Allan Kardec
(Paris, 26 de novembro de 1866 – Médium: Sr. Sabb...)
Glória a Deus e paz
aos homens de boa vontade!
O estudo do
Espiritismo não deve ser vão. Para certos homens levianos, é uma diversão; para
os homens sérios, deve ser sério.
Antes de tudo
refleti numa coisa. Não estais na Terra para aí viver à maneira dos animais,
para vegetar à maneira de gramíneas ou de árvores. As gramíneas e árvores têm a
vida orgânica, mas não têm a vida inteligente, como os animais não têm a vida
moral. Tudo vive, tudo respira em a Natureza, mas só o homem sente e se sente.
Como são lamentáveis
e insensatos aqueles que se desprezam a ponto de se compararem a um pé de erva
ou a um elefante! Não confundamos os gêneros nem as espécies. Não são grandes
filósofos e grandes naturalistas que, por exemplo, veem no Espiritismo uma nova
edição da metempsicose e, sobretudo, de uma metempsicose absurda. A
metempsicose não é outra coisa senão o sonho de um homem de imaginação. Um
animal, um vegetal produz o seu congênere, nada mais, nada menos. Que isto seja
dito para impedir velhas ideias falsas de serem novamente acreditadas, à sombra
do Espiritismo.
Homem, sede homem;
sabei de onde vindes e para onde ides. Sois o filho amado d'Aquele que tudo fez
e vos deu um fim, um destino que deveis realizar sem o conhecer absolutamente.
Éreis necessário aos
seus desígnios, à sua glória, à sua própria felicidade? Questões inúteis,
porque insolúveis. Vós sois; sede reconhecidos por isto; mas ser não é tudo; é
preciso ser segundo as leis do Criador, que são as vossas próprias leis.
Lançado na existência, sois ao mesmo tempo causa e efeito. Ao menos quanto ao
presente, não podeis determinar o vosso papel, nem como causa, nem como efeito,
mas podeis seguir as vossas leis. Ora, a principal é esta: O homem não é um ser
isolado, é um ser coletivo.
O homem é solidário
do homem. É em vão que procura o complemento de seu ser, isto é, a felicidade
em si mesmo ou no que o cerca isoladamente; não pode encontrá-lo senão no homem
ou na Humanidade. Então nada fazeis para ser pessoalmente feliz, tanto quanto a
infelicidade de um membro da Humanidade, de uma parte de vós mesmo, poderá vos
afligir.
Mas, direis, é a
moral que ensinais. Ora, a moral é um velho lugar-comum. Olhai em torno de vós:
que há de mais ordinário, de mais comum que a sucessão periódica do dia e da
noite, que a necessidade de vos alimentardes e de vos vestirdes? É para isto
que tendem todos os vossos cuidados, todos os vossos esforços. E é necessário,
pois assim o exige a parte material do vosso ser. Mas a vossa natureza não é
dupla, e não sois mais espírito do que corpo? Como, pois, vos é mais difícil
ouvir lembrar as leis morais do que as leis físicas, que aplicais a todo
instante? Se fôsseis menos preocupados e menos distraídos essa repetição não
seria tão necessária.
Não nos afastemos de
nosso assunto. Bem compreendido, o Espiritismo é, para a vida da alma, o que o
trabalho material é para a vida do corpo. Ocupai-vos dele com este objetivo e
ficai certos de que quando tiverdes feito, para o vosso melhoramento moral, a
metade do que fazeis para melhorar a vossa existência material, tereis feito a
Humanidade dar um grande passo.
Um
Espírito
Nenhum comentário:
Postar um comentário