioria das pessoas como
anormais. Crianças que, de alguma forma, possuem alguma necessidade especial e,
por isso mesmo, são difíceis de manter, por demandarem muita atenção, cuidados
especiais e dedicação amorosa.
Isso não quer dizer que eu não
ache que as mães em geral sejam especiais, porque eu também acredito nisso.
Afinal, ser mãe é realmente uma tarefa magnifica e dignificante, que merece
toda a atenção e homenagens possíveis. Porém, as mães de crianças excepcionais,
principalmente aquelas que cuidam de seus filhos com zelo e dedicação, são
realmente diferentes e por isso merecem ser homenageadas também de maneira
diferente, com toda atenção, intensidade no carinho e amor que pudermos
dedicar-lhes.
Isso porque a vida delas não é
fácil, já que renunciam a muitas coisas para se dedicarem a seus filhos, os
quais, na maioria das vezes, são rejeitados e não aceitos pela sociedade.
Aliás, muitas destas mães também são rejeitadas pela sociedade, que
infelizmente as condena com um olhar desdenhoso e preconceituoso, como se elas
fossem as culpadas por seus filhos serem diferentes. E, infelizmente, ser
diferente neste mundo de mesmices e padrões ditados pelo preconceito, é
candidatar-se ao sofrimento sem culpa direta.
No nosso dia a dia, não é raro
estas mães e seus filhos serem vistos com olhares malsãos, enviesados e
carregados de repulsa e aversão. Na via pública, já vi pessoas se afastarem,
atravessarem a rua ou mudarem a direção apenas para não cruzarem com uma mãe
que caminhava com seu filho considerado por muitos como problemático. Também já
vi algumas destas mães e seus filhos receberem olhares acusadores e cobradores,
isso quando não são olhares de pena ou compaixão, como se as pessoas tivessem o
direito de se travestirem de juízes, os quais determinam que Deus está punindo
essas criaturas por serem pecadoras.
Peço a você que pense comigo:
Será que Deus realmente castiga estas mães com seus filhos diferentes porque
são pecadoras e merecem punição? Na verdade, as pessoas não percebem que ao
pensarem assim, estabelecem para Deus parâmetros de sentimentos humanos e tão
falhos quanto os seus próprios. É, então, um Deus que castiga porque seu amor
não é suficiente ou porque se sente de alguma forma ofendido por não ser
obedecido ou ainda pelas livres escolhas dos seus filhos, aos quais outorgou a
capacidade de pensar, decidir e agir por conta própria. Um Deus arrependido da
sua criação! Quem pensa assim, na verdade, são aquelas pessoas que abandonariam
seus filhos se estes fossem excepcionais, aliás, como muitas mães e pais
realmente o fazem. E neste sentido, há que se ressaltar que muitos covardes e
fracos pais agem assim, deixando a carga inteiramente para a mãe.
Infelizmente até no meio
espírita nós temos pessoas que pensam assim. Pessoas que, por não estudarem
adequadamente a Doutrina Espírita, observam a situação destas mães com um olhar
raso e estreito de vergonha, castigo, dor, punição, sofrimento, resgate etc.
Mães que, no seu entender, devem de sofrer porque foram pecadoras e agora estão
pagando por seus erros de vidas passadas. É seu carma, dizem rasteiramente!
No entanto, eu não vejo desta
forma!
E vou explicar o porquê, focando,
principalmente, nas necessidades reencarnatórias das mães e não na dos filhos
excepcionais, os quais podemos “deduzir”, estão, na sua maioria, em uma espécie
de resgate ou expiação terrestre e, até mesmo em aprendizados, em alguns casos.
Lembrando que, segundo os Espíritos elevados em O livro dos Espíritos, o espírito de uma criança excepcional, seja
esta excepcionalidade de qualquer grau, pode ser na realidade um espírito bem
capacitado e as vezes mais inteligentes do que nós mesmos. O que o impede de manifestar-se
livremente e na plenitude de suas faculdades é o corpo físico que possui alguma
anomalia, que, por sua vez, foi pré-determinada antes do reencarne. (vide
questões 373 e 374 de O livro dos
Espíritos).
Os Espíritos superiores também
disseram que os espíritos reencarnam para sua evolução e novos aprendizados,
além de provas, expiações, resgates e até missões específicas (questões 258 a
273 de O Livro dos Espíritos). Assim
sendo, podemos interpretar, porém, sem efetivamente afirmar, que normalmente as
escolhas são feitas no plano espiritual antes do reencarne, com uma possível
assessoria de espíritos mais elevados e experientes (os popularmente chamados
mentores). E, para que ocorra o reencarne do espírito, é necessário também um
acordo prévio com seus futuros pais biológicos ou mesmo aqueles que assumirão a
criança na falha ou falta destes. Neste caso, podem ser os avós, um parente
próximo ou até mesmo um casal estranho à criança que venha a adotá-la. Então,
são “raros” os reencarnes que “não passam” por todo esse processo de
concordância e acertos prévios entre todos os envolvidos. Eu, particularmente,
não acredito em reencarnes compulsórios.
Neste sentido, ocorrem
reencarnes que atendem a necessidades especificas do espírito e outros que
“somados” também atendem a necessidades dos pais, principalmente das mães, haja
vista que, na vida física, normalmente são elas que assumem a maior carga.
Assim sendo, observando alguns comportamentos do dia a dia, podemos “deduzir” e
“especular” quais as mães que estão vivenciando cada uma das situações citadas
acima de: “provas”, “resgates”, “expiações”, “aprendizados” ou “missões”, a
saber:
a) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e depois a
“abandona”, pode ter assumido um compromisso com aquele determinado espírito
antes do reencarne do mesmo, mas, por diversas razões, sendo a maioria delas
oriundas das necessidades e preconceitos da vida física e a não observância das
leis de “Sociedade” e “Justiça, Amor e Caridade”, não suporta a carga e declina
do seu compromisso. “Aqui não podemos deixar de citar a responsabilidade
compartilhada do pai, que normalmente é o primeiro a declinar, comprometendo-se
para o futuro – causa e efeito – e aumentando a carga da mãe”;
b) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e a
“mantém sob seus cuidados”, mas reclama de tudo e se sente desconfortável com
esta circunstância, pode estar em uma possível situação de prova ou expiação,
porém não está entendendo, aceitando e talvez não suportando o encargo, como
foi planejado anteriormente. A vergonha e o sofrimento com que lida com a
situação espelha justamente a sua expiação. É bem provável que, pela falta de
compreensão e apoio da sociedade, ela venha também a declinar do seu
compromisso;
c) A mãe que dá à luz a uma criança excepcional e a
“mantém sob seus cuidados”, com atenção, amor, carinho, dedicação, tratando seu
filho como trataria um filho “dito” normal, também pode estar em situação de
compromisso, o qual entendeu e aceitou de bom grado conscientemente. Esta mãe tem
grandes probabilidades de completar com êxito seu compromisso prévio.
A situação desta mãe também pode representar uma missão de
aprendizado ou ainda uma missão de uma tarefa específica. Talvez ela nem tenha
compromissos com aquele espírito, mas decidiu, em uma ação de benemerência,
aceitá-lo como filho para ajudá-lo na sua evolução, assim como também aprender
com ele. Lá no seu íntimo, apesar da carga e da incompreensão do mundo à sua
volta, ela se sente recompensada e feliz com sua missão de mãe, independentemente
das limitações físicas do filho e dos olhares acusadores da sociedade.
Eis a razão por que eu acho que
estas mães são realmente especiais! São espíritos fortes, amorosos e
equilibrados, invariavelmente espiritualizados e muito conscientes de suas
obrigações e deveres. É por isso que eu acredito que elas devem ser encaradas e
tratadas pela sociedade de forma diferente das demais mães.
São pessoas que, ao contrário do
que se pensa, tem de ser admiradas e valorizadas pela sua coragem, dedicação,
desprendimento e amor incondicional. Também porque, neste mundo extremamente
materialista e consumista, são muito poucas as pessoas que conseguem isso. É
isso que as torna especiais, pois a tarefa à qual se dispuseram realizar é para
poucos, e mais, são poucas também as pessoas que a concretizam com sucesso!
Encerro este artigo externando
minha profunda admiração e respeito a todas essas mães especiais,
principalmente aquelas que cuidam de seus filhos excepcionais com amor, carinho
e dedicação. Parabéns para vocês, pois apesar da incompreensão do mundano
mundo, seguem firmes no seu amor incondicional aos filhos classificados como
especiais, mas, na realidade, creiam, especiais são vocês.
Solitárias e incompreendidas,
mas determinadas e amorosas mães!
Mães que amam além do
preconceito social.
Fonte: Portal Casa Espírita Nova Era
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