Allan Kardec
(Grupo Delanne – Paris, 8 de janeiro de 1865 – Médium: Sra. Br...)
Os tempos são chegados em que
esta palavra do profeta deve ser realizada:
Espalharei, diz o
Senhor, do meu Espírito sobre toda a carne; e vossos filhos profetizarão,
vossos velhos terão sonhos[2].
O Espiritismo é esta difusão do
Espírito divino, vindo instruir e moralizar todos esses pobres deserdados da
vida espiritual que, não vendo senão a matéria, esquecem que o homem não vive
apenas de pão.
É preciso ao corpo um organismo
material a serviço da alma, um alimento apropriado à sua natureza; mas à alma,
emanação do Espírito Criador, é preciso um alimento espiritual, que só encontra
na contemplação das belezas celestes, resultante da harmonia das faculdades
inteligentes em sua inteira manifestação.
Enquanto o homem negligencia
cultivar o seu espírito e fica absorvido pela busca ou pela posse dos bens materiais,
sua alma está de certo modo estacionária, e lhe é preciso um grande número de
encarnações antes que possa, obedecendo insensivelmente e como por força à lei
inevitável do progresso, chegar a esse começo de vitalidade intelectual, que a
torna a diretora do ser material, ao qual está unida. É por isto que, malgrado
os ensinamentos dados pelo Cristo, para fazer a Humanidade avançar, ela está
ainda tão atrasada, pois o egoísmo não quis apagar-se diante desta lei de
caridade, que deve mudar a face do mundo e dele fazer uma morada de paz e de
felicidade.
Mas a bondade de Deus é
infinita, ultrapassando a indiferença e a ingratidão de seus filhos. Eis por
que lhes envia esses mensageiros divinos, que vêm lembrar-lhes que Deus não os
criou para a Terra, onde apenas estão por algum tempo, a fim de que, pelo
trabalho, desenvolvam as qualidades postas em germe em sua alma, e que,
cidadãos dos céus, não se devam comprazer numa estação inferior à sua
ignorância, onde só as suas faltas os retêm.
Agradecei, pois, ao Senhor, e
saudai com alegria o advento do Espiritismo, pois que ele é a realização das
profecias, o sinal retumbante da bondade do Pai de misericórdia, e para vós um
novo apelo a esse desprendimento da matéria, tão desejável, considerando-se que
só Ele pode vos proporcionar a verdadeira felicidade.
Luís
de França
[1] Revista Espírita
– Fevereiro/1867 – Allan Kardec
[2] N. do T.:
Atos dos Apóstolos, 2:17. O versículo completo está assim concebido: “E nos
últimos dias, diz o Senhor, derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os
vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões,
e os vossos velhos sonharão sonhos”. Referência mais que explícita sobre a
explosão da mediunidade no século XIX.
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