Nascido no dia 11 de abril de
1875, na Ilha da Madeira, Portugal e desencarnado no dia 11 de fevereiro de
1957, no Brasil.
João Leão Pitta fez os seus
primeiros estudos em sua terra natal, cursando um colégio particular e
alcançando um grau de instrução equivalente ao nosso curso secundário.
Terminados esses estudos deliberou ir para o continente a fim de se aperfeiçoar
e escolher uma carreira.
Nessa altura surgiu um
imprevisto: seus pais alimentavam a ideia de fazer com que ele seguisse a
carreira eclesiástica e se ordenasse padre católico.
Entretanto, a sua propensão era
norteada no sentido de ser admitido na marinha portuguesa. Não conseguindo
estudar o que aspirava, veio para o Brasil sem o consentimento de seus pais,
aportando no Rio de Janeiro com apenas 16 anos de idade e com quatrocentos réis
no bolso.
Não tendo conhecidos nem
parentes, empregou-se numa padaria, onde, pelo menos, tinha acomodação e
alimentação. Não se sentindo bem na antiga Capital Federal, deliberou
transferir-se para a cidade de Piracicaba, no Estado de S. Paulo, onde se casou
com D. Maria Joaquina dos Reis, de cujo consórcio teve 12 filhos.
Posteriormente voltou para o Rio de Janeiro, onde se ocupou da profissão de
tecelão, chegando a ser contramestre da fábrica.
Um acontecimento, no entanto,
mudou o rumo de sua vida. Uma de suas filhas ficou bastante doente, e ele, sem
recursos para sustentar sua numerosa prole e atender à enfermidade da filha,
resolveu procurar um Centro Espírita.
Não estava animado do propósito
de haurir os benefícios doutrinários do Espiritismo, mas sim, de obter a cura
de sua filha. Foi ali que conheceu um médium receitista.
Pitta tinha o hábito de
discutir. Porém, o médium não admitia discussões com referência à Doutrina
Espírita e deu-lhe alguns livros para que os lesse.
Fez as primeiras leituras com
manifesta má vontade, mas, aos poucos, foi tomando interesse e estudou as obras
básicas da codificação kardequiana.
Com a desencarnação de três de
suas filhas, vítimas de uma epidemia, sua esposa, cumulada de profundos
desgostos, fez com que a família voltasse de novo para Piracicaba. Conhecedor
do Espiritismo, não perdeu tempo e logo descobriu que, na cidade, as reuniões
espíritas eram realizadas mais por curiosidade de que por apego aos estudos.
Tomou então a deliberação de conclamar alguns amigos, demonstrando-lhes a
responsabilidade moral de cada um, após o que conseguiu, em companhia de outros
confrades, compenetrados do caráter sério e nobilitante da Doutrina dos
Espíritos, fundar, no ano de 1904, a "Igreja Espírita Fora da Caridade não
há Salvação", a pioneira das instituições espíritas da cidade.
Logo após a fundação do Centro
Espírita, o clero católico moveu-lhe acerba campanha e, como decorrência não
conseguiu emprego na cidade e ficou sem crédito por mais de um ano. Todos lhe
negavam serviço, apesar de ser homem honesto e trabalhador. Nesse período
crítico de sua vida, sua esposa costurava para ganhar algum dinheiro,
conseguindo assim amparar a família e superar a crise.
Logo após, conseguiu arranjar
emprego numa loja de ferragens de propriedade de Pedro de Camargo, que mais
tarde se tornou o famoso Vinícius. Nessa firma trabalhou durante 20 anos,
chegando a ser sócio interessado, tal a sua operosidade e honestidade a toda
prova.
Nos idos de 1926 a 1929, como
pretendesse melhorar sua situação econômico-financeira, a fim de propiciar
melhor educação para seus filhos, instalou uma fábrica de bebidas. Tudo ia bem.
Porém, como estivesse sempre pronto a atender aos amigos e aos necessitados,
impulsionado pelo seu bom coração, acabou perdendo tudo, mais de duzentos
contos de réis, verdadeira fortuna naquele tempo. Viu-se então face à dura
contingência de hipotecar sua própria moradia, perdendo-a por excesso de amor
ao próximo.
Em 1930, resolveu trabalhar na
divulgação do Espiritismo, fazendo propaganda e angariando assinaturas para a
"Revista Internacional de Espiritismo" e para o jornal "O
Clarim". Deixou o convívio sossegado de seu lar, de seus filhos, para
viajar pelo Brasil, percorrendo centenas de cidades, pregando o Evangelho e
disseminando aquelas publicações e as obras espíritas do grande missionário que
foi Cairbar Schutel.
Em todas as cidades por onde
passava, fazia suas pregações doutrinárias.
Profundo conhecedor dos textos
evangélicos, esmiuçava-os com profundidade e com bastante clareza, tornando-os
inteligíveis para todos.
Quando falava, suas palavras
eram cadenciadas e precisas.
Nessa obra missionária viveu 21
anos ininterruptos, percorrendo vários Estados do Brasil, notadamente Goiás,
Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os transportes por ele
utilizados eram dos mais precários. Muitas vezes fazia longas caminhadas a pé,
a cavalo, de trem, de caminhão e de ônibus, alimentando-se e dormindo mal.
Tinha imenso prazer em atender aos convites que lhe eram formulados e,
sentindo-se sempre inspirado pelo Alto, levava o conhecimento de "O Evangelho Segundo o Espiritismo"
a milhares de pessoas e lares. Fez milhares de conferências em Centros
Espíritas, praças públicas e cinema.
Nessas extensas caminhadas,
algumas de muitos quilômetros, auxiliava os mais necessitados com os recursos
que ia amealhando. Socorria muitas pessoas, sem distinção de crença religiosa,
dando-lhes dinheiro para consultar médicos, comprar óculos, adquirir
mantimentos e para outros fins.
Era modesto no trajar. Possuía
longas barbas brancas e a criançada o chamava de Papai Noel, pois também sabia
brincar com as crianças e orientá-las.
Sofria sempre calado, sem
lamúrias, cônscio de que os sofrimentos na Terra são oriundos de transgressões
cometidas em vidas anteriores.
Com a idade de 75 anos, foi
acometido de pertinaz enfermidade e submetido a delicada intervenção cirúrgica,
vindo a desencarnar seis anos mais tarde.
João Leão Pitta deixou várias
monografias inéditas.
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