Miramez
O que é a alma, nos intervalos das encarnações?
‒ Espírito errante,
que aspira a um novo destino e o espera.
Qual poderá ser a duração desses intervalos?
‒ De algumas horas a
alguns milhares de séculos. De resto, não existe, propriamente falando, limite
extremo determinado para o estado errante, que pode prolongar-se por muito
tempo, mas que nunca é perpétuo. O Espírito tem sempre a oportunidade, cedo ou
tarde, de recomeçar uma existência que sirva à purificação das anteriores.
Essa duração está subordinada à vontade do Espírito, ou
lhe pode ser imposta como expiação?
‒ É uma consequência
do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem, mas para
alguns é também uma punição infligida por Deus. Outros pedem o seu
prolongamento para prosseguir estudos que não poderia ser feitos com proveito a
não ser no estado de Espírito.
Questão 224/O Livro dos Espíritos
Chamamos o Espírito, quando fora
do corpo, de Espírito livre, no entanto, é bom que se saiba o que é liberdade,
no sentido que falamos. A liberdade cresce com o crescimento da alma em todos
os planos da existência. Todos os aspectos da liberdade, para as criaturas de
Deus, têm limites; somente para o Criador, desaparecem as fronteiras.
Já dissemos antes que os
intervalos da reencarnação são sem limites. Não podemos precisar uma quantidade
de anos para que o Espírito volte a um novo corpo de carne, pois nesse processo
atuam muitas leis, como a sua própria vontade, e Deus é tão bom que tolera e mesmo
aceita, até certo ponto, as escolhas das almas.
Diz-nos O Livro dos Espíritos que o intervalo pode durar desde algumas
horas até milhares de séculos. Que não cheguemos a tanto, porque a maioria dos
Espíritos obedece a inspiração dos benfeitores espirituais, que os aconselham
num certo preparo, para depois tomarem novos aparelhos fisiológicos, com etapas
diferentes das que tiveram. Em muitos casos, encontram-se com pessoas
diferentes, formando, assim, novos laços de amor e de fraternidade.
A formação das colônias
espirituais é justamente para orientá-los neste sentido, de maneira a aproveitar
o tempo na obediência às leis naturais. Quando lançamos uma semente ao solo, a razão
nos pede para esperar um pouco para que ela desabroche e cresça, dando frutos.
Assim também, nesse ritmo de ideias, é a alma. Ela é semente de Deus que deve
ser lançada na carne, quantas vezes forem necessárias, objetivando o
aprimoramento da consciência e a grandeza do coração.
A afluência dos dons espirituais
nos aparecem com mais nitidez pelas trocas das vestes carnais. As experiências
nesse sentido vicejam com mais intensidade. É a luz que se põe em cima da mesa,
como sendo a nossa consciência. O Espírito, quando toma a carne, é como se carregasse
uma cruz, que deve suportar por toda a existência, onde milhares de problemas o
afligem e outro tanto de dores vêm esmagar o vaso da sua mente, para que
desabroche do centro da vida o perfume do amor.
O Espírito somente se libertará
pelo conhecimento da verdade, não só em estudos de inumeráveis teorias, mas
quando passar a vivê-las no plantio de cada dia. A demora em reencarnar-se pode
ser uma punição, pelo mau uso que se fez das qualidades espirituais recebidas
do Criador. O sentido primordial da vida, em todos os campos da Criação, é despertar
as qualidades nobres da consciência, para que o coração seja o canal da intuição,
por onde possa falar o Cristo interno de cada criatura.
Existe em nós uma profusão de
luzes que falam por si, falam da existência do Criador, bem como anunciam uma
grande esperança para todas as almas da Terra, ao revelar que temos um guia que
não nos deixa órfãos. O Espírito, quando na carne, fica tolhido nas suas faculdades
mais íntimas, de modo que em todas as novas reencarnações começa o exercício do
aprimoramento espiritual, e em cada uma delas é certo que as possibilidades de
evoluir são melhores, desde quando se esforce progressivamente.
A Doutrina dos Espíritos é,
pois, uma bênção de Deus, é a escola que deixamos de frequentar depois da
desencarnação, por sairmos da carne já sabendo as primeiras lições das leis vigentes
no mundo espiritual. Eis porque descem constantemente lições e mais lições
pelos processos mediúnicos, facilitando, assim, a todos os de boa vontade para
a realidade de que o Espírito continua vivendo mais depois do túmulo.
Apeguemo-nos a Jesus, que nunca
erraremos o caminho para Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário