segunda-feira, 22 de março de 2021

BLANDINA PHILIPPINI FERREIRA[1]

 


Nasceu em 02 de junho de 1903, no bairro da Casa Amarela em Recife. Era filha de Xavier Alexandre Philippini, de nacionalidade francesa e Dona Maria Germana Gomes Philippini, brasileira. Era viúva do grande líder espírita pernambucano Fernando Gomes Ferreira, de cujo matrimônio teve apenas uma filha, criando, no entanto seis enteados do primeiro casamento de seu esposo; todos os seus descendentes são simpatizantes da Doutrina Espírita.

De família tradicionalmente católica, Blandina Philippini tomou contato com a Doutrina em 1921, pela leitura de O Livro dos Espíritos. Consciente das verdades contidas na magistral obra resolveu aprofundar-se no conhecimento doutrinário, lendo os demais livros da Codificação e de vários autores e, ao mesmo tempo, iniciou-se na prática, frequentando o Grupo Espírita Bittencourt Sampaio, revelando tanto interesse pela causa que logo foi chamada a fazer parte da sua diretoria sendo eleita Vice-Presidente e no ano seguinte Presidente do Grupo.

Iniciou-se no serviço de palestras, impondo-se por seu verbo encantador, dominando auditórios com sua voz vibrante e ao mesmo tempo comovedora; falava das belezas do Evangelho de Jesus ou de temas doutrinários com a mesma candura. A Federação Espírita Pernambucana foi buscá-la para o seu quadro de oradores, confiando-lhe o setor evangélico, tarefa que exerceu por mais de 40 anos consecutivos.

Fundou inúmeras instituições entre as quais a Sociedade Espírita “Mensageiros do Bem”, da qual foi Presidente até a data da sua desencarnação. Foi uma das fundadoras da “Casa dos Espíritas de Pernambuco”, sendo a sua primeira Secretária no Conselho Deliberativo. Fundou também a “União Espírita da Torre”. Teve grande atuação na “Comissão Estadual de Espiritismo”, onde ocupou vários cargos, sendo a primeira Presidente da Ala Feminina, eleita em 1º de setembro de 1950, e quando da sua desencarnação ocupava a 1ª Vice-Presidência.

Foi uma das grandes animadoras do movimento espírita pernambucano, participando de acontecimentos de relevo entre os quais a “Semana da Mulher Espírita Pernambucana”, com encerramento no Teatro Santa Isabel, com a presença de autoridades civis e militares, confrades de todo o Estado e Estados vizinhos, tomando parte ativa nessas semanas, seareiras como Elisabeth Dantas (Niná), Nércia Tavares, Judith Siqueira Braz e tantos outros valores femininos de Recife, onde a mulher caminha no Espiritismo passo a passo com os homens. Integrou a equipe de colaboradores de vários cursos intensivos de Espiritismo, promovidos pela ”Comissão Estadual de Espiritismo”, que tem a adesão de mais de uma centena de Instituições Espíritas em todo o Estado de Pernambuco.

Em entrevista para o Museu Espírita do Estado do Rio de Janeiro declarou que, entre todos os acontecimentos espíritas do Estado, sua melhor recordação era a comemoração do Primeiro Centenário do Espiritismo, realizado no parque Treze de Maio, em 18 de abril de 1957, promovido pela “Comissão Estadual de Espiritismo”.

Colaborou muito na imprensa espírita pernambucana e de todo o Nordeste, dentre eles “Raios de Luz”, “A Verdade”, “Paraíba Espírita”, e outros.

Gostava imensamente de poesias e de declamar em reuniões festivas. Sua inspiração surgia quase sempre no silêncio das madrugadas, deixando em sua bagagem belos poemas e sonetos. Em sua juventude trabalhou em Teatro Estudantil, adorava música clássica, apesar de ter apenas noções teóricas de música.

Tornou-se oradora muito solicitada para Congressos, Semanas Espíritas, Simpósios e reuniões festivas. Foi grande animadora da Mocidade Espírita e da Escola Espírita de Evangelização para Crianças. Declarou que a Mocidade Espírita, que tantos frutos tem produzido por esse Brasil imenso deve ser incentivada ao máximo, porque é a esperança de um mundo mais dos moços. Centenas de Instituições Espíritas estão hoje sob a direção dos moços de ontem. A Mocidade Espírita criada pela visão extraordinária do professor Leopoldo Machado, que teve a sua fase áurea em 1948, quando da realização no Rio de Janeiro, do Congresso de Mocidades Espíritas do Brasil, no qual estava representado todo o País, abriu as portas da Doutrina aos jovens, integrando-os nos trabalhos do Centro Espírita, proporcionando-lhes o gosto pelo estudo doutrinário e o incentivo pela tribuna espírita, ombro a ombro, lado a lado, com os mais experimentados, sobretudo no campo assistencial.

Médium inspirada se transfigurava na tribuna, ao distribuir as blandícias do Evangelho de Jesus. No contato com os menos felizes, exerceu moderadamente a beneficência num terreno muito difícil que é o da pobreza envergonhada, levando a fé, a coragem e o desejo de viver, a muitos que se julgavam abandonados pela sorte, e que encontravam nela o apoio seguro.

Blandina Philippini, pela sua cultura doutrinária, e pelo seu grande amor à Doutrina, sobretudo pela sua humildade, deu causa a muitas conversões ao Espiritismo. No transcurso de sua existência terrena, de quase três quartos de século distribuiu luz e amor aos seus semelhantes.

Desencarnou no dia 23 de maio de 1974, em Recife, Pernambuco.

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