Nascido em São Paulo, no dia 6
de janeiro de 1850 e desencarnado no dia 19 de agosto de 1929, com a idade de
79 anos.
Muito jovem dedicou-se aos
trabalhos altruísticos ao lado da grande missionária Anália Franco, fazendo as
escritas fiscais de mais de 70 obras assistenciais por ela fundadas no Estado
de São Paulo, abrangendo Escolas Maternais, Escolas Elementares, Albergues
Noturnos, Colônia Regeneradora, vinte e três lares para crianças abandonadas e
um Patronato Agrícola.
A convivência de Anália Franco e
Francisco Antônio Bastos no trabalho cristão e espírita da assistência social
era tão antigo que, no ano de 1906, apesar de ambos terem mais de 50 anos de
idade, resolveram casar-se, unindo assim os seus esforços para que a obra não
viesse a sofrer solução de continuidade.
No decurso da 1ª Guerra Mundial
profunda crise avassalou as instituições mantidas pelo casal, devido aos cortes
nas subvenções oficiais e outros auxílios recebidos da população. Essa situação
de emergência fez com que o casal promovesse extensa excursão artística pelas
cidades do interior do Estado, levando a "Banda Musical Feminina Regente
Feijó", composta por suas educandas e por um Grupo Dramático formado pelas
participantes da "Colônia Regeneradora D. Romualdo". Deste modo foram
conseguidos os recursos necessários para a manutenção daquelas instituições:
duzentos e trinta contos de réis, pequena fortuna naquela época.
Anália Franco, que após o seu
consórcio acrescentou ao seu nome o sobrenome Bastos, imortalizou-se como
figura máxima de mulher dedicada e bondosa, conseguindo projetar seu nome em
todo o Brasil, dado o seu trabalho infatigável e entrecortado de idealismo.
Francisco Antônio Bastos foi o seu assessor mais dedicado, desde os primórdios
do seu trabalho, apagando-se na humildade e dando os mais vivos testemunhos na
singular prova de amor espiritual, que o ligava àquela renomada seareira.
Após a desencarnação de Anália,
ocorrida no dia 13 de janeiro de 1919, como prova de sua dedicação e afeto, fundou
o "Asilo de Órfãos Anália Franco", na cidade mineira de Juiz de Fora,
fato ocorrido em junho desse mesmo ano, tudo com o objetivo de perseverar na
difusão dos benefícios que sua esposa se acostumara a realizar e dos quais o
seu magnânimo coração era vasto celeiro.
Na cidade de Juiz de Fora sofreu
a incompreensão da população.
Encontrou na cidade a mais tenaz
resistência, pois dada a sua condição de espírita, esbarrou com a intolerância
religiosa ali prevalecente. O povo somente acatava solicitações feitas pela
religião majoritária. Batalhador infatigável, sofreu toda a sorte de
perseguições, inspiradas pelo pároco da igreja local, vendo-se finalmente na
dura contingência de transferir a sede da instituição para o Rio de Janeiro, onde
se instalou em maio de 1922, no bairro do Méier.
Com a ajuda de um grupo dedicado
de auxiliares, conseguiu receber o apoio irrestrito de muitos, e sem qualquer
espírito de hegemonia, elevou a simpática instituição a uma situação bastante
privilegiada.
Com o decorrer do tempo
conseguiu adquirir bela e acolhedora casa na Rua da Figueira, hoje Avenida
Marechal Rondon, no bairro do Rocha, onde a instituição se consolidou de forma
definitiva.
É digno de registro que a
fundação do Lar dos Órfãos em Juiz de Fora, como salutar exemplo de
desprendimento desse grande apóstolo da caridade, deve-se inteiramente ao
montepio legado por sua esposa, na importância de dezesseis contos de réis que,
num gesto liberal muito do seu feitio, doou à instituição, fazendo questão que
essa doação constasse de uma das atas de sua diretoria, lavrada em fins de
1922.
Francisco Antônio Bastos era
intimorato empreendedor de obras sociais, deixando entrever o seu espírito
sonhador, arguto e realizador, assessorando Anália Franco na disseminação de
numerosas obras assistenciais que passaram a constituir uma das mais
monumentais realizações da época.
Contagiado pelo espírito de luta
de sua companheira desencarnada, ele adquiriu a virtude de tudo vencer sem
esmorecimento. Organizou numerosas instituições espíritas onde atuou como
dirigente; editou duas revistas: "Nova Revelação" e "Natalício
de Jesus", tornando-se o seu redator-chefe, órgãos esses que pertenciam à
Colônia Regeneradora D. Romualdo. Sua incrível operosidade, espírito de sacrifício,
energia e perseverança no bem, traduziram-se em autênticas conquistas
espirituais. Foi também dedicado trabalhador no campo da difusão doutrinária do
Espiritismo, proferindo conferências e encetando tarefas de diversos matizes.
Foi verdadeiro "pai" para as crianças abrigadas no "Anália
Franco", as quais o estimavam e respeitavam sobremaneira, dispensando-lhe
carinho e gratidão.
Seu regresso ao plano espiritual
foi precedido de insidiosa enfermidade que o prendeu ao leito por vários dias.
O venerando velhinho de longas barbas e grande coração foi autêntico seguidor
de Jesus Cristo, pois tudo o que fez ele, aprendeu a fazê-lo nas páginas dos
Evangelhos, assim como os consoladores ensinamentos que sabia espargir, ele os
assimilou nas obras básicas da Doutrina Espírita.
(Subsídios fornecidos por Antônio de Souza Lucena)
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