Nasceu em Lyon, em 4 de maio de
1809 e desencarnou no Cairo, em 4 de março de 1858.
É considerado um dos
introdutores e grande incentivador da homeopatia no Brasil, onde também é
referido como Bento Mure.
Filho de ricos comerciantes de
seda de Lyon, em 1833, Benoît Mure foi acometido de tuberculose, e salvo pelo
médico homeopata Conde Sebastien Gaeten Salvador Maxime Des Guidi (1769 –
1863), discípulo de Samuel Hahnemann, o primeiro homeopata da França e
introdutor da homeopatia em Lyon. Após a cura, dedicou-se ao estudo da
homeopatia, formando-se em Montpellier, uma escola de medicina de tradição
vitalista. Teve contato com Hahnemann em Paris e com ele manteve
correspondência.
Maure trabalhou intensamente na
difusão da homeopatia na Europa. Em Paris, fundou um dispensário, onde, com
seus colaboradores, chegou a atender mais de mil pacientes por semana.
Aderiu ao movimento fourierista
e decidiu vir para o Brasil a fim de implantar um projeto de colonização de
acordo com o ideário de Fourier.
Chegou ao Brasil em 21 de
novembro de 1840. No ano seguinte, tentou implantar um projeto do Falanstério
do Saí. Após ter recebido licença do governo imperial e ter escolhido o local
para a colônia, Mure partiu, em 22 de dezembro, com cem famílias, a bordo do
navio Caroline para colonizar a península do Saí, na divisa do Paraná com Santa
Catarina, no encontro dos rios São Francisco e rio Saí. Ali chegou a organizar
a Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático de Saí, em 1842,
destinado a ensinar a homeopatia a médicos já diplomados.
Fracassado o seu projeto,
transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1843, fundando aí o Instituto
Homeopático do Brasil, do qual foi presidente até 1848. Com João Vicente
Martins - médico português naturalizado brasileiro, diplomado cirurgião pela
Real Escola de Cirurgia de Lisboa -, criou mais 26 locais de assistência
ambulatorial no Rio de Janeiro, apesar de sofrer ataques da Academia Imperial
de Medicina, que o acusava de charlatanismo. Na época, eram principalmente os
médicos homeopatas que atendiam à população carente e aos escravos.
Em 13 de abril de 1848, Mure
regressou à Europa. Casou-se com Sophie Lemaire, homeopata experiente e reconhecida.
O casal viveu no Cairo, no Sudão e depois em Gênova, onde abriu um ambulatório
e também ensinava a prática da homeopatia a leigos. Em 1854, durante uma
epidemia de cólera na cidade, Sophie e Benoît dedicaram-se ao tratamento dos
doentes com grande sucesso. Entretanto, o governo não reconheceu seus esforços
e seus alunos foram processados por exercício ilegal da medicina. O casal
decide então voltar para o Egito, onde Mure passou os últimos dois anos de sua
vida, ainda dedicado ao ensino da homeopatia para leigos. Ali faleceu, aos 48
anos, aparentemente em consequência dos ferimentos que recebera durante um
atentado. Depois de sua morte, em 1858, Sophie permaneceu mais dois anos no
Cairo, atendendo doentes, retornando à França em 1860.
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