Joanna de Ângelis[2]
O delinquente deve sempre ser
considerado um Espírito enfermo, padecendo injunções alienantes que o levam ao
delito.
Não obstante, cumpre à sociedade
o dever de ensejar-lhe a reeducação e o tratamento, quando colhido nas malhas
da Lei.
Afastá-lo do convívio social,
trabalhando pela sua reabilitação, a fim de que se transforme em cidadão útil,
que contribua para o progresso da Humanidade, tanto quanto para a própria
evolução moral, é dever impostergável daqueles que pautam a vida pelos códigos
de ética e de dignidade.
Evitar-se aplicar no infrator os
mesmos processos violentos de que ele usa para alcançar os seus objetivos
malsãos, constitui uma atitude de civilidade e cultura superiores.
Impedir-se a
usança de técnica da agressividade ou da corrupção, ou os métodos da punição
física, da coerção moral, da lavagem cerebral, significa utilização da Justiça
que se propõe a soerguer o infeliz, embora implicitamente aplicando-lhe as
penalidades que funcionam como terapia retificadora e edificante.
O delinquente nem sempre se
origina dos sórdidos guetos e favelas, onde fermenta o caldo de cultura da
desagregação da personalidade, locais de fomento ao crime em razão dos fatores
sócio-morais e econômicos que constringem e alucinam os que ali se encontram,
mas de muitas outras comunidades e lares dignamente constituídos.
Crimes repulsivos e hediondos,
agressões revoltantes e homicídios dantescos, furtos e roubos acompanhados de
estupros e lamentáveis perversidades, lutas físicas e chantagens impiedosas,
lenocínios e viciações toxicômanas apresentam altas e alarmantes taxas de delinquência
que oram assolam a Terra e dizimam multidões em desespero...
Diante, no entanto, de delinquentes
de tal jaez, tenta o amor fraternal, revidando-lhes a impiedade com a onda
positiva de que o amor se faz portador. No entanto, se o amor ainda não domina
os teus sentimentos, a ponto de facultar-lhe a reação não agressiva, unge-te de
compaixão e a piedade diluirá a violência que te assoma, alcançando o infrator
que te fere, apagando as marcas da mágoa que teimará por insculpir no teu
íntimo o desejo de desforço.
Não são, porém delinquentes,
somente aqueles que se armam de agressividade e, loucos, disseminam o medo, o
crime brutal, aparvalhante.
Delinquem, também, os que
exploram a ingenuidade dos jovens, arrojando-os nos antros da perdição; os que
usurpam as parcas moedas do povo, no comércio escorchante de mercadorias de
primeira necessidade; os profissionais liberais, que anestesiam a dignidade,
falseando o juramento que fizeram de prometer servir e honrar o sacerdócio que
abraçam, indiferentes, porém, aos problemas dos clientes, protelando suas
soluções à custa de largas somas com que constroem sólidas fortunas, apesar de
transitórias; os que espalham ondas de inquietação, urdindo tramas que aliciam
outros partidários de emoção afetada; os que traem os afetos que lhes dedicam
confiança e respeito; os maus administradores, que malversam os valores
públicos e deles se utilizam a benefício próprio, dos seus êmulos e pares; os
que conspiram, à socapa, contra as obras de benemerência e amor; e muitos,
muitos outros que são arrolados como dignos de bom conceito e que, certamente,
não cairão incursos nas legislações humanas, porque disfarçados de homens
probos, bem aceitos e acatados...
Eles, todavia, sabem das
próprias culpas, que dissimulam com habilidade.
A consciência despertará, por
mais se demore em conivência com a má aplicação dos recursos da inteligência e
da saúde de que se fazem dotados.
Não lograrão fugir de si mesmos,
nem se liberarão dos conflitos que se lhes instalaram na alma.
Resguarda-te do contágio da delinquência,
preservando os teus valores morais, mesmo que sejam de pequena monta; a tua
posição social, embora não tenha realce público; a tua situação econômica,
apesar de caracterizada pela pobreza; as tuas aspirações, mesmo que de pequeno
porte, ligando-te em pensamento, ao compromisso do bem, que se irradia do
Cristo, que programou para o homem e a Terra, em nome do Pai, a felicidade e a
harmonia, através de métodos de dignificação, únicos, aliás, que compensam em
profundidade e perenemente.
Os frutos da delinquência são a
loucura de largo porte, o sofrimento sem conforto, o suicídio, a morte
violenta, nefasta.
Vive, desse modo, as diretrizes
do Evangelho e nunca te esqueças que, ao defrontares um delinquente, seja em
qual circunstância for, será muito melhor ser-lhe a vítima do que seu algoz,
conforme o próprio Mestre nos ensinou com o exemplo na Cruz.
[1] https://gecasadocaminhosv.blogspot.com/2020/04/frutos-da-delinquencia-joanna-de-angelis.html
[2] SOS Família – Divaldo Pereira Franco
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