Divaldo Pereira Franco
À medida que a criatura humana
vem desenvolvendo as suas nobres funções intelecto-morais, libera-se dos
instintos agressivos e adquire valores que engrandecem a vida, dando-lhe
sentido e significado.
Periodicamente, porém, surgem
momentos difíceis no crescimento histórico da sociedade, quando nuvens escuras
geram situações lamentáveis de incompreensões e disputas, nas quais o ego
predomina, facultando que as paixões inferiores apenas adormecidas assomem e
agridem-se os indivíduos, uns aos outros.
Estamos vivendo um desses
períodos sombrios, no qual prevalecem a insensatez e o ódio, com incidentes de
conduta primitiva que deveria estar superada.
Questões sociopsicológicas
necessitadas de orientação e equilíbrio, dividem as criaturas e atiram-nas,
furibundas, em batalhas de anarquia, destruição e crimes de todo porte.
Conquistas grandiosas do
pensamento que foram logradas em milênios de sacrifícios, quando idealistas
fizeram-se mártires em benefício do mundo melhor, são desprezadas e
vergonhosamente exaltadas as lutas de classes, de raças, de condutas, de
desconsideração pelo ético e pelo bem, num vergonhoso retrocesso cultural e
moral. Indivíduos que constituem o mesmo clã, os mesmos esforços de dignificação,
separam-se e promovem combates contínuos de rancor e desforço numa lamentável
demonstração de primarismo evolutivo.
Os primeiros sinais dessa
postura adversária do progresso, manifestam-se nas carrancas do semblante e na
arbitrariedade do comportamento.
Alucinados pelos desejos
asselvajados desejam permitir-se tudo sem respeito aos outros e às leis
estabelecidas que contestam e a sociedade como um todo retorna aos mecanismos
da sobrevivência apoiados no velho refrão cada um por si, e nada para os demais.
Apesar da situação deplorável,
surgem nos movimentos da violência e da soberba, as expressões insuperáveis da
gentileza prenunciadora da paz.
Erguem-se pessoas simples ou
enobrecidas que não se permitem perder a dignidade no caos que predomina, preservando
os valores da civilização e do direito.
São esses apóstolos do bem que
mantêm as tradições da honra e do dever, sempre dispostos a construir a
felicidade onde se encontram assim como em favor de todos aqueles que a
necessitam.
Nesse báratro assustador
preserva a gentileza nos teus gestos e nos relacionamentos, porque o ser humano
está destinado às estrelas, que alcançará quando superar o primarismo do qual
se originou.
Todos, afinal de contas,
anelamos pela paz e pelo progresso.
Comecemos nos pequenos gestos de
cortesia e de afabilidade…
Não reajamos com grosseria ao
mal, nem nos detenhamos no exame das imperfeições alheias, orientando sempre a
conduta que dignifica.
Gentileza sempre!
Artigo publicado no jornal “A Tarde”, coluna Opinião, 14 de
novembro 2019.
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