Vivaldo J. de Araújo
Até meados do século VI, todo o
Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já
proclamava, milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador
dos princípios da Justiça Divina, que sempre deu oportunidade ao homem para
rever seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.
Aconteceu, porém, que o segundo
Concílio de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em decisão política,
para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção,
cientificamente justificada, substituindo-a pela ressurreição, que contraria
todos os princípios da ciência, pois admite a volta do ser, por ocasião de um
suposto juízo final, no mesmo corpo já desintegrado em todos os seus elementos
constitutivos.
É que Teodora, esposa do famoso
Imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa, temia
retornar ao mundo, na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou uma
forte pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder através da
criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora
eram lei.
E assim, o Concílio realizado em
Constantinopla, no ano de 553 D.C, resolveu rejeitar todo o pensamento de
Orígenes de Alexandria, um dos maiores Teólogos que a Humanidade tem
conhecimento. As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação
admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo
quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido
séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e
Malaquias 4:5).
Agindo dessa maneira, como se
fosse soberana em suas decisões, a assembleia dos bispos, reunidos no Segundo
Concílio de Constantinopla, houve por bem afirmar que reencarnação não existe,
tal como aconteceu na reunião dos vaga-lumes, conforme narração do ilustre
filósofo e pensador cristão, Huberto Rohden, em seu livro “Alegorias”, segundo
a qual, os pirilampos aclamaram a seguinte sentença, ditada por seu Chefe D.
Sapiêncio, em suntuoso trono dentro da mata, na calada da noite”. Não há nada
mais luminoso que nossos faróis, por isso não passa de mentira essa história da
existência do Sol, inventada pelos que pretendem diminuir o nosso valor
fosforescente”.
E os vaga-lumes dizendo amém,
amém, ao supremo chefe, continuaram a vagar nas trevas, com suas luzinhas
mortiças e talvez pensando – “se havia a tal coisa chamada Sol, deve agora ter
morrido”. É o que deve ter acontecido com Teodora: ao invés de fazer sua
reforma íntima e praticar o bem para merecer um melhor destino no futuro,
preferiu continuar na ilusão de se poder fugir da verdade, só porque esta fora
contestada pelos deuses do Olimpo, reunidos em majestoso conclave.
Fonte: Espiritismo na Rede
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