Este infográfico mostra os resultados principais do estudo que revelou a linha interestelar do fósforo, um dos blocos constituintes da vida.
[Imagem: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), Rivilla et al.; ESO/L. Calçada; ESA/Rosetta/NAVCAM; Mario Weigand]
Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/01/2020
Fósforo e vida
O fósforo, presente no nosso DNA
e nas membranas das nossas células, é um elemento essencial à vida tal como a
conhecemos.
No entanto, o modo como este
elemento chegou à Terra primordial ainda é um mistério, já que, segundo as
teorias atuais, um planeta não apresenta as condições para sua síntese em
nenhum momento de sua vida.
Esse caminho, da fonte de origem
até sua chegada a um planeta, começou agora a ser mapeado. Astrônomos
combinaram os dados do radiotelescópio ALMA e da sonda Rosetta para traçar a
viagem do fósforo, desde as regiões de formação estelar até os cometas.
É a primeira vez que as várias
peças do quebra-cabeças são encaixadas: Onde as moléculas que contêm fósforo se
formam, como é que esse elemento é transportado nos cometas e como é que uma
molécula específica pode ter desempenhado um papel crucial no início da vida no
nosso planeta.
Origem do fósforo
As observações do ALMA mostraram
que as moléculas que contêm fósforo são criadas quando estrelas massivas se
formam. Correntes de gás emitidas por essas enormes estrelas abrem cavidades
nas nuvens interestelares, e moléculas que contêm fósforo formam-se nas paredes
dessas cavidades por meio da ação combinada de choques e radiação da estrela
nascente.
O monóxido de fósforo foi a
molécula com fósforo mais abundante nas paredes das cavidades observadas na
região de formação estelar AFGL 5142.
A seguir, a
equipe concentrou-se no famoso cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, visitado pela
sonda Rosetta em 2014.
A hipótese era que, se as
paredes da cavidade colapsam para formar estrelas, em particular nas menos
massivas como o nosso Sol, o monóxido de fósforo poderia congelar e ficar preso
nos grãos de poeira que permanecem em torno da nova estrela. Se isso realmente
acontece, então estes grãos de poeira ricos em fósforo participariam da
formação de rochas e eventualmente cometas, estes últimos tornando-se os transportadores
do monóxido de fósforo.
Fósforo no cometa
E foi justamente o monóxido de
fósforo que foi detectado no cometa 67P pelo instrumento Rosina, permitindo aos
astrônomos estabelecer uma ligação entre as regiões de formação estelar, onde o
fósforo é criado, e a Terra.
"O fósforo é essencial à
vida tal como a conhecemos. Como muito provavelmente os cometas transportaram
enormes quantidades de compostos orgânicos para a Terra, o monóxido de fósforo
encontrado no cometa 67P poderá fortalecer a ligação entre cometas e a vida na
Terra," disse a astrônoma Kathrin Altwegg.
Até a missão Rosetta, os
astrônomos também acreditavam que a água da Terra poderia ter sido trazida por
cometas.
Bibliografia:
Artigo: ALMA and ROSINA
detections of phosphorus-bearing molecules: the interstellar thread between
star-forming regions and comets
Autores: V. M. Rivilla, M.
N. Drozdovskaya, K. Altwegg, P. Caselli, M. T. Beltrán, F. Fontani, F. F. S.
van der Tak, R. Cesaroni, A. Vasyunin, M. Rubin, F. Lique, S. Marinakis, L. Testi,
ROSINA Team
Revista: Monthly Notices
of the Royal Astronomical Society
Vol.: 492,
Issue 1, Pages 1180-1198
DOI:
10.1093/mnras/stz3336
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