quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

ESPÍRITO LIVRE[1]



Miramez

O que é a alma, nos intervalos das encarnações?
‒ Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera.
Qual poderá ser a duração desses intervalos?
‒ De algumas horas a alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente falando, limite extremo determinado para o estado errante, que pode prolongar-se por muito tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem sempre a oportunidade, cedo ou tarde, de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.
Essa duração está subordinada à vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação?
‒ É uma consequência do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, mas para alguns é também uma punição infligida por Deus. Outros pedem o seu prolongamento para prosseguir estudos que não poderia ser feitos com proveito a não ser no estado de Espírito.
Questão 224/O Livro dos Espíritos

Chamamos o Espírito, quando fora do corpo, de Espírito livre, no entanto, é bom que se saiba o que é liberdade, no sentido que falamos. A liberdade cresce com o crescimento da alma em todos os planos da existência. Todos os aspectos da liberdade, para as criaturas de Deus, têm limites; somente para o Criador, desaparecem as fronteiras.
Já dissemos antes que os intervalos da reencarnação são sem limites. Não podemos precisar uma quantidade de anos para que o Espírito volte a um novo corpo de carne, pois nesse processo atuam muitas leis, como a sua própria vontade, e Deus é tão bom que tolera e mesmo aceita, até certo ponto, as escolhas das almas.
Diz-nos O Livro dos Espíritos que o intervalo pode durar desde algumas horas até milhares de séculos. Que não cheguemos a tanto, porque a maioria dos Espíritos obedece a inspiração dos benfeitores espirituais, que os aconselham num certo preparo, para depois tomarem novos aparelhos fisiológicos, com etapas diferentes das que tiveram. Em muitos casos, encontram-se com pessoas diferentes, formando, assim, novos laços de amor e de fraternidade.
A formação das colônias espirituais é justamente para orientá-los neste sentido, de maneira a aproveitar o tempo na obediência às leis naturais. Quando lançamos uma semente ao solo, a razão nos pede para esperar um pouco para que ela desabroche e cresça, dando frutos. Assim também, nesse ritmo de ideias, é a alma. Ela é semente de Deus que deve ser lançada na carne, quantas vezes forem necessárias, objetivando o aprimoramento da consciência e a grandeza do coração.
A afluência dos dons espirituais nos aparecem com mais nitidez pelas trocas das vestes carnais. As experiências nesse sentido vicejam com mais intensidade. É a luz que se põe em cima da mesa, como sendo a nossa consciência. O Espírito, quando toma a carne, é como se carregasse uma cruz, que deve suportar por toda a existência, onde milhares de problemas o afligem e outro tanto de dores vêm esmagar o vaso da sua mente, para que desabroche do centro da vida o perfume do amor.
O Espírito somente se libertará pelo conhecimento da verdade, não só em estudos de inumeráveis teorias, mas quando passar a vivê-las no plantio de cada dia. A demora em reencarnar-se pode ser uma punição, pelo mau uso que se fez das qualidades espirituais recebidas do Criador. O sentido primordial da vida, em todos os campos da Criação, é despertar as qualidades nobres da consciência, para que o coração seja o canal da intuição, por onde possa falar o Cristo interno de cada criatura.
Existe em nós uma profusão de luzes que falam por si, falam da existência do Criador, bem como anunciam uma grande esperança para todas as almas da Terra, ao revelar que temos um guia que não nos deixa órfãos. O Espírito, quando na carne, fica tolhido nas suas faculdades mais íntimas, de modo que em todas as novas reencarnações começa o exercício do aprimoramento espiritual, e em cada uma delas é certo que as possibilidades de evoluir são melhores, desde quando se esforce progressivamente.
A Doutrina dos Espíritos é, pois, uma bênção de Deus, é a escola que deixamos de frequentar depois da desencarnação, por sairmos da carne já sabendo as primeiras lições das leis vigentes no mundo espiritual. Eis porque descem constantemente lições e mais lições pelos processos mediúnicos, facilitando, assim, a todos os de boa vontade para a realidade de que o Espírito continua vivendo mais depois do túmulo.
Apeguemo-nos a Jesus, que nunca erraremos o caminho para Deus.




[1] Filosofia Espírita – Volume 5 – João Nunes Maia

Nenhum comentário:

Postar um comentário