quinta-feira, 8 de abril de 2021

OS SOFRIMENTOS[1]

 

Fragmento - Os sofrimentos do Jovem Werther, Goethe

Miramez

 

Não há situações em que os meios de subsistência não dependem absolutamente da vontade do homem e a privação do necessário, até o mais imperioso, é uma consequência das circunstâncias?

 É uma prova frequentemente cruel que o homem deve sofrer e à qual sabia que seria exposto; seu mérito está na submissão à vontade de Deus, se a sua inteligência não lhe fornecer algum meio de sair da dificuldade. Se a morte deve atingi-lo, ele deverá submeter-se sem murmurar, pensando que a hora da verdadeira liberdade chegou e que o desespero do momento final pode fazê-lo perder o fruto de sua resignação.

Questão 708/O Livro dos Espíritos

 

Existem em toda a criação processos de despertamentos espirituais, dos quais o progresso é o instrumento. Se se passa por grandes vexames, por privações, quando em torno tudo é abundância, é pela ignorância, cujo entrave impede que se possa conhecer os meios de se libertar, que é conhecendo a verdade. No entanto, depois do Cristo, as portas se abriram ao conhecimento das leis espirituais que existem dentro de todos os seres.

Falamos em muitas mensagens que o homem deve conhecer a verdade; é certo que deve, mas essa verdade vem ao seu encontro, no silêncio que lhe compete chegar. Ela nunca usa a violência.

Se os sofrimentos não fossem necessários, não existiriam. Eles são capazes de libertar as criaturas da ignorância. Os infortúnios se alojam no seio dos que desconhecem as leis de Deus. Jesus é o ponto alto do saber e do amor; depois d'Ele, não se pode reclamar ignorância.

Mesmo assim, o Senhor, como representante direto de Deus na Terra, espera que os homens assimilem Seus ensinamentos, para depois os chamar à ordem.

Estamos em um período de começo de maturidade. O Evangelho circula no mundo servindo-se de muitos instrumentos para ser conhecido, e depois de conhecido, vivido. Ainda existem muitos fariseus espalhados por toda a Terra, contestando conceitos e querendo destruir a luz, porque ela os incomoda. Existem, também, muitos escribas espalhados por todas as nações, escrevendo e interpretando a seu modo as coisas santas, porque a verdade está mudando pela sua feição mais pura, e eles desejam que nada mude. A eles, nós dizemos que ninguém engana a Deus, e os que estiverem com a verdade é que ficarão de pé.

É fácil reconhecer os contraditores da luz: são aqueles que somente veem o defeito nos outros e se esquecem dos seus, aqueles que nunca fazem nada em benefício comum. A caridade, para eles, é interpretada como alimento para quem não deseja se esforçar. São mestres na escola do desculpismo.

Para os trabalhadores do Cristo operante, Lucas lembra, no capítulo doze, versículo trinta e cinco, as palavras de Jesus insuflando-nos novo ânimo no sentido de não esquecermos a caridade:

 

Cingidos estejam os vossos corpos, e acesas as vossas candeias.

 

Não é preciso explicações para o entendimento; o cristão deve estar preparado para todas as investidas dos mesmos fariseus que se multiplicaram no mundo e dos escribas que se espalham por toda a Terra. É preciso ter resignação em todos os caminhos espinhosos e prosseguir amando e trabalhando em favor do bem de todas as criaturas. Chegamos à época do despertar das luzes. Mesmo que a humanidade, ou parte dela, se enverede pelas coisas transitórias, Deus não muda Seu programa, nem Jesus o Seu roteiro, delineado há milhões de séculos. Ele sabe o que faz. Os homens, em seu despertamento, é que não sabem o que fazer. As sementes que estão semeando, marcam os frutos que deverão colher.

Vamos lembrar desta frase luminar de O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Fora da caridade não há salvação”.

Apegando-nos a essa caridade em todas as direções do entendimento, passaremos a conhecer a nós mesmos e a entender o programa de Deus que Cristo encontra executando no mundo, para salvar os homens.



[1] Filosofia Espírita – Volume 14 – João Nunes Maia

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