Miramez
O Espírito se lembra de todas as existências que
precederam a que acabou de deixar?
‒ Todo o seu passado
se desenrola diante dele, como as etapas de um caminho que o viajante
percorreu. Mas, como já dissemos, ele não se lembra de maneira absoluta, de
todos os atos, recordando-os apenas na razão da influência que tenham sobre o
seu estado presente. Quanto às primeiras existências, as que se podem considerar
como a infância do Espírito, perdem-se no vazio e desaparecem na noite do
esquecimento.
Questão 308/O Livro dos Espíritos
Ao deixar a veste de carne, o
Espírito se recorda de alguns fatos do passado ou, por vezes, de outras
reencarnações, porém, não são todos os Espíritos que podem recordar: isso
acontece somente quando tem utilidade para o seu esclarecimento espiritual.
A reencarnação, tanto quanto a
desencarnação, são assistidas por benfeitores espirituais, com capacidade
assegurada no amor, para saberem do que precisa o desencarnante, e quais as
experiências que deve ter como lições proveitosas para a sua paz.
O Espírito evoluído, como
dissemos, aciona a sua vontade, quando necessário, vai ao passado, quando esse
lhe é útil, e recorda vida e vidas, no afã de buscar o que deve ser feito no
porvir.
A reencarnação é uma lei natural
em todos os mundos habitados, como sendo trocas de ambientes, no sentido de o
Espírito renovar-se, aceitando e vivendo os preceitos de Jesus Cristo.
Mesmo aqueles que precisam recordar
o passado não o fazem de maneira absoluta. Para exemplo, vamos lembrar um
ditado popular que assim diz: “Para quem
sabe ler, um pingo é letra”. Para
que um Espírito evoluído vai gastar tempo em se lembrar de todas as
particularidades de vidas passadas? Somente os principais fatos lhe interessam.
Há muitas e muitas existências que deve elidir[2],
por não haver necessidade de tais lembranças e ele deixa que elas se percam nas
noites do esquecimento, como relata O
Livro dos Espíritos.
O Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo é uma universidade no presente. Conhecendo-o e praticando as suas
lições de luz, pouco vale a recordação do passado; interessa andar para frente,
sob a inspiração do Mestre. Existe nos conceitos de Jesus uma fonte eterna, que
cura todos os males, que ensina todas as ciências, que se chama Amor.
Procuremos pensar no amor e
descobrir aquele que o Cristo ensinou e viveu que nele e por ele os dons
desabrocharão como flor de luz, a nos mostrar todos os caminhos para a
felicidade. A Doutrina Espírita vem fazer o homem se lembrar da necessidade de
descobrir a si mesmo, e procurar viver na cidade do coração.
O que devemos fazer é não nos
perturbarmos no momento de deixar as vestes carnais, porque é realmente uma
troca de vestes, qual se faz quando encarnado, com as vestes de tecido. Mas,
verdadeiramente, somente o amor pode nos dar segurança nos momentos de trocar
essas vestes pelas vestes espirituais.
Entreguemos a Deus o que deve
vir em nosso socorro. Ele sabe se precisamos de recordações do passado, e como
nos entregá-las com docilidade, como sendo lições de luz para os nossos
caminhos de trevas. Forçar a natureza que desconhecemos é impulso da ignorância.
Devemos postergar tais atitudes, favorecendo, assim, as mãos divinas para nos
guiar com segurança. A curiosidade de recordações pode nos vedar a esperança do
porvir. Deixemos nascer o Cristo em nós pelo amor, que seremos salvos de todas
as investidas dos desacertos.
Vide: A Morte de Dimas
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