Miramez
Não há situações em que os meios de subsistência não
dependem absolutamente da vontade do homem e a privação do necessário, até o
mais imperioso, é uma consequência das circunstâncias?
É uma prova frequentemente cruel
que o homem deve sofrer e à qual sabia que seria exposto; seu mérito está na
submissão à vontade de Deus, se a sua inteligência não lhe fornecer algum meio
de sair da dificuldade. Se a morte deve atingi-lo, ele deverá submeter-se sem
murmurar, pensando que a hora da verdadeira liberdade chegou e que o desespero
do momento final pode fazê-lo perder o fruto de sua resignação.
Questão 708/O Livro dos Espíritos
Existem em toda a criação processos
de despertamentos espirituais, dos quais o progresso é o instrumento. Se se
passa por grandes vexames, por privações, quando em torno tudo é abundância, é
pela ignorância, cujo entrave impede que se possa conhecer os meios de se
libertar, que é conhecendo a verdade. No entanto, depois do Cristo, as portas
se abriram ao conhecimento das leis espirituais que existem dentro de todos os
seres.
Falamos em muitas mensagens que
o homem deve conhecer a verdade; é certo que deve, mas essa verdade vem ao seu
encontro, no silêncio que lhe compete chegar. Ela nunca usa a violência.
Se os sofrimentos não fossem
necessários, não existiriam. Eles são capazes de libertar as criaturas da
ignorância. Os infortúnios se alojam no seio dos que desconhecem as leis de
Deus. Jesus é o ponto alto do saber e do amor; depois d'Ele, não se pode
reclamar ignorância.
Mesmo assim, o Senhor, como
representante direto de Deus na Terra, espera que os homens assimilem Seus
ensinamentos, para depois os chamar à ordem.
Estamos em um período de começo
de maturidade. O Evangelho circula no mundo servindo-se de muitos instrumentos
para ser conhecido, e depois de conhecido, vivido. Ainda existem muitos
fariseus espalhados por toda a Terra, contestando conceitos e querendo destruir
a luz, porque ela os incomoda. Existem, também, muitos escribas espalhados por
todas as nações, escrevendo e interpretando a seu modo as coisas santas, porque
a verdade está mudando pela sua feição mais pura, e eles desejam que nada mude.
A eles, nós dizemos que ninguém engana a Deus, e os que estiverem com a verdade
é que ficarão de pé.
É fácil reconhecer os
contraditores da luz: são aqueles que somente veem o defeito nos outros e se
esquecem dos seus, aqueles que nunca fazem nada em benefício comum. A caridade,
para eles, é interpretada como alimento para quem não deseja se esforçar. São
mestres na escola do desculpismo.
Para os trabalhadores do Cristo
operante, Lucas lembra, no capítulo doze, versículo trinta e cinco, as palavras
de Jesus insuflando-nos novo ânimo no sentido de não esquecermos a caridade:
Cingidos estejam os vossos corpos, e acesas as vossas candeias.
Não é preciso explicações para o
entendimento; o cristão deve estar preparado para todas as investidas dos
mesmos fariseus que se multiplicaram no mundo e dos escribas que se espalham
por toda a Terra. É preciso ter resignação em todos os caminhos espinhosos e
prosseguir amando e trabalhando em favor do bem de todas as criaturas. Chegamos
à época do despertar das luzes. Mesmo que a humanidade, ou parte dela, se
enverede pelas coisas transitórias, Deus não muda Seu programa, nem Jesus o Seu
roteiro, delineado há milhões de séculos. Ele sabe o que faz. Os homens, em seu
despertamento, é que não sabem o que fazer. As sementes que estão semeando,
marcam os frutos que deverão colher.
Vamos lembrar desta frase
luminar de O Evangelho Segundo o
Espiritismo: "Fora da caridade não há salvação”.
Apegando-nos a essa caridade em
todas as direções do entendimento, passaremos a conhecer a nós mesmos e a
entender o programa de Deus que Cristo encontra executando no mundo, para
salvar os homens.
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